Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

À Conversa com Telma Nunes

thumbnail_DSC_0019.jpg

 

A convidada de hoje é Telma Nunes, autora do romance "A Justiça do Amor", recentemente lançado.

A Telma vive no Luxemburgo, e tem várias paixões, para além da escrita.

Fiquem a conhecê-la um pouco melhor nesta entrevista!

 

 

 

k15771734.jpg

 

Para quem não a conhece, que é a Telma Nunes?

Eu sou uma pessoa que gosta de coisas simples, não gosto de complicar a vida!

Sou amiga do meu amigo, mas quem me pisa, só o faz uma vez. Prefiro perder um amigo que uma oportunidade.

Adoro motas, e a liberdade que me proporciona, quando as conduzo. A minha prioridade é, e será sempre, a minha família, que inclui os amigos mais próximos, e que conquistaram o lugar deles na minha vida e na vida dos meus filhos.

 

 

A Telma vive atualmente no Luxemburgo. O que a levou a emigrar para lá?

Emigrei para o Luxemburgo em 2011, juntamente com o meu marido e as minhas duas filhas mais velhas, porque queríamos lutar por uma vida melhor e mais desafogada do que a que tínhamos em Portugal. Penso que é a razão que leva a maioria dos emigrantes a sair dos seus países de origem.

 

 

Sendo segurança de profissão, o que de melhor, e pior, destacaria no âmbito desse trabalho, e quais as principais diferenças relativamente a Portugal?

Eu adoro o meu trabalho, já o faço desde 2007.

Muitas pessoas acham que ser segurança é só "ficar ali, sem fazer nada", mas é muito mais do que isso.

É um trabalho exaustivo e que, no meu caso, me satisfaz em plenitude em termos profissionais.

O que de melhor há nesta profissão é o facto de podermos ajudar alguém e, de algum modo, fazer uma pequena diferença na sociedade que nos rodeia.

O pior é a falta de apoio e falta de métodos de defesa.

Porque existem certos postos em que corremos riscos à nossa integridade física, muitos deles contra certas armas, brancas ou de outro tipo, e nós, seja em Portugal ou no Luxemburgo, não somos autorizados a usar qualquer tipo, nem mesmo um spray pimenta, ou um taser que, na minha modesta opinião, seria o mínimo.

No Luxemburgo, apesar de tudo, sinto-me mais apoiada pelas forças policiais, que nos veem como um apoio, e não como inimigos, como muitas vezes senti em Portugal. Friso, mais uma vez, que se trata somente da minha opinião e que não generalizo, de forma alguma.

 

 

Como surgiu a sua paixão pela escrita?

A minha paixão pela escrita existe desde sempre.

Infelizmente, todos temos problemas e, eu não sou diferente.

A minha vingança sempre foi a caneta e o papel. Os meus desabafos, medos, angústias…

Sempre achei mais fácil escrever do que falar com alguém.

Um erro, talvez, mas ao menos no papel podemos "dizer" o que nos apetece sem ferir susceptibilidades.

 

 

Quais são as suas principais referências a nível literário?

Sempre gostei de ler, mas o livro que mais me marcou até aos dias de hoje, foi ‘Os Capitães de Areia” de Jorge Amado.

Ainda me lembro do que senti, a primeira vez que o ouvi há mais de 20 anos, quando uma professora que tive na escola preparatória, tirava sempre 15 minutos do fim da aula para nos ler um pouco, durante todo o ano lectivo.

 

 

 

22137554_BRvEi.jpeg

 

“A Justiça do Amor” é a sua primeira obra. Em que/ quem se inspirou para escrever este livro?

Neste livro, tive como intenção passar algumas mensagens.

A principal, e a que está mais "acentuada", é a violência doméstica que, infelizmente, e em pleno século XXI, continua muito presente.

As vítimas continuam com medo de denunciar e muitas ainda acham que a culpa é delas.

Neste caso, quis mostrar que podemos denunciar, podemos e devemos confiar em alguém.

Outros temas que abordo são as relações familiares e a importância delas.

A homossexualidade, ou até mesmo o facto de o dinheiro não comprar tudo, porque o Miguel, por exemplo, é um bilionário que está disposto a perder tudo, por amor.

 

 

Que feedback tem recebido relativamente a esta história, por parte dos leitores?

Dos leitores tenho tido uma aceitação muito maior do que esperava.

Todos me dizem que é uma história com a qual qualquer um deles se identifica facilmente e que sentem empatia pelas personagens.

Muitos deles me dizem que se identificam com um personagem de tal forma, que é como se eu tivesse a contar a história dele próprio, quando eu nem sequer conhecia o leitor antes. É muito bom ouvir este feedback.

 

 

Na sua opinião, que justiça pode trazer o amor?

O amor pode trazer qualquer tipo de justiça se as duas partes estiverem empenhadas em fazer funcionar e remarem para o mesmo lado de forma a levar o barco a bom porto.

Não sou a pessoa que acredita no amor e numa cabana, mas sou a pessoa que acredita que quando se ama, tudo é possível e, essa cabana, pode tornar-se um lar.

 

 

Esta história aborda as marcas deixadas numa pessoa vítima de violência doméstica. Considera que, tanto a nível legal, como emocional, as vítimas ainda estão muito “entregues a si próprias”, e sem grande apoio?

Considero sim.

Infelizmente as vítimas são, muitas vezes, deixadas só com um papel na mão que diz que o(a) agressor(a) não se pode aproximar.

Dá vontade de perguntar às autoridades, então e se se aproximar, o que fazemos? Mandamos-lhe o papel à cara e ele(a) vai embora?

Acho que é pior ainda quando existem filhos no meio, e em que é decidido que, mesmo depois de provados certos maltratos, eles podem continuar a ter contacto. (Tal como acontece no meu livro).

Estou de acordo quando se diz que os filhos não têm de pagar pelos erros dos pais, mas em certos casos deveriam também ser mais protegidos.

 

 

Em “A Justiça do Amor”, o Miguel surge como a pessoa que poderá fazer renascer, em Ana, a esperança e a confiança. Na vida real, também podem existir segundas oportunidades com finais felizes?

Sem dúvida que sim.

Eu tive a minha, e acredito que mais pessoas conseguiram a felicidade e a vida que mereciam desde o início.

 

 

Outra das suas paixões é fazer tatuagens. Que desenhos ou mensagens lhe pedem, normalmente, para fazer?

Tatuagens com significados e homenagens é sempre o mais pedido, principalmente aos pais, ou aos filhos.

Algumas das vezes ao próprio cônjuge.

Eu própria tenho 15 tatuagens e não há nenhuma que não tenha um significado especial para mim.

 

 

A Telma é casada, e mãe de quatro filhos. É fácil conjugar o seu trabalho, as suas paixões e a vida familiar?

Quando se gosta do que se faz, arranja-se tempo e não desculpas.

Claro que, por vezes, para ter tempo para tudo, nós somos penalizados em horas de sono, por exemplo, mas ver o sorriso dos meus filhos nos lábios porque fomos ao cinema ou a um parque de diversões, compensa qualquer coisa.

A escrita faço quando eles já estão a dormir e, as tatuagens, quando estou de folga do trabalho e eles estão na escola.

Tento conciliar tudo o mais que posso, não esquecendo a vida de casal, que é também importante. Nada que com um pouco de organização, não seja possível.

 

 

“A Justiça do Amor” deixa o seu final em aberto. Podem os leitores contar com uma continuação desta história?

Sim, de facto “A Justiça do Amor”, terá 3 volumes.

O segundo volume sairá brevemente, pois já se encontra na fase de paginação por parte da editora e, o objectivo é lançar o terceiro volume antes da época natalícia.

Entretanto aproveito também para anunciar que a tradução para francês já está também a ser executada, mas ainda não tenho datas certas de lançamentos.

 

 

Que temas gostaria de abordar numa próxima obra?

Depois de acabar definitivamente “A Justiça do Amor”, estou a pensar abordar um tema que me afecta directamente, o facto de ter tinta no corpo.

A discriminação que sofremos é retrógrada, e muitas vezes somos prejudicados a níveis profissionais e, até mesmo pessoais, pela tinta que temos no corpo.

O facto de ser motard só ajuda a essa descriminação. O pensamento de que quem tem tatuagens é criminoso, ou não é digno de confiança, tem de mudar.

Felizmente, no Luxemburgo não somos tão discriminados como em Portugal, mas infelizmente, ainda acontece.

 

Muito obrigada, Telma!

Obrigada Marta e, gostava de esclarecer, mais uma vez, que todas as respostas que dei, são somente a minha opinião pessoal, e não são para ofender ninguém.