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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Desafio de Escrita do Triptofano #1

Dizem que não sou livre...

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Pode, a prisão, libertar-me?

Trazer-me mais liberdade, do que a liberdade que me aprisiona?

As pessoas dizem que não sou livre.

Mas há alguém que o seja? Totalmente?

E, quantos de nós, o querem, realmente, ser?

 

Quantas vezes está, a liberdade, ali mesmo à nossa frente, e nem sabíamos que a tínhamos.

Porquê?

Porque nunca nos foi permitido experimentá-la.

Porque nunca nos foi mostrada.

Ou porque nunca ousámos descobri-la.

 

Porque abdicamos dela, a troco de tantas coisas que nos acabam por prender.

Por vezes, são-nos colocados grilhões de uma forma tão subtil, que nem nos apercebemos que os temos.

 

Também eu tenho os meus.

Alguns, que permiti que me fossem colocados.

Outros, parece que surgiram de um momento para o outro, e não faço ideia onde anda a chave que me permite soltá-los.

Confesso que, por vezes, torna-se difícil carregá-los.

Por vezes, pesam.

Dificultam.

Limitam.

E as pessoas dizem que não sou livre. Porque não me atrevo a libertar-me deles.

 

Por vezes, vemo-nos fechados num determinado espaço, e depreendemos que não nos é permitido sair dele. Ainda que a porta não esteja trancada. 

E, não raras vezes, a porta está mesmo aberta. E, ainda assim, não saio. Mantenho-me no mesmo espaço.

Sim, algumas vezes, sinto que posso enlouquecer. E que o melhor seria fugir, para lá da porta.

E as pessoas dizem que não sou livre. Porque não tenho coragem de sair.

Mas, outras vezes, isso é tão insignificante, que a segurança e liberdade que sinto me levam a permanecer na minha prisão.

 

Porquê?

Porque, aqui, ainda sonho.

Ainda tenho momentos felizes.

Ainda sou relativamente livre.

Ainda me sinto em segurança.

 

E lá fora? 

O que irei eu encontrar?

Com o que poderei, eu, contar?

Como me sentirei, quando já não tiver nada que me prenda?

 

E o que sabem as pessoas da minha prisão, e da minha liberdade?

Que direito têm, de opinar? 

Quando elas próprias não se conseguem libertar das suas próprias prisões?

Ou não se querem libertar?

 

 

Texto escrito para o Desafio de Escrita do Triptofano