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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Natureza: pequenos detalhes de um dia banal

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Percorremos, frequentemente, os mesmos caminhos. E pensamos que já nada de novo têm para nos surpreender.

No entanto, a natureza está sempre a surpreender-nos!

 

 

 

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No passeio onde passo quase diariamente, seja para ir para a paragem do autocarro, seja a caminho das compras, deparei-me no fim de semana com esta imagem, a fazer jus à expressão "crescer como cogumelos".

 

 

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Já no "caminho encantado", que liga a zona onde moro à estrada que dá para o cemitério, encontrei estas folhas verdes num muro.

 

 

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No sentido oposto, e em direcção ao ecoponto onde diariamente coloco o lixo, as folhas das árvores já nos lembram que é Outono.

"Partir do Zero", na Netflix

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Antes de mais, devo advertir que esta série talvez não seja aconselhável a pessoas que perderam familiares recentemente.

Mas, caso a comecem a ver, não se deixem (des)iludir pelo primeiros episódios. São enganadores.

 

Desde que a série estreou, que tudo o que tenho lido sobre a mesma vai num único sentido: excelente série, forte, dramática, é impossível alguém não se emocionar.

Pois eu, confesso, vi o primeiro episódio e... que grande seca!

Como é possível dizerem bem, quando isto é tão sem graça, tão banal, tão "mais do mesmo"?

 

Mas insistiam em dizer-me que valia a pena.

Lá continuei a ver. O segundo, ainda sem grande vontade. O terceiro, a melhorar. Daí para a frente, foi um atrás do outro.

E sim, vale bem a pena!

 

Para já, pela banda sonora, sobretudo as músicas italianas.

Depois, por tudo isto:

 

É uma lição de verdadeiro amor

O amor de Amy e Lino é posto à prova de todas as formas, mas nem por isso é abalado ou destruído.

Eles complementam-se. Tentam ser felizes, e fazer o outro feliz.

Tentam resolver os problemas. Conversam. Apoiam-se, em todos os momentos.

Afinal, amor é amizade, desgosto, apoio, família, felicidade, dor, beleza.

Há histórias de amor que são para sempre. E amores verdadeiros que vivem para além da vida.

 

É uma lição sobre a importância da família

Podemos não ter as mesmas ideias, as mesmas formas de viver, os mesmos objectivos.

Os nossos familiares podem não ser perfeitos, podem dar connosco em doidos, podem não nos compreender.

Podemos até nos desentender, dizer coisas que não devíamos, por vezes magoar.

Mas a verdadeira família, está lá quando é preciso.

Nos bons, e nos maus momentos.

E que não sejam preciso os maus momentos para voltar a unir familiares desavindos. Porque mais vale tarde que nunca, mas o tarde pode ser tarde demais.

 

É um alerta para a vida

Porque a vida pode ser curta. E nunca sabemos o que ela nos reserva.

Hoje estamos bem. Amanhã tudo pode mudar.

Nada é garantido. 

 

É uma lição sobre nunca desistir dos sonhos

De que serve a vida sem sonhos?

De que serve viver pela metade?

Lino dizia muitas vezes a Amy: "Porque não? Como dizem os americanos, é tudo ou nada!"

E sim, é verdade que, mesmo que os cheguemos a concretizar, a vida pode vir, e destruí-los.

Mas não terá valido a pena tentar?

Aproveitar o que nos foi permitido experienciar?

 

É uma história sobre mudanças, aceitação, integração

Nem sempre é fácil mudar para um país diferente, onde somos apenas mais uma pessoa, um forasteiro.

Longe da família, longe dos amigos, longe daquilo que sempre nos fez feliz.

Nem sempre é fácil querer agradar, e ser rejeitado, ainda que não intencionalmente, e sentir que não sabemos o que estamos ali a fazer. Apenas, que não pertencemos ali. Que nos sentimos deslocados, perdidos.

Lino sentiu isso na pele.

Até as coisas mudarem, e ele estar totalmente integrado na nova vida.

 

É uma história sobre multiculturalismo

Amy, uma americana do Texas, a viver em Los Angeles, e Lino, um italiano de Castelleone (Sicília), a viver em Florença, e que se muda para Los Angeles, uma cidade que não tem centro, onde ninguém liga a futebol, onde não se come nada daquilo que ele está habituado.

Mas será que, apesar de mundos tão diferentes, e de famílias com tradições e culturas tão distintas, o principal não é universal?

 

É uma lição de coragem, resiliência, superação

Cancro: maldito cancro.

Esse bicho que continua a fazer estragos e a levar a melhor sobre aqueles que atinge.

Lino descobre que tem um cancro raro, e todo o seu mundo desaba.

Agora que tinha aberto o seu próprio restaurante, é obrigado a fechá-lo, para dar prioridade ao tratamento.

Agora que Amy tinha abdicado de um dos seus trabalhos, em prol daquele que, apesar de lhe pagar menos, a fazia mais feliz, tem que voltar a trabalhar duplamente.

Lino vence a primeira batalha. 

Mas a guerra ainda estava no início.

Depois de um ensaio experimental que correu bem, e de se manter relativamente saudável durante 7 anos, eis que a vida lhe prega outra partida.

Só que, desta vez, é bem pior do que antes.

 

É uma história sobre os laços que unem a família

Como diz Amy, no fim, família são as pessoas que escolhemos amar, sejam elas de sangue, ou não.

Amy e Lino queriam ser pais. Mas a fertilização in vitro não fazia parte dos seus planos e, por isso, adoptaram uma menina - Idalia.

A maternidade/ paternidade não foi um desafio fácil para nenhum deles.

Por um lado, Amy começou por perder o crescimento da filha, por ter que trabalhar pelos dois. Por outro lado, Lino era um excelente pai, mas sentia falta de voltar a trabalhar.

Mas, no fundo, o que mais importava era a felicidade de Idalia.

Na verdade, o que mais importa é o bem dos filhos, sejam eles biológicos, adoptados ou emprestados.

 

É uma história sobre recomeços

Amy e Lino tiveram que partir do zero algumas vezes.

Conseguiram sempre dar a volta.

Será que conseguem vencer esta derradeira batalha?

Haverá ainda chance de Amy, Lino e Idalia terem um novo recomeço?

Ou esse será apenas para alguns deles?

 

A despedida

Como se despede, um pai, de uma filha?

Como se despede, uma filha, de um pai?

Como dizemos adeus à pessoa que amamos? Com quem planeámos toda uma vida? Com que ainda queríamos concretizar tantos sonhos?

Como nos despedimos, da melhor fase que estamos a viver, para o incerto? Para o abismo?

Como voltar a viver?

Onde encontrar forças para tal?

 

Escolhas

A vida de Amy e Lino foi recheada de escolhas.

Escolhas que trouxeram tristeza, escolhas que trouxeram felicidade.

Mas foram as suas escolhas.

E é assim que continuará a ser, até ao fim.

Porque a vida (e a morte) só a eles diz respeito.

 

 

Ver esta série fez-me, obviamente, recordar a morte da minha mãe, os problemas de saúde do meu pai, e o cancro de que me livrei a tempo e que, por pouco, podia ter feito estragos.

Fez-me pensar na minha filha, no quanto ainda quero estar presente na vida dela. No quanto ainda quero viver com ela.

E voltou a lembrar-me que as pessoas boas são sempre as primeiras a partir.

Embora, mais cedo ou mais tarde, todos sigamos o mesmo caminho.

 

Deixo aqui a música que mais me marcou no final da série:

 

"O Pacto", de Sharon Bolton

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Adolescentes fazem coisas de adolescentes.

Muitas vezes, coisas parvas, sem sentido. 

Algumas vezes, perigosas.

Adolescentes são, não raras vezes, inconsequentes.

E se, na maioria das situações, são inofensivos, ou são os únicos prejudicados com as suas acções, outras há que fogem do seu controlo, e acarretam consequências graves, que podem mudar a vida de todos.

 

Félix, Talitha, Amber, Daniel, Xavier e Megan são um grupo de amigos, adolescentes, a viver o seu último verão, sob o stress de saber os resultados dos exames, e antes da ida de cada um deles para a universidade.

Os seus dias incluem noitadas, álcool e tudo o mais a que os adolescentes têm direito.

E, ultimamente, algum perigo.

Sem medir as consequências, decidem, à vez, conduzir o carro da mãe de Félix na estrada, a alta velocidade, em contramão.

Na vez de Daniel, três pessoas morrem num acidente provocado por essa estupidez: uma mãe e duas filhas.

Nenhum deles presta auxílio. Nenhum deles pede ajuda. Nenhum deles quer ficar com a culpa.

 

Ou melhor, há um membro do grupo que, a determinado momento, se oferece para se declarar culpada perante as autoridades, sem envolver nenhum dos restantes, com duas condições: nunca se esquecerem dela e ficarem, cada um deles, a dever-lhe um favor, que ela decidirá, e poderá cobrar quando quiser, após sair em liberdade.

Todos assinam uma confissão, o acordo, e tudo é fotografado, servindo de garantia a Megan, caso algum deles pense em quebrar o acordo.

Megan é presa.

Cada um dos cinco segue com a sua vida.

E vinte anos se passam.

 

Agora, Megan saiu em liberdade, e quer reatar as antigas amizades, e cobrar os seus favores. 

Mas nenhum deles está disposto a fazê-lo, porque isso significa que, ou dão cabo da sua vida de uma maneira, ou de outra.

Certo é que Megan tem contas a ajustar. 

E, de repente, os amigos começam a desaparecer, ou a aparecer mortos.

Será que Megan mudou de ideias, e está a fazer justiça de outra forma?

 

É difícil escolher um lado, porque Megan sacrificou-se, abdicou de 20 anos da sua vida, sofreu na prisão, e todos lhe viraram costas. Mesmo agora, ninguém quer saber dela, e dificilmente voltará a ter uma vida normal. Ela não ia ao volante nessa noite. Ela não é uma assassina. Mas esse rótulo ninguém lho tira. 

Enquanto isso, cada um dos seus cinco amigos concretizou os seus sonhos, seguiu a sua vida, e estão bem.

Por outro lado, há favores que, simplesmente, são desumanos, egoístas. Não que alguns deles não mereçam, mas...

 

A verdade é que a história sofre uma reviravolta, os favores não chegam a ser cobrados, mas algo de estranho está a acontecer.

Daniel desaparece.

Megan desaparece.

Xavier aparece morto. Tal como Talitha.

E as vítimas não ficarão por aí.

 

A autora conseguiu levar a bom porto a sua missão, e incutir a desconfiança relativamente aos membros do grupo, a ponto de nos levar a pensar que, se calhar, não são assim tão inocentes como parecem, e podem estar a eliminar os seus companheiros, culpando Megan pelas mortes.  

"O Pacto" mostra como todas as acções têm consequências e que, mais cedo ou mais tarde, teremos que arcar com elas.

Mostra também como as pessoas, não só na fase da adolescência, mas também enquanto adultas, estão, tantas vezes, tão centradas em si próprias que não se dão conta ou, se o fazem, não se questionam sobre tal, de que algo se passa com os seus amigos.

Se é que, realmente, são amigos...

E se são, até que ponto, verdadeiramente, os conhecem?

Até que ponto se pode confiar neles, ou eles em si?

 

A resposta surge no fim, com uma surpresa inesperada a mudar tudo aquilo em que acreditávamos até aí!

 

 

 

Os "clientes de última hora"!

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Há clientes, e clientes.

Entre eles, os que vão em horário normal de expediente. E os que vão em cima da hora de fechar.

Visto pelo lado do cliente sabemos que, por vezes, a pessoa precisa mesmo daquele bem/ serviço, naquele momento, pelas mais diversas razões, e fica grata quando ainda é atendida, mesmo ali no limite, sem que a mandem voltar no dia seguinte.

Depois, há os que, simplesmente, não têm noção, nem bom senso, e acham que os funcionários devem estar sempre ali disponíveis, mesmo que já esteja na hora de encerrar.

 

Do outro lado, confesso que é extremamente irritante quando os clientes o fazem porque, na sua maioria (e muitas vezes conseguimos perceber isso), são pessoas que tinham tempo para ir antes, mas deixam para aquele momento só porque sim.

 

No outro dia, vi uma pessoa sentada à mesa, no café de um hipermercado, depois da hora deste encerrar as portas.

É certo que quem já está lá dentro, tem algum tempo para sair. Mas a pessoa podia ter pegado na garrafa de sumo, e no pão, e levado para comer noutro sítio qualquer.

Noutra ocasião, um conhecido meu lembrou-se que tinha que ir ao hipermercado e entrou quando faltavam 3 minutos para fechar.

Ontem, um cliente apareceu na loja onde a minha filha trabalha, faltava 1 minuto para ela fechar a porta. Tinha ido fazer as compras primeiro, porque ela diz que o dito vinha da zona do hipermercado (a loja fica no mesmo espaço).

 

É uma falta de respeito por quem trabalha. 

Por quem também quer dar o dia por terminado.

Por quem esteve ali a cumprir o seu horário, e quer ir para casa.

Por quem também tem vida, e família, para além do trabalho.

 

Haja consciência.

Uma coisa é uma necessidade, uma situação esporádica, uma urgência.

Outra, é fazê-lo por capricho, constantemente, sem pensar em quem está do outro lado.

 

 

 

É egoísta não querer ter mais filhos?

Desenho de mãe grávida para o dia das mães | Vetor Premium

É egoísta não querer ter mais filhos?

Eu sou mãe.

O meu marido nunca foi pai. Mas gostava de ser.

Eu já tive essa experiência. E, sinceramente, não me vejo a repeti-la novamente.

Numa fase em que a minha filha está uma mulher feita, a conquistar aos poucos a sua independência e, com ela, também a devolver um pouco da minha, não me vejo a voltar a passar por tudo o que um filho implica.

Não me vejo a perder noites de sono. Não me vejo novamente a dar biberãos, a mudar fraldas, a ouvir choros, a lidar com birras, a ter paciência para educar uma nova criança.

 

Ah e tal, mas não é uma experiência gratificante?

Gratificante é fazer voluntariado, por exemplo!

Gratificante é ajudar alguém, de alguma forma, e estar lá para ver que pudemos fazer a diferença da vida dessa pessoa/ animal. Que pudemos contribuir para proporcionar algo de bom.

E, ainda que seja gratificante dar à luz um ser vivo, criar, cuidar, proteger, educar, e vê-lo transformar-se num adulto... Ainda que seja parte de nós...

Ainda que tenha valido tudo o que vivemos...

Não significa que queira repetir.

 

Ah e tal, mas assim estás a ser egoísta! Estás só a pensar em ti!

Estou? Talvez!

Afinal, seria eu a carregar a criança durante meses, a ver o corpo modificado, a ter que aguentar enjoos e afins, e a sofrer as dores de parto. Já me dá o direito de ser um pouco "egoísta", não? 

Então, e se tiver um filho só para fazer a vontade ao parceiro, não estará ele a ser, igualmente, egoísta?

Mas, na verdade, não vejo isso como egoísmo.

Egoísta seria trazer uma criança ao mundo sem a mínima vontade de a ter, e de cuidar dela. 

Sem ter disponibilidade para ela.

 

E nem me venham com aquela frase que tanto irrita "ah e tal, mas eu ajudava".

Tretas. Não se trata de uma ajuda, trata-se de estarem lá os dois.

 

E, como é óbvio, quando se decide ter um filho, é uma decisão para a vida.

Uma criança não é algo que hoje se quer, mas amanhã já não.

Não é algo para o qual, hoje, até temos condições, mas que podemos descartar ou desistir, amanhã, se as coisas mudarem.

Não deve ser um capricho, um desejo do momento. 

É um compromisso a tempo inteiro. Em termos psicológicos, e financeiros.

 

Enquanto não houver condições para assumir esse compromisso (e isso vê-se perfeitamente no dia a dia, e nas mais pequenas coisas), não vale a pena sequer pensar no assunto "filhos".