O vírus também tira férias no Natal!
É só o que me apraz dizer sobre as medidas adoptadas para esta quadra festiva.
Vejo tanta gente, e o próprio governo, com uma extrema preocupação com o Natal dos portugueses e das famílias, como se muitas dessas pessoas valorizassem, realmente, o verdadeiro sentido do Natal.
Parece que tem que haver Natal, dê por onde der, ou o mundo acaba. E, então, é ver apertar as medidas antes, para afrouxar nessa época, e voltar depois a apertar.
É quase como quem faz dieta o ano todo, para se estragar no Natal. E, a seguir, corre atrás do prejuízo, com um regime ainda mais intenso para perder os quilos extra, e acabar com o sentimento de culpa.
Aliás, o governo dá a ideia de que o vírus tem dias, horas, ou épocas específicas para atacar.
Ora vejamos. Dois feriados em Dezembro, em que o governo fecha as escolas à segunda-feira, e dá tolerância de ponto à função pública, para que possam aproveitar dois fins de semana prolongados. Que, pessoalmente, até deram jeito. Mas não deixaram de interferir com apresentações de trabalhos escolares e testes já marcados.
No entanto, antecipar as férias de Natal dos estudantes, numa semana em que, supostamente, já nem sequer há testes, isso não. Claro que não!
Entretanto, se até aqui as reuniões familiares eram o principal foco de contágio, e deviam ser evitadas, agora no Natal já não há problema. Tudo pelo Natal!
Ainda que com algumas recomendações. Que, obviamente, não serão cumpridas.
Porque, se é para haver Natal, se tudo se fez para salvar o Natal, então há mais é que aproveitá-lo.
E Natal, para aqueles que gostam de o celebrar, é sinónimo de beijos, abraços e afectos. É sinónimo de horas à mesa, a degustar as iguarias e à conversa. É sinónimo de crianças a brincar, e ansiosas pelos presentes.
É sinónimo de aconchego, à lareira.
Nem sei porque é que permitem que os restaurantes abram à noite, sendo o Natal, por norma, uma celebração caseira.
Ah, mas na passagem de ano, esqueçam. Vai ter todas as restrições. Que, afinal, não parecem assim tantas quanto apregoavam.
Depois, em Janeiro, logo se vê.
Logo se vê se os portugueses se portaram bem. Se foram responsáveis. Se souberam aproveitar a "liberdade condicional" que lhes foi concedida, ou se voltam para a "prisão", de castigo, por mau comportamento.
Com sorte, pode ser que o vírus também tenha tirado férias de Natal, e dê uma folga ao pessoal, voltando em 2021 ao ataque!
Imagem: alvorada