Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Leitura em contexto escolar: prazer ou castigo?

A leitura faz você feliz: 10 boas razões para ler mais - greenMe

 

É certo que, com todas as novas tecnologias, redes sociais e outros entretenimentos mais cativantes, os jovens, e até mesmo os adultos, tendem a ler cada vez menos, deixando a leitura para um quinto ou sexto plano.

Se estiverem a estudar, aí sim, terão que, forçosamente, dedicar algum tempo à literatura, mesmo que não queiram.

Sempre assim foi. E esse era um dos motivos para, ao contrário do que seria a intenção, começarmos desde logo a "odiar" livros.

Porque eram leituras que não compreendíamos. Que  não nos diziam nada. Que eram aborrecidas e maçantes.

A ideia de fomentar a leitura nos mais novos não se tornava um prazer, mas antes um castigo.

 

Em pleno século XXI, continua tudo igual.

No ano passado, a minha filha tinha que escolher, de entre uma lista, um livro para ler, e fazer uma apresentação sobre ele.

Os melhorzitos, 5 ou 6, já tinham sido escolhidos. E tudo o resto não tinha o mínimo interesse. 

Em acordo com a professora, conseguiu fazer o trabalho sobre um livro que não estava na lista, mas que estava dentro dos mesmos temas e contexto.

 

Este ano, a professora de português enviou-lhes uma lista para um trabalho semelhante.

Praticamente, as mesmas obras do ano passado. Muita poesia. Livros que nem eu, ávida leitora, tenho interesse ou vontade de pegar neles. Quanto mais jovens de 17 ou 18 anos, que não fazem da leitura um hábito.

O que vai acontecer é escolherem um livro, por falta de opções, já contrariados, fazerem o trabalho sem o mínimo interesse, não perceberem nada do que leram e jurarem que, quando não forem mais obrigados, não voltam a pegar num livro!

 

De todos, só um sobressaiu. O primeiro da lista. "O Vendedor de Passados", do autor José Eduardo Agualusa.

Disse-lhe para escolher esse. Vamos ver se tem sorte.

A saúde é mais importante que a vaidade

 

Rede Globo > tvmorena - Crônica de Camila Jordão ensina como 'Fazer charme  de intelectual'

 

Ontem li um artigo que dizia que as pessoas que usam lentes de contacto, ou óculos, deveriam ter especial atenção, agora que o outono chegou, aos problemas oculares, como conjuntivites e outros, mais comuns nesta altura do ano.

Nem de propósito, foi mesmo algo assim que o outono me trouxe de presente!

Ontem sentia os olhos secos, e doridos.

Durante a noite, comichão, olhos lacrimejantes, doridos e meio colados.

 

Há uns dias, dizia eu à minha filha que deveria pensar em comprar uns óculos novos.

Ainda ontem, a propósito do artigo, lhe dizia que, nessas situações, convinha ter uns óculos decentes para usar.

Eu tenho óculos. 

Mas são pré-históricos. Há anos que não mudo a armação. Nem as lentes. Como só uso mais em casa, ou aos fins de semana, pouco tempo, a optometrista achou que não valia a pena gastar dinheiro, usando eu muito mais as lentes de contacto.

A verdade é que, entre não usar nada, e usar os óculos, é preferível usá-los. Mas noto uma grande diferença em relação às lentes de contacto, com uma graduação mais elevada. E, por exemplo, ao perto, acabo por ter que tirar os óculos para ver melhor.

Desenrascam, mas já não são o suficiente.

 

Hoje de manhã, e porque não gosto nada de me ver com óculos, ainda pensei na hipótese de usar as lentes de contacto.

Pura estupidez!

A saúde deve ser sempre mais importante que a vaidade e, se usasse as lentes de contacto, só iria agravar ainda mais a inflamação.

Por isso, lá fui eu trabalhar de óculos.

Dar o exemplo.

