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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Devemos proteger os jovens da realidade, ou deixá-los ver e lidar com ela?

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Dizia-me, no outro dia, alguém que, por vezes, quando as famílias iam visitar os idosos nos lares, ou instituições, acabavam por permitir que os mais novos (netos/ bisnetos) não entrassem, porque eram novos, e não tinham que ver "aquilo". 

Há também uma grande tendência, no que respeita ao falecimento de familiares, para deixar os jovens em casa, ou com alguém que possa ficar com eles algumas horas, enquanto decorre o velório e funeral, porque poderia ser demais para eles, e não estarão preparados para tal.

Outras vezes, fugimos de certos temas, e pintamos uma realidade alternativa, para mascarar aquela que existe, como a dos sem abrigo, da violência, das guerras, das fomes, da miséria.

São jovens. Têm mais em que pensar. Não precisam de lidar com a dura realidade. 

Pois...

 

Não digo que, de forma totalmente oposta, desatemos a esfregar-lhes na cara a realidade.

Que os obriguemos, de repente, a ir para as ruas, ou para onde se passam as diversas problemáticas sociais, ou cenários menos coloridos, para que saibam como a vida é.

Que os forcemos a algo para o qual não estão preparados. Por vezes, nem nós estamos preparados.

Mas também não nos caberá, somente a nós, decidir isso.

Seeia bom ouvir os jovens. Saber qual é a sua vontade. O seu desejo. Se se sentem confortáveis.

Ou não, mas ainda assim querem ver e lidar com a realidade.

 

Se calhar, mesmo sem querer, somos nós que, muitas vezes, temos mais dificuldades em encará-la, e projectamos as mesmas nos jovens.

No entanto, eles não têm que ser iguais a nós.

E, se é verdade que não há necessidade de expô-los a tudo, de um momento para o outro, também há limites para a excessiva protecção que lhes queremos dar, alienando-os da realidade que, mais cedo ou mais tarde, lhes surgirá à frente, de uma forma ou de outra.

 

 

 

 

Desafio Tema Vida

Canteiro de Ideias: Setembro 2014

 

A Célia desafiou-nos a escrever um texto sobre o tema "Vida",

no âmbito da celebração do aniversário do seu blogue.

Esta é a minha participação:

 

"A vida é como uma contagem decrescente para o seu próprio fim.

Como um cronómetro, que se liga no momento em que nos é dada, e que um dia chegará ao zero.

Como uma ampulheta, que nos diz que o tempo está a passar e que, um dia, se esgotará definitivamente.

 

Quantas vidas temos nós?

Quantas vezes poderemos parar ou reprogramar o cronómetro?

Será possível virar a ampulheta da vida ao contrário, para termos mais tempo de vida?

 

A vida é um ciclo, com princípio e fim.

Se esse ciclo se renova, ninguém sabe.

 

A vida é um caminho, que nos é permitido percorrer e explorar.

A vida é um jogo que nos é permitido jogar.

A vida é, toda ela, uma experiência.

 

É um conjunto de sentimentos. De emoções. De acontecimentos que nos marcam, e nos definem.

É um conjunto de memórias que vamos guardando. De pessoas que vamos conhecendo. De lugares e coisas que vamos descobrindo.

A vida é algo que podemos gerar, mas sobre o qual, a partir desse momento, deixamos de ter qualquer poder.

 

Viver é amar, e ser amado.

É ser feliz, e partilhar essa felicidade.

É agarrar a oportunidade, que não sabemos se voltaremos a ter.

E fazer o que de melhor conseguirmos com ela.

Porque cada vida é única, e não se voltará a repetir."

 

 

Para verem todas as participações, espreitem o blogue aniversariante Raios de Sol!

À Conversa com Sara de Almeida Leite

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A convidada de hoje é Sara de Almeida Leite, autora da coleção de livros infantojuvenis "O Mundo da Inês", que já conta com 9 livros, estando o 10º a caminho.

Fiquem a conhecê-la um pouco melhor nesta entrevista!

 

 

 

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Para quem não a conhece, quem é a Sara de Almeida Leite?

Uma mãe de 3 filhos que adora, uma professora e escritora que também desenha e pinta (muito de vez em quando), uma pessoa que não sabe fazer nada sem entusiasmo, que ama a natureza e que se sente feliz com a sua vida, apesar de ser naturalmente pessimista.

 

 

A Sara é professora. Quais são os principais desafios que encontra no exercício da sua profissão?

Na minha prática, acho que o desafio maior é fazer com que os alunos sintam prazer em aprender.

Faço tudo o que posso para lhes transmitir um pouco do meu gosto, através do entusiasmo, da criatividade e do humor, mas nem sempre consigo e fico triste quando eles confessam que acham a matéria “uma seca”.

Outro desafio enorme é ajudar os alunos com mais dificuldade a serem bem-sucedidos. Também faço por isso, mas por razões várias nem sempre consigo e é uma angústia para mim ter de dar notas negativas, sobretudo a quem se esforçou.

 

 

Em que momento da sua vida surgiu a paixão pela escrita?

A minha paixão pela escrita é tão antiga quanto o meu domínio do alfabeto.

Assim que fui capaz, pus-me a escrever e nunca mais parei.

Não exagero se disser que passei grande parte da minha infância entretida a inventar histórias que ilustrava.

 

 

Quem são os seus autores de referência?

Tenho vários e são de dois tipos: os que escreveram obras admiráveis e incontornáveis, como Tolstoi, Cervantes, Shakespeare, Machado de Assis, Jorge Amado, Eça, Camilo, entre outros; e aqueles que, não sendo clássicos, me encantam muitísimo pelo seu estilo, pela forma única como sabem usar as palavras e comover-me: José Saramago (que talvez já possa ser considerado um clássico!), Rosa Montero, Julian Barnes e Mia Couto, por exemplo.

 

 

 

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Em que/ quem se inspirou para escrever a coleção de livros "O Mundo da Inês"?

Isto pode parecer estranho, mas inspirei-me em coleções que não li: as de Enid Blyton, passadas nos colégios internos (As Gémeas em Santa Clara e O Colégio das 4 Torres).

A minha filha adorava esses livros e eu resolvi escrever uma história com o mesmo tipo de enredo, para ela se entreter, numas férias em que havia pouco para fazer.

Sabia que a fórmula era simples e deixei-me guiar pela intuição. Como ela adorou o texto que escrevi, prossegui nessa linha!

 

 

Que feedback tem recebido relativamente aos vários livros editados?

Vou recebendo mensagens de mães e pais muito satisfeitos por verem que as filhas adoram a coleção e que fazem questão de me agradecer, porque fiz delas leitoras ávidas, quando antes tinham pouco ou nenhum interesse pelos livros.

Chegam a dizer-me que notaram melhorias no desempenho escolar, o que me faz muitíssimo feliz, naturalmente.

Também recebo mensagens de leitoras que me escrevem simplesmente para dizer que adoram os meus livros, o que é deveras gratificante.

Quando, nas minhas idas às escolas, me perguntam se já recebi alguns prémios literários, respondo com sinceridade que o melhor prémio, para mim, é esse retorno dos leitores, em primeira mão (literários nunca recebi nenhum!).

 

 

Por norma, é mais abordada nesse sentido pelos pais, ou pelos próprios adolescentes, que se reveem nas diversas situações descritas?

Como a plataforma que uso mais é o Facebook, que é mais para “cotas”, sou sobretudo abordada pelos pais (mães, na maioria), já que a juventude é mais dada ao Instagram e outras redes que eu nem conheço! Ainda assim, há muitas leitoras que utilizam a conta de Facebook das mães para me contactarem.

 

 

Nesta história, a Inês vai estudar para um colégio interno. Na sua opinião, quais são as vantagens e desvantagens deste tipo de ensino e vivência, comparativamente aos existentes noutro tipo de escolas?

Nunca estudei num colégio interno nem investiguei muito sobre o assunto, mas parece-me que o internato terá a desvantagem de constituir um meio fechado e mais limitado, do ponto de vista da convivência com pessoas provenientes de contextos socioculturais e económicos diferentes.

Quanto às vantagens para os estudantes, não sei se existem efetivamente, ou se são apenas imaginadas.

Sem dúvida que existe o “sortilégio” do internato, uma espécie de encantamento em relação a uma experiência que se idealiza, precisamente por não se ter vivido nessa realidade.

Nesse sentido, talvez se pense que a convivência permanente com os pares desenvolve um espírito de camaradagem, de entreajuda, etc. mas tenho dúvidas de que esse espírito se desenvolva a um nível mais elevado do que entre rapazes e raparigas que frequentem externatos e escolas públicas.

 

 

 

 

O grande companheiro de Inês é o seu cão, Bruno. Considera que os animais podem ter um papel fundamental na vida das crianças?

Sou a favor do contacto e da amizade entre crianças e animais, desde que sejam sempre fundados no respeito pelos bichos.

Estão amplamente documentadas e difundidas as vantagens de as pessoas em geral e as crianças em particular conviverem com animais, mas faz-me muita confusão que as famílias tenham cães, gatos, pássaros, coelhos, hamsters, peixes, etc. que tratam como objetos ou bonecos, isto é, que não respeitam como seres que precisam de liberdade, de movimento, de poderem comportar-se e viver de acordo com a espécie a que pertencem.

 

 

Ao longo dos vários livros, os leitores vão assistindo ao crescimento e evolução da Inês. Que conselhos deixaria para quem está a passar pela adolescência, e por todas as mudanças e receios que esta implica?

Confesso que prefiro coibir-me de aconselhar adolescentes, por vários motivos: primeiro, por não ter formação em psicologia, depois, porque cada jovem vive a adolescência à sua maneira e eu, como eu não me senti atormentada por mudanças nem receios nessa fase, receio não compreender bem as suas angústias; e finalmente porque cada vez mais me parece que muitos adultos têm “problemas da adolescência” por resolver, ao passo que muitos adolescentes são mais sensatos e sábios nas suas opções do que muitos adultos.

Eu própria não me sinto um modelo, um exemplo a seguir, para dizer a verdade.

Estou muito consciente dos meus erros e por isso não acho que tenha autoridade para dar conselhos aos jovens só por ser mais velha ou mais experiente.

 

 

Para além desta coleção, a Sara tem outros projetos em mãos?

Sim, vai ser lançada em setembro uma nova coleção, também da Porto Editora, com mais mistério e aventura, que eu desejo que venha a cativar também o público masculino.

Os protagonistas são um grupo de amigos (rapazes e raparigas) e uma cadela, que descobrem um ser misterioso que lhes confere poderes sobrenaturais...

 

 

O que falta, na sua opinião, à literatura em Portugal?

Não me atrevo a responder!

Leio menos de 40 livros por ano (muitos deles estrangeiros) e, como tal, não me sinto autorizada a referir-me à “literatura em Portugal”, sobretudo na atualidade (estudei Literatura Portuguesa, mas já foi há décadas!).

Há obras de que gosto muito, outras que não consigo acabar, mas quando sinto “antipatia” por um livro concluo que se trata de uma questão pessoal, de uma falta de identificação (como quando antipatizamos com uma pessoa) e não de uma falha, ou falta, na obra ou no autor.

 

 

Considera que os autores nem sempre fazem um bom uso da língua portuguesa na sua escrita?

É inevitável cometermos erros: somos humanos e os autores não são exceção!

Mas, como estudiosa da gramática, tenho a noção de que o conceito de correção linguística é muito “escorregadio”.

As gramáticas normativas regem-se pelo uso da língua que os autores consagrados fazem, mas eles nem sempre estão seguros das suas escolhas. Existe até uma história engraçada sobre o escritor Augusto Abelaira, que um dia teve uma dúvida sobre sintaxe e ficou desconcertado quando, ao consultar uma gramática, deparou com um exemplo de uso “correto” retirado de uma obra sua!

As gramáticas descritivas, por seu turno, baseiam-se no uso que os falantes fazem do idioma e esses usos, como sabemos, são frequentemente desviantes em relação às normas mais convencionais ou antigas.

Este assunto é muito interessante, mas dá “pano para mangas”, como se costuma dizer...!

 

 

Que conselho deixaria para quem se quer aventurar na escrita literária?

Acho que estas 5 dicas são as mais importantes:

1) leiam livros todos os dias, de preferência os que sejam recomendados por bons leitores, e sobretudo livros que vos entusiasmem e deem vontade de escrever;

2) escrevam todos os dias (um diário, notas, contos, qualquer coisa), mesmo sentindo que os vossos textos não são para aproveitar, porque a escrita flui melhor com o treino;

3) façam exercício físico, de preferência ao ar livre, pois o bem-estar psicológico depende do bem-estar físico;

4) fomentem o contacto social e as experiências culturais: convivam com pessoas de várias gerações, assistam a documentários, espetáculos, exposições, vejam filmes, séries, etc., pois a criatividade também depende desses estímulos;

5) reflitam e questionem-se sobre os grandes e pequenos dilemas da vida, formulem questões sobre o que acontece e tentem encarar os problemas como desafios ou testes à vossa capacidade para encontrar soluções.

 

 

A Sara irá estar presente na próxima edição da Feira do Livro de Lisboa. Onde poderão os leitores encontrá-la?

No stand da Porto Editora Kids, presumo. A sessão de autógrafos da coleção “O Mundo da Inês” está prevista para 4 de setembro às 17h.

E no dia 12 de setembro, também às 17 horas, estarei lá para o lançamento da coleção nova!

 

 

Muito obrigada, Sara!

 

Notas:

  • Não poderia deixar de mencionar a ilustradora Zita Pinto, que dá "vida" às diferentes personagens da coleção, fazendo um trabalho fantástico!
  • Para além da coleção de livros, existe também um diário "O meu Diário Incrível", que traz uma caneta de tinta invisível.

 

Imagens: Sara Leite, O Mundo da Inês

A Última Carta de Amor, na Netflix

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Mal vi o anúncio deste filme, soube que queria vê-lo.

Ou não fosse ele inspirado no livro de Jojo Moyes.

Mas confesso que ficou aquém das minhas expectativas.

O filme, apesar do romance e da bonita e trágica história de amor, é um pouco entediante, monótono.

Dei por mim a torcer mais pelo romance entre a jornalista e o arquivista, do que pelas outras duas personagens principais.

 

Jennifer é uma mulher cheia de vida, independente, extrovertida, que teve a pouca sorte de casar com um homem que a limita em todos os sentidos, e que não lhe dá a mínima atenção, preocupando-se, exclusivamente, com os negócios, com as aparências, com o estatuto.

Talvez por isso não tenha resistido aos encantos de Anthony, o jornalista que iria entrevistar sobre o marido.

O seu amor foi pontuado por diversos encontros e desencontros, que resultaram numa separação de cerca de 40 anos.

 

Na actualidade, a jornalista Ellie encontra algumas das cartas enviadas por Anthony, a Jennifer, e vai tentar descobrir mais sobre esta história de amor e, quem sabe, voltar a juntar o casal.

Enquanto isso, ela própria lida com os seus medos, e foge de qualquer compromisso, mesmo quando percebe que Rory poderá ser a pessoa que a fará feliz.

 

A parte mais comovente do filme é, sem dúvida, o final, quando ficamos na expectativa se Jennifer, após todos aqueles anos e a sua recusa em falar do passado, comparecerá ao derradeiro encontro com o seu grande amor.

 

A título de curiosidade, o actor Harry Bernard "Ben" Cross, que deu vida a Anthony na actualidade, faleceu em Agosto de 2020.

 

 

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