Desafio de Escrita do Triptofano #3
Uma semente chamada dúvida
- Porque é que, por onde passas, vais deixando sementes?
- Porque é esse o meu trabalho.
- Mas nunca ficas para ver o resultado. Vais sempre continuando, e espalhando mais sementes.
- Não preciso de ficar a tomar conta delas. Alguém se encarregará de tratar delas.
- Como assim?
- Haverá sempre quem queira que estas sementes, ou parte delas, germinem. Quem esteja disposto a colocar um pouco de água. A colocar um pouco de fertilizante. A espantar os pássaros para que não as levem.
- Então, todas estas sementes darão, um dia, flor ou fruto. É por isso que não te preocupas.
- Nem sempre. Há um requisito básico, o mais importante de todos eles, para que uma destas minhas sementes germine.
- Qual?
- O solo. Eu posso lançar as sementes que me apetecer, e todos os outros poderão fazer de tudo para que elas germinem, e se transformem em algo. Mas, se o solo não for fértil, nada acontecerá. As sementes só germinarão se o solo onde forem lançadas o permitir.
- Só isso?
- Há também outro factor a ter em conta...
- E que é?
- Ainda que o solo seja relativamente fértil, e elas se transformem, há sempre a possibilidade de nem sempre resultarem da forma como seria de esperar. Tanto podem gerar plantas corrosivas, como inofensivas, ou até mesmo muito úteis.
- A sério?
- Sim. Depende muito da utilidade que lhes quiserem dar, daquilo que pretenderem fazer com elas, de como as usarão em seu benefício, ou contra si.
- Já agora, que sementes são essas que levas aí?
- Chamam-se "dúvidas"!
Nota
Os primeiros pensamentos que me vieram à mente logo que vi a imagem foram os ditados:
"Quem semeia ventos, colhe tempestades" ou "Cada um colhe aquilo que semeia".
Também me lembrei dos viajantes, que vão deixando a semente da sua cultura, e levando outras consigo.
Mas não era bem sobre isso que eu queria escrever.
E, depois, surgiram as dúvidas
Texto escrito para o Desafio de Escrita do Triptofano
Também participam: