Estreou a 4ª temporada de The Good Doctor
e os dois primeiros episódios foram dedicados à Covid-19
Sim, ando alguns meses atrasada!
A verdade é que a 4ª temporada da série The Good Doctor já estreou em Novembro, no AXN.
Mas só este fim de semana, e por mero acaso, enquanto me preparava para ver uma outra série (também ela descoberta com atraso), é que me apercebi que já tinha cerca de 8 episódios desta nova temporada gravados!
E não poderia ter começado da melhor forma, com os dois primeiros episódios a abordar a pandemia que vivemos na vida real - a Covid-19.
Sim, já estamos fartos da pandemia. A nossa vida já está toda virada do avesso por conta dela. Já temos o suficiente, para ainda termos que levar com ela na ficção.
Mas, talvez através da ficção, algumas pessoas tomem outra consciência do que a pandemia provoca, não só a quem está deste lado, mas também através dos médicos e enfermeiros que estão do lado de lá.
Esta foi a primeira produção de ficção que vejo a abordar o tema. Não sei se já existem outras.
Na série, a pandemia parece ultrapassada (ou pelo menos controlada), ao fim de menos de 20 semanas. Infelizmente, a realidade é muito diferente, e já devemos ter passado as 52 semanas, sem previsões de melhorias.
Apesar das várias medidas implementadas naquele hospital, pareceu-me que, ainda assim, andava tudo ainda relativamente descontraído, até mesmo em questões simples como o uso da máscara que, em vários momentos, tiravam para falar com os familiares dos doentes. Não me parece que a realidade seja assim.
Foram apenas dois episódios. Que bastaram para passar a mensagem, e deixar o apoio e apelo ao respeito por todos os profissionais de saúde, e outros que se mantêm a zelar para que os restantes possam ficar protegidos.
Vemos a facilidade com que um simples gesto, do dia a dia, pode contribuir para disseminar o vírus. O desconhecimento sobre a doença, ao início, e a facilidade com que se fazem falsos diagnósticos e triagem, podendo colocar outras pessoas em perigo.
Vemos o receio, a impotência. O stress pela distância dos que amamos, para sua protecção. O stress pela proximidade forçada a que as pessoas não estavam habituadas, e os estragos que podem fazer nas relações.
Vemos pacientes ligados a ventiladores. Quase sempre, precedidos da morte. A despedida das famílias por telemóvel.
Pessoas que, aliadas à Covid-19, têm outras doenças que complicam todo o quadro, e a recuperação.
Mas também vemos doentes que recuperam, que se salvam, que saem do hospital, sob aplausos que celebram a vitória sobre o vírus.
Vemos esperança!
A série questiona "How do you heal a world turned upside down?", ou seja, como curamos um mundo virado do avesso?
Fazendo a nossa parte. E deixando os outros fazerem a sua parte. Penso que ainda estamos a aprender, a cada dia, como fazê-lo.
E, tal como um médico não desiste de tentar tudo o que for possível para curar um paciente, ainda que o resultado, no fim, seja a sua morte, também nós não podemos desistir de tentar "curar" este nosso mundo, que neste momento está de pernas para o ar, a piorar em vez de melhorar, mas que sem a nossa luta, provavelmente, nunca se restabelecerá.
Voltando à série, e ultrapassando a pandemia, vamos continuar a ter tudo aquilo a que mesma já nos habitou: ultrapassar o passado, lidar com o presente, manter a pensamento positivo, e fazer a vida valer a pena.
Com decisões difíceis de tomar, novos membros na equipa para ajudar, e para ser ajudados, e as mesmas "disputas" de sempre entre os mais antigos.
Com inseguranças, com aceitação, com escolhas.
E, para quem, como eu, ficou chateada com a morte de Neil Melendez, ele vai aparecer no início desta temporada, em modo "fantasma", para uma despedida a sério, de todos nós, e de Claire!