Não importa o que os outros pensem, digam ou como vejam, o que interessa é que nos sintamos confortáveis, e que façamos o que é melhor para nós.

Mais um dia...

20200321225226741979a.jpg

Outro dia…

Mais um dia…

É assim, todos os dias. Um após o outro.

Sempre iguais… Sempre diferentes…

Acordo. Olho para o lado. E só então me lembro que, agora, já não estás lá.

Estou sozinho.

Levanto-me. É madrugada. Toda a gente dorme. Eu, não. Porque o corpo já não quer mais continuar deitado.

Mais um dia me espera.

Faço o que tenho a fazer.

 

E, depois, já não há nada para fazer.

A não ser ficar a olhar para esta casa vazia.

Para o silêncio. Que só é interrompido pelo eco dos meus pensamentos, e da minha voz.

Que vida esta é a minha, agora, sem ti?

As horas demoram a passar. Ainda falta tanto para me deitar…

E, mais uma vez, perceber que, também nesse momento, estarei só.

 

Por companhia, tenho apenas a televisão que, às tantas, já aborrece de tão repetitivos que são os programas.

Já não tenho olhos para os livros.

Já não tenho pernas para os passeios.

Sou livre, mas sinto-me encarcerado.

Estou vivo, mas sinto que uma parte de mim morreu contigo. 

 

Por vezes, tenho companhia familiar. Distraio-me.

Afasto os pensamentos. Afasto a dor. Afasto as memórias.

É bom. Faz-me bem. Sinto-me abençoado, e agradecido. Mas não é suficiente.

A vida dos outros não pára. Nem eu quereria isso.

Mas a minha vida estagnou. Num tempo diferente.

Que não acompanha os demais. Nem tão pouco espero que os demais abrandem, para me acompanhar.

Não penso em morrer. Mas também não me sinto viver.

 

Estou só.

Horas e horas de solidão.

E, então, está na hora.

Deito-me.

Um último pensamento para ti. 

Adormeço.

Até ao dia seguinte.

Outro dia.

Mais um dia…

 

 

 

"Tempo de Partir", de Jodi Picoult

450.jpg

 

Dos melhores livros que li da autora, até agora, pela forma como conduziu toda a história e me surpreendeu no final!

Ao contrário dos últimos que tenho vindo a ler, nesta história não há advogados nem processos em tribunal.

Mas há animais.

Elefantes!

Um estudo aprofundado sobre eles, a forma como se relacionam entre si, como se organizam em manadas e, bem a propósito, de como fazem e vivem o luto.

Ah, e claro, como não poderia deixar de ser, ou não estivéssemos a falar de elefantes, da sua memória.

 

Jenna é uma miúda de 13 anos, que vive com a avó.

O seu pai está internado numa clínica psiquiátrica desde o dia em que a mãe desapareceu, e ocorreu um acidente no seu santuário de elefantes, que vitimou uma das tratadoras.

Já passaram vários anos, e Jenna não sabe se a mãe está viva ou morta e, se vive, porque nunca a procurou, porque não a foi buscar? Será que a abandonou? Será que não a amava?

Disposta a gastar as suas economias para tentar descobrir o que aconteceu com a mãe, Jenna envolve-se com Serenity, uma médium caída em desgraça que, um dia, já foi famosa, e o detective Virgil, que estava encarregado do caso da sua mãe na época. 

 

À medida que vão investigando, e descobrindo pistas, mais dúvidas surgem, e mais certezas se começam a formular.

Afinal, nem tudo era o que parecia, e nem todos se davam assim tão bem como aparentavam.

Entre a mediunidade de Serenity, e a objectividade de Virgil, Jenna tenta encontrar uma explicação lógica, que lhe diga onde, e como, está a mãe, ainda que isso seja declará-la uma assassina.

Vamos conhecer melhor a Alice, mãe de Jenna, a sua missão, e a sua investigação que, em determinado momento, se misturam com o trabalho desenvolvido por Thomas, que viria a ser seu marido e pai da sua filha.

 

A determinado momento, Serenity explica que existem alguns mitos sobre a vida após a morte, e a reunião dos entes queridos é um deles. Por norma, o que acontece é que, quem está mais evoluído espiritualmente, segue adiante, enquanto os outros ficam mais atrás e, como tal, a probabilidade de se juntarem é pouca.

Explica ainda que existe uma diferença entre fantasmas e espíritos, sendo que os primeiros são aqueles que vagueiam num plano transitório, porque ainda não estão prontos para seguir em frente, ou têm algo por resolver neste mundo, enquanto os espíritos já passaram esse nível.

E afirma que os espíritos não se manifestam para a pessoa viva de forma a que esta os reconheça, mas da forma como querem ser lembrados.

 

Ao longo da história, vamos ver que muito do que ela diz bate certo mas, por outro lado, também há situações que contrariam essas teorias.

O que é certo, é que todo o enredo nos leva numa direcção e, quando chegamos ao final, é quase como se nos virassem de cabeça para baixo, e percebêssemos que estávamos a ver o "filme" todo ao contrário!

Afinal, quem está vivo? E quem está morto?

Quem morreu? E quem matou? 

Quem é bom? E quem é o vilão?

 

Só vos digo uma coisa: teria adorado conhecer a Maura!

Este livro aumentou, sem dúvida, ainda mais o meu fascínio pelos elefantes :) 

"Alrawabi School For Girls", na Netflix

AlRawabi School for Girls: Nova série Árabe da Netflix - Asia ON

 

Esta série estava na lista há algumas semanas.

Mas foi sendo adiada. Até que, este fim de semana, lá me decidi.

 

"Alrawabi School For Girls", um nome que demorei algum tempo a conseguir pronunciar, é uma série jordaniana sobre um prestigiado colégio exclusivo para raparigas, na qual podemos acompanhar o dia a dia daquelas estudantes, com tudo o que está implícito.

É sabido que, por norma, num ambiente só de mulheres, as coisas nem sempre correm bem. Infelizmente, as mulheres tendem a estar umas contra as outras, e a arranjarem discussões, tornando-se as maiores inimigas, em vez de aliadas. Ali, não é excepção.

 

Existem as populares, as desajustadas, as aliadas. Existem grupinhos. Existe discriminação. Existe corrupção. Existem interesses. E bullying.

É, sobretudo, neste último que a história se centra. E na vingança, para que nunca mais volte a acontecer.

 

Mariam é alvo de bullying pelas populares - Layan, Roqayya e Rania.

Depois de alguns episódios, Mariam denuncia as escapadelas de Layan à directora, mas é descoberta e agredida, tendo que ser levada para o hospital.

Como se não bastasse, ainda inventam uma história sobre ela, corroborada pelas aliadas, que faz a própria mãe, e a sua melhor amiga, acreditarem que aquela é a verdade.

E quando nem aqueles que era suposto acreditarem na inocência dela, e estarem ao seu lado a apoiá-la, o fazem, o que lhe resta?

Vingança!

Fazê-las pagar, uma por uma, pelo que lhe fizeram, e pela forma como lhe destruíram a vida.

 

Para esse plano, ela vai contar com Noaf, a aluna recém chegada que, apesar de não querer meter-se em problemas, oferece a sua ajuda quando a sua própria irmã é vítima das vilãs. E com Dina, a sua melhor amiga que, após um tempo chateada com Mariam e mais próxima das populares, acaba por, também ela, ser vítima das armações destas.

 

As questões que se colocam são:

Até onde deve ir a vingança?

Quando se deve parar?

Até que ponto devem medir as consequências que esses actos terão?

Até que ponto devem "fazer o correcto" e ser condescendentes, com quem nunca o foi com elas?

E, ainda que o tenham sido, numa ou outra ocasião, isso anula todo o mal feito anteriormente? 

 

 

Confesso que, ao longo da série, a Mariam vai-se transformando, da miúda de quem, inicialmente, sentimos pena, para aquela que temos dificuldade em criar empatia, apesar de tudo o que ela passou.

Mas, verdade seja dita, esta série, e tudo aquilo que fizeram com a Mariam, conseguiu despertar o meu pior lado, e apoiar cada pequena vingança dela contra aquelas arrogantes! 

Foi justo. Mereceram. 

Se isso faz de Mariam alguém igual ou pior que elas? Talvez. Ninguém passa por situações de bullying e permanece igual.

 

Umas pessoas ultrapassam melhor, esquecem melhor, e tentam seguir com a vida, ainda que com as marcas lá. Outras, não aguentam, e suicidam-se. E há as que se revoltam. As que se transformam. As que querem dar uma lição para que aquilo não aconteça a mais ninguém.

Sim, porque nem Layan, nem Rania, ou Roqayya são pessoas que têm consciência dos seus actos. A quem se possa pedir para parar. Para, simplesmente, pedirem desculpa e perceber que não agem correctamente.

Elas acham-se as maiores. Poderosas. Invencíveis. Mariam vai mostrar-lhes que não.

 

Não gostei das inconstâncias das amigas Noaf e Dina, que tão depressa a apoiam e ajudam, como querem parar, e que ela pare também.

Que tão depressa incentivam Mariam, e a fazem voltar ao plano que ela já tinha abandonado, como, a seguir, a criticam e acham que ela está a ir longe demais.

Tão depressa consideram que as outras merecem uma lição, como querem fazer o correcto.

Há ali uma certa hipocrisia. Um falso moralismo. Sobretudo, por parte de Noaf. E disso não podemos acusar Mariam.

Aliás, para tornar Mariam mais vilã, e Layan um pouco mais boazinha, inventaram ali uma cena em que ela ajuda Noaf, numa situação de assédio que poderia tornar-se algo mais grave. Mas não convenceu.

 

Com o plano contra Roqayya e Rania já concretizado, chega agora a vez de Layan, e da directora da escola, que passou o tempo todo a encobrir as acções das populares, aparentemente por interesse, já que os pais delas poderiam deixar de apoiar ou, até mesmo, encerrar o colégio.

Embora haja um outro motivo, que só se irá descobrir no fim.

Ninguém conseguiu demover Mariam e, agora, resta esperar para ver as consequências da sua vingança, que poderão levar à morte de alguém. 

 

Se ela deveria ter previsto, e evitado? Poderia.

Mas alguém pensou nisso quando a agrediu? Que a poderia ter matado ali, ainda que sem intenção?

Pois...

Penso que, ao rever aquelas imagens que vieram à mente de Mariam, segundos antes de premir a tecla, também muitos de nós clicaríamos.

 

Uma coisa que fiquei bastante admirada foi por as mulheres ali se vestirem quase como as ocidentais. Embora no colégio tenham que andar com o uniforme e, algumas alunas e professoras, com os trages mais típicos da cultura árabe, no dia a dia, não é bem isso que acontece.

Ainda que, na visita de estudo, por exemplo, a uma espécie de estância balnear, a professora Abeer esteja sempre a pedir-lhes para taparem mais o corpo.

Foi um pouco estranho ver algumas coisas que são permitidas mas, ao mesmo tempo, tradições e costumes que ainda se fazem valer, e podem destruir a vida daquelas pessoas, e famílias.

 

De resto, tal como na vida real, e em qualquer lugar, um colégio que tenta passar uma imagem de rectidão e imaculada quando, na verdade, esconde muitos "podres", por conveniência, que lhe arrasariam a reputação, se viessem a ser descobertos.

Vale tudo pelas aparências, e por um bom cargo. 

Ou, então, não valerá de nada...

 

 

Deixo-vos o trailer da série, que recomendo: