A brincar, a brincar...
Há brincadeiras, e brincadeiras.
Mas, seja qual brincadeira for, é preciso saber com quem, quando, onde e como se deve brincar.
Porque as pessoas não são todas iguais.
Porque nem todas as pessoas são obrigadas a perceber, ou a gostar, de determinadas brincadeiras.
Há brincadeiras que se tem no grupo de amigos, que podem não ser vistas da mesma fora por outros.
Há piadas que são bem aceites entre família e amigos, mas que pessoas externas poderão levar a mal.
Porque nem sempre é o momento, ou o local certo para as ter.
Porque nem todas são felizes.
Há brincadeiras que se fazem nos piores momentos, ou em locais onde as mesmas seriam de evitar. Porque só nos prejudica perante os outros. Porque mostra a falta de noção e tacto que podemos ter.
Há brincadeiras que são apelidadas como tal, apesar de exprimirem exactamente aquilo que a pessoa pensa ou quis dizer/ fazer.
Se for aceite, tudo na boa. Se for criticada "ah e tal, era só a brincar".
Mas, a brincar, a brincar...
E há brincadeiras que não se devem, de todo, ter. Porque não se deve brincar com coisas sérias.
Vem este texto a propósito de uma brincadeira, aparentemente, inofensiva, de um concorrente do Big Brother que afirmava, a brincar, claro, que já tinha tido intimidade com a sua colega/ namorada/ amiga colorida, sem que esta desse por nada, porque esperava que ela dormisse para o fazer.
Continuando a brincadeira, quando questionado acerca do consentimento, ele dizia que fingia que ela consentia, fazendo o gesto com a mão dela, ou ele próprio, simulando a mão dela.
Ora, esta conversa, entre os visados e, eventualmente, amigos e família que os conhecem, estando eles cientes daquilo que fazem, e de que era apenas uma brincadeira, seria certamente encarada como tal - uma mera brincadeira.
Mas ele estava a ter esta conversa para toda a gente ver e ouvir.
E não foi bem recebida cá fora.
No fundo, ele estava a brincar com abusos sexuais, levados a cabo sem consentimento e conhecimento das vítimas.
Foi uma brincadeira. Pois...
De mau gosto. Sem noção. Sem graça.
Não é uma questão de já não se poder brincar com nada, que as pessoas levam logo a mal, e ficam ofendidas.
É, simplesmente, e como disse acima, saber com quem, quando, onde, com o quê, e como se deve brincar.