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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"Isto Pode Doer", de Stephanie Wrobel

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Esta é a história de duas irmãs.

Duas irmãs que estão cada vez mais afastadas uma da outra.

Duas irmãs que escolheram caminhos distintos na vida.

Uma irmã mais velha, mais responsável, mais bem sucedida, mais protectora.

E uma irmã mais nova, mais azarada, mais aventureira, menos compreendida.

 

Esta é a história de duas irmãs.

Duas irmãs que vivem sob o domínio de um pai louco, que lhes atribui as tarefas mais impensáveis, em troca de pontos, sob pena de sofrerem castigos. 

Afinal, o lema é o de que a únioca forma de ter sucesso é através da força de vontade.

Uma irmã mais velha, que tenta sempre não desafiar o pai, e cumprir tudo o que ele ordena nem que, para isso, tenha que colocar em risco a irmã mais nova. 

Uma irmã mais nova, que sempre fez de tudo para livrar a outra de problemas, mas nunca foi protegida por ela.

 

Esta é a história de uma mulher que, depois de anos a enfrentar os mais impossíveis e aterrorizantes desafios, acaba por fazer dessa a sua forma de vida, e a sua arte.

Cada espetáculo mais perigoso que o outro. 

Cada número mais arriscado que o anterior.

O seu mantra "Eu sou invencível, porra" a levá-la cada vez mais longe na sua carreira e, ao mesmo tempo, mais perto da morte.

A sua intrepidez a ser cada vez mais apreciada, deixando todos sem fôlego.

Até que um acontecimento fatídico a faz fugir para longe dos holofotes, mas não do seu propósito.

 

Esta é a história de uma mulher, que depois da morte da mãe, tenta encontrar um propósito para a sua vida, e vai encontrá-lo em Wisewood.

"Numa ilha privada na costa do Maine, os hóspedes de Wisewood comprometem-se a estadias de seis meses. Durante este período, estão proibidos de contactar com o mundo exterior: não há Internet, não há telemóveis, não há exceções. As regras têm uma razão de ser: manter os hóspedes focados em libertarem-se dos seus medos, para que possam alcançar o seu Eu Maximizado."

A ideia é libertar-se de medos, de culpas, do passado, das pessoas que não a protegeram.

 

Quem se candidata a Wisewood, e tem a sorte de ser escolhido, quando de lá sai, só tem a dizer bem da experiência. Da forma como a mesma mudou a sua forma de encarar a vida. De como é mais forte, mais independente, menos subjugado pelas pessoas, pela sociedade, pelos medos que sempre dominaram.

Até porque é o medo que amplia a dor e, ao eliminá-lo, elimina-se a dor.

Mas será que é mesmo assim que funciona? Será que a experiência é assim para todos?

 

Natalie acha que Wisewood não passa de um local de culto com rituais duvidosos, que a sua irmã, Kit, é louca em permanecer lá, e que ao fazê-lo, corre perigo.

Mas será que Kit ainda é uma vítima das circunstâncias?

 

O que mais gostei deste livro é que nos deixa sempre em suspenso, entre o passado e o presente, sem saber muito bem se a história que estamos a ler é a mesma, e uma só, ou duas história paralelas, de contornos semelhantes.

É uma história sobre como as pessoas extrapolam um conceito e um objectivo pertinente, transformando-o em pura loucura, domínio, e controlo sobre os outros, para o bem, ou para o mal.

Convém é não ficar muito seguras da sua invencibilidade porque, quem sabe, um dia, o feitiço vira-se contra o feiticeiro, e percebem que, se calhar, não são assim tão invencíveis, e que a força de vontade tem limites.

A sua, e a dos outros.