Será a vida, realmente, aleatória?
Excerto de uma conversa entre Alexis e Ander, no terceiro episódio das histórias curtas, da série Elite:
"A vida é aleatória, Ander.
Um dia tens saúde, no outro tens cancro.
Não faz sentido.
Gostamos de pensar que faz, que tudo acontece por uma razão. Mas não.
O cancro não é castigo nem a cura é um prémio.
Falamos de "vencer a batalha contra a doença".
Tretas.
Se achas que recuperaste porque lutaste e eu vou morrer...
Porquê? Não lutei o suficiente?
Perdi?
Não fuciona assim.
Mas gostamos de pensar que os nossos atos importam.
Que temos algum poder sobre o futuro.
A coisa mais fodida desta merda foi descobrir que não temos."
Será a vida, realmente, aleatória?
Será que tudo o que nela acontece é obra do acaso?
Como uma roleta russa, que nunca sabemos em que número irá calhar?
Como uma bala perdida, que nunca sabemos em quem, ou no quê, irá acertar?
Como uma bola que se tira de entre muitas?
Ou um bilhete, de entre todos os que o acompanham?
Como um sorteio permanente, em que temos tantas probabilidades de ter sorte, como de ter azar?
Será que queremos mesmo acreditar que temos algum poder, ou influência, no que quer que seja, mas não passa de uma ilusão?
De algo a que nos agarramos para ter esperança?
De algo que usamos como combustível, para não nos deixarmos ir abaixo?
Ou pelo contrário, as coisas têm, de facto, uma razão para acontecer?
Razões desconhecidas, e difíceis de entender ou explicar, que os mais cépticos se recusam a aceitar, porque tudo aquilo que os ultrapassa, e ao seu conhecimento, é visto como irreal e inexistente?
Existirá mesmo uma relação causa/efeito na vida, ou tudo acontece porque calhou acontecer?