Se há muita gente que gostaria de fazer parte de uma tripulação, enviada numa nave espacial, para descobrir mais sobre o universo, outras há que preferem ter os pés bem assentes na Terra!
Mas, claro, fica sempre aquela curiosidade...
Foi essa curiosidade que levou a que se criasse uma espécie de simulador avançado que recria, de forma muito aproximada à realidade, uma viagem espacial, desde o lançamento do foguetão, até à sua estabilização, para lá da Terra, em pleno espaço, e o respectivo regresso ao nosso planeta.
Era a mais recente atracção a nível de realidade virtual, e das mais procuradas, naquele momento.
E era para lá que se dirigia aquele grupo de amigos que, sem marcação, arriscou ir na mesma, esperando poder viver a experiência de que tanto ouvira falar.
A atracção situava-se junto à agência espacial, para imitar o mais possível um ambiente real.
À chegada, tiveram que esperar para ver se haveria alguma hipótese de entrar, uma vez que tinham decidido em cima da hora.
Enquanto isso, numa outra sala...
- O que te parece?
- Agora?
- Porque não? Temos tudo preparado. Eles querem. E nós podemos fazê-lo.
- Sim... Parece um bom grupo. Ok. Avança, então. Mas dá-lhes o treino prévio.
De volta à recepção...
- Podem entrar. Como não têm marcação, vão fazer a experiência no nosso simulador extra, que fica do outro lado. O meu colega já vos vem trazer os fatos, e dar todas as indicações.
E, assim, devidamente equipados, dali a meia hora, lá estavam eles, animados e ansiosos, a bordo da nave espacial, prestes a viver uma experiência inesquecível.
A adrenalina começou assim que ouviram a contagem decrescente, e sentiram o impacto dos propulsores a impelir o foguetão.
De repente, já não estremeciam. Já não sentiam a velocidade. Estavam em órbita. A vista, quando se atreveram a olhar para fora, provocava-lhes uma certa claustrofobia mas, ao mesmo tempo, era de cortar a respiração.
O técnico que lhes deu o treino tinha dito que iriam andar por ali cerca de uma hora, antes de regressarem, pelo que aproveitaram ao máximo para apreciar o que iam vendo.
Não tinham, propriamente, uma noção do tempo. Todos os seus pertences, incluindo relógios e telemóveis, tinham ficado guardados num cacifo.
Mas, a determinada altura, começou-lhes a parecer que já estaria na hora de voltar. Só que não havia sinais de que isso fosse acontecer.
Um dos amigos lembrou-se de accionar os comandos de comunicações, que lhes tinham sido indicados, e tentar perceber o que se passava.
Foi, então, que ouviram a voz daquilo que lhes parecia um assistente virtual:
"Bem vindos a bordo da Futurex! Daqui a 260 dias chegaremos a Marte, completando a missão que teve início hoje! Em que vos posso ser útil?"
- Estão a brincar, certo?
- Isto ainda faz parte da experiência, de certeza!
- Podes levar-nos de volta? - perguntou, um deles, ao assistente.
- A programação só permite o retorno daqui a 300 dias.
- E como se reprograma? - voltou a perguntar.
- Não é possível reprogramar sem os códigos de acesso.
- E quem tem esses códigos?
- O centro operacional, de onde acabámos de partir.
- Como podemos comunicar com o centro de controlo?
- A nave só permite recepção de comunicações, não o envio.
- E não há outra forma de contornar a questão dos códigos?
- Sim, pode-se fazer reprogramação manual. Mas, aí, o centro operacional deixa de ter controlo, e estão por vossa conta.
E a comunicação desligou automaticamente. Estavam entregues a si próprios. Se o arrependimento matasse...
Uma semana depois, na Terra, passava na televisão:
"Continuam desaparecidos quatro jovens, entre os 20 e os 25 anos, sem ter deixado qualquer rasto. Foram vistos, pela última vez, nesta estrada, mas até agora não foi possível encontrar o veículo, nem qualquer outra pista...."
E agora, que final decidiriam para esta história?
1 - Seria mesmo uma experiência da agência espacial, que utilizou os jovens como cobaias, tal como já tinha feito outras vezes.
2 - Tudo aquilo faria ainda parte da experiência virtual, e acabaram por perceber isso dali a poucos minutos.
3 - Não passou tudo de um pesadelo!