"A Rapariga no Abismo", de Charlie Gallagher
Em duas palavras, esta é uma história de impotência e frustração, em todos os sentidos!
Impotência das vítimas, que dificilmente, por mais que queiram, escaparão com vida aos ataques daquele homem.
Impotência dos inspectores, que parecem não chegar a lado nenhum num caso de atropelamento e fuga que, só mais tarde, percebe que não é apenas isso.
Impotência de Maddie que, após anos a trabalhar como infiltrada, se vê obrigada a "esconder-se" para sua própria protecção, e aceitar um cargo que não quer, por ter feito asneira na sua última missão.
Impotência de quem tem as vidas tão viradas de pernas para o ar, que lhes é difícil, ou mesmo impossível, lutar contra os seus vícios.
E, lá está, na sequência dessa impotência, a frustração.
Porque nem os inspectores descobrem as vítimas a tempo, nem as vítimas conseguem fazer-se ouvir.
Porque o assassino continuará a matar.
Porque Maddie, apesar de querer muito empreender os seus esforços no que realmente importa, e isso começa por descobrir o paradeiro de Lorraine, e ajudar Harry no caso do atropelamento, vê-se posta de parte, delegada para assuntos escolares, como se estivesse a cumprir castigo.
E porque os vícios, sejam eles quais forem, chamam por alimento que os sacie e, para além do perigo que lhes está inerente, podem constituir um perigo ainda maior, e mais mortal.
Confesso que fiquei desapontada com este livro.
A história em si está bem conseguida, mas acho que enrolou muito e, de repente, despachou tudo.
Foi dada a conhecer uma personagem quase irrelevante, mas que daria direito a um livro prévio sobre essa história (não sei se existe), com Maddie e Adam, o seu passado como infiltrada, e a relação estranha que ambos mantêm.
Da mesma forma, ficamos sem saber se aquela relação tem futuro, se as suspeitas do chefe de Maddie se confirmam, e ficamos com vontade de saber se ela vai mesmo ficar por ali, e fazer dupla com Harry.
Se está segura, ou se corre perigo.
Por outro lado, a mãe de Lisa sofre de uma doença mental que pouco é abordada, tal como a sua relação bipolar com a filha Lisa.
Também Lisa é uma personagem pouco explorada, sabendo-se pouco mais do que o básico, e o porquê de se tornar uma vítima, sem aprofundar muito o seu vício.
E o que vai acontecer ao assassino?
Dúvidas que, para já, ficam para quem quiser tentar desvendá-las, por conta própria.