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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"Perdeste o Meu Nome", de Ricardo Mota Pereira

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Existem duas formas de reagir ao amor:

Ou se corre para ele. Ou se foge dele.

Ou se abre os braços para o receber. Ou se fecha a porta, para não o deixar entrar.

O amor pode ser comunhão, ou conflito.

Ou ele acalma, ou ele desassossega.

Ou ele faz bem, ou gera mal estar.

Mas uma coisa é certa: para ele florescer e se fortalecer, têm que ser dois a querer.

 

E, nesta história, a maior parte dos protagonistas está numa dança solitária, que o par parece não estar disposto a dançar.

 

Fernando e Alice têm uma relação há vários anos.

Ele ama-a. Faz tudo por ela. É capaz de tudo, por ela. Até anular-se. O que leva a suspeitar antes de uma obsessão. Ou libertá-la, o que confirma o seu amor.

Ela, acredita que o ama.

Alice vai ser operada a um tumor no cérebro e, após a cirurgia, começa a tratar Fernando de forma diferente. Nada é como antes.

Ou, acredito eu, já nada era, antes da cirurgia, mas Alice andava a adiar o inevitável. 

E a cirurgia foi a desculpa perfeita.

A história leva-nos a crer que Alice tem medo de não sobreviver à delicada operação a que vai ser submetida. Não digo que não. Mas havia, também, a certeza do que aconteceria após a cirurgia.

O saber que, ultrapassada aquela barreira, se sobrevivesse, não haveria mais desculpas, e tudo o que tinha estado a conter, correria livre e sem barreiras.

Alice era amada, mas não sabia aceitar esse amor. Nem, talvez, amar. 

 

Num outro núcleo, Teresa amava.

E Pedro, parecia começar a saber o significado disso. E o peso do amor que ameaçava surgir, também, da parte dele.

Mas não sabia lidar com isso. E, por isso, antes que o amor o matasse, matou ele o amor.

 

Amélia amava António.

António, à sua maneira, amava Amélia.

Mas, então, por força das circunstâncias, Ana entrou nas suas vidas. Ou foram eles que entraram na vida dela.

E, desde então, Amélia desistiu do seu amor.

Ana começou a amar António, mas António fugiu desse amor.

No fim, restou o amor puro, e genuíno, de uma mãe, pelo seu filho, seja ele de sangue ou não.

Um filho que lhe foi tirado e que, só passados vários anos, voltou a reencontrar.

 

Poderá, no meio de tantos amores destruídos, haver um final feliz?

Amélia, que amava, morreu.

Teresa, que amava, morreu.

António, que fugiu do amor, morreu.

Pedro, ao rejeitar o amor, morreu.

Ana, morreu amando, e sentindo-se amada.

De uma forma, ou de outra, todas estas vidas, e mortes, se cruzam na história de Alice e Fernando.

 

O que estará destinado a Fernando e Alice, outrora tão unidos, agora dois estranhos?

Uma vez separados os caminhos de cada um poderão, algum dia, voltar a transformar-se num só?

Ou será cada um deles mais feliz, em caminhos separados?

 

Pessoalmente, penso que o autor se dispersou por várias histórias e personagens em simultaneo, não desenvolvendo muito algumas delas, pelo que poderia ter optado por se focar mais, naquelas que mais relevância têm, em todo o enredo.

Por outro lado, foi um pouco difícil habituar-me à escrita do autor, nomeadamente quando passa da terceira pessoa, enquanto narrador, para a primeira pessoa, enquanto personagem.

Talvez por isso, apesar da questão central, não me tenha conseguido prender.

 

Sinopse

"Parada diante do mar, Alice percebe que a sua vida está prestes a mudar para sempre. Dentro da sua cabeça existe um tumor que vai ser removido nesse dia. Fernando, que a vigia à distância, deseja apenas que a sua vida volte à nor­malidade dos dias felizes. Contudo, não sabe que a Alice que ele ama desaparecerá no meio da cirurgia.

Até onde estamos dispostos a ir em nome do amor? Até onde podemos ir para não perder o centro da nossa perso­nalidade? Estas são as questões que as personagens têm de responder. Estas são as perguntas que todos fazemos em algum momento das nossas vidas."

 

 

Autor: Ricardo Mota Pereira

Data de publicação: Maio de 2021

Número de páginas: 652

ISBN: 978-989-37-0831-6

Colecção: Viagens na Ficção

Idioma: PT