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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

1 Foto, 1 Texto #36

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Em semana, e sexta-feira, santa, trago esta imagem, de um cardo, que deve o seu nome a uma lenda, em homenagem à Virgem Maria.

Diz então a lenda que, estando Maria a amamentar Jesus, baixou-se para apanhar a mantinha que o cobria, e que tinha caído ao chão, derramando leite dos seus seios em cima de um cardo, criando as "veias brancas" na folha da planta. 

E foi assim que a planta passou a ser chamada de Cardo-de-Santa-Maria ou Cardo-Mariano.

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1 Texto 

Consulta de otorrino: a sala da tortura

Ouvido entupido: como agir para aliviar o desconforto?

 

Há cerca de um ano fui referenciada para consulta de otorrinolaringologia, na sequência das minhas queixas de dificuldade em respirar, e por conta do meu desvio do septo nasal.

Penso que a minha médica de família o fez com o propósito de eventual cirurgia.

No início deste ano, tive consulta telefónica (à falta de vaga para presencial) de 5 minutos, e ficaram de agendar consulta presencial, que tive na passada sexta-feira.

E digo-vos, se depender de mim, e se não houver algo que me faça morder a língua, nunca mais lá volto!

 

Depois de explicar/ realçar que eu não tenho necessariamente dificuldade em respirar pelo nariz, mas sim dificuldade geral, sempre acompanhada de cansaço, dor nas costas e muito sono, a médica acha que a causa do meu problema não é o desvio do septo.

Portanto, é ir vigiando para ver se os meus sintomas, a nível nasal, não se agravam, caso em que terei que lá voltar.

Também viu a garganta, mas pelos vistos está tudo bem.

Assim, a consulta centrou-se, basicamente, nos ouvidos.

 

Ora eu, já em tempos, fiz limpezas aos ouvidos, mas estou habituada ao método do jacto de água morna, usado pelo médido no hospital.

Nunca me tinha visto numa espécie de sala da tortura, com o ouvido a ser furado, e escarafunchado, a sangue frio.

É que nem umas gotas, para ajudar.

Entrei lá bem. Saí de lá com uma dor de ouvidos que não aguentava. Como se estivesse com otite.

E se calhar... A verdade é que a médica receitou umas gotas que, fui ver depois, era um antibiótico.

É que até poderia ver o lado positivo: ouvido limpo, melhor audição.

Nada disso. Continuo a ouvir como antes.

E um ou dois dias depois até parecia estar a querer entupir.

O que uma pessoa sofre.

 

 

 

 

E de repente, passei a ser "a outra"!

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Chega uma pessoa aos 45 anos, para isto!

Perguntava o meu pai, ao meu irmão, onde é que eu trabalhava.

Como ele está com alguma confusão, o meu irmão pergunta se se estava a referir à Inês (neta).

Responde o meu pai: "Não, a Inês trabalha nos computadores. Estou a falar da outra." 

E é isto. Nem Marta, nem filha. Passei a ser "a outra"!

 

Isto até seria engraçado, se não fosse mau.

Ele já fazia alguma confusão antes, mas desde que teve covid e foