"Agora É Mesmo Demais Para Mim", na Netflix
Não poderia falar deste filme sem mencionar os anteriores: "Demais Para Mim" e "É Mesmo Demais Para Mim".
E sem falar na personagem principal - Marta - uma órfã que tem uma rara doença genética - fibrose cística ou mucoviscidose.
Apesar da sua condição, ela é uma pessoa extremamente positiva, e bem disposta, que não se deixa afectar pela doença, e que quer viver a vida ao máximo.
No primeiro filme, Marta vai tentar conquistar o rapaz que todas as mulheres desejam e que, provavelmente, nunca olharia para ela.
Nada de novo.
Mais um daqueles filmes com a típica história da mulher invisível e do homem que se apaixona, precisamente, por ela. Com a diferença que ela quer viver esse grande amor, antes de não ter mais tempo para tal.
No segundo filme, percebemos que as coisas com Arturo nao resultaram, e Marta namora agora com Gabriele, um artista que, para complicar o romance, vai trabalhar para Paris, aumentando as inseguranças e ciúmes em relação a Marta, que podem pôr em causa a relação. Também nada de novo.
Sendo um filme, até mais de meio, aborrecido e secante, foi mesmo mais para o fim que veio aquilo que vale a pena destacar:
A amizade genuína e tão difícil de encontrar nos dias que correm, entre Marta, Federica e Jacopo, desde a infância, até à actualidade. A forma como pessoas tão diferentes se complementam, e se dão tão bem. A forma como cuidam e protegem a Marta, sem o parecer, e sem a sufocar. A forma como estão sempre lá, uns para os outros, nos bons e nos maus momentos. A forma como discordam mas, ainda assim, se apoiam mutuamente.
E o momento em que Marta deixa cair a máscara e diz, pela primeira vez, tudo o que sente, os medos que tem, a revolta com a doença e com aquilo que tem sido a sua vida, e mostra toda a sua vulnerabilidade, fragilidade, tristeza e receio, por detrás da pessoa mais animada e divertida, que se forçou a ser, para lidar, ou esquecer, a doença e a sua gravidade.
Porque não temos que ser sempre fortes.
Que mostrar aos outros que está tudo bem, quando nada está bem. Sobretudo, àqueles que estão connosco e que sabemos que, mesmo que nos deixemos cair, estarão lá para minimizar ou impedir as mazelas.
Chegados ao último filme da trilogia, voltamos a uma história que não cativa, nem acrescenta nada de novo, à excepção, lá está, dos minutos finais, em que podemos perceber até que ponto a avó de Marta conseguirá, ou não, sair do seu pedestal e procurar a neta, e em que compreendemos que, desta vez, e após uma nova infecção grave, poderá ser mesmo demais para Marta.
Será o fim?
Terá Marta esgotado todas as suas forças, toda a sua alegria e vontade de viver, toda a sua força e optimismo, perante o inevitável?
O que lhe estará reservado?
Na minha opinião, o segundo filme é o melhor dos 3, ainda que nenhum deles encha as medidas.