O que faríamos de diferente se soubéssemos o nosso "prazo de validade"?
Aquilo que de mais certo temos na vida, é a morte.
Sabemos que ela a um dia virá.
Esperamos sempre que seja muito lá para a frente, quando formos muito velhinhos.
Ou então, nem sequer pensamos nisso. Porque não queremos sofrer por antecipação. Ou porque é algo tão certo e natural que, mesmo sem dar por isso, aceitamos como dado adquirido e passamos à frente.
A partir do momento em que nascemos, é accionada uma contagem decrescente, para um final que nunca sabemos quando chegará.
Mas...
E se nos fosse permitido saber?
Se nos dissessem, exactamente, quando o nosso tempo se esgotará?
O que faríamos de diferente, se soubéssemos o nosso "prazo de validade"?
O que mudaria?
Deixar-nos-ia, essa certeza, mais descansados?
Viveríamos mais, e mais intensamente?
Aproveitaríamos mais cada minuto, cada hora, cada dia?
Faríamos tudo aquilo que, por norma, tendemos a adiar?
Daríamos mais importância ao que realmente importa?
Valorizaríamos mais os bons momentos?
Seríamos mais felizes?
Ou seria, pelo contrário, condenar-nos a uma permanente angústia?
Levar-nos a pensar constantemente no fim?
Não deixaríamos nós de viver?
Não nos entregaríamos nós à tristeza, à depressão?
Não ficaríamos nós obcecados com a nossa morte, sem aproveitar a vida?
Eu confesso que, por muito tentador que possa ser, saber quando chegará a nossa hora, prefiro permanecer na ignorância.
Prefiro não saber quando chegará esse momento.
Porque não saberia lidar com essa informação.
A não ser, claro, que estivesse doente e me restasse pouco tempo de vida.
Mas, numa situação normal, mais vale não saber quando o tempo se esgotará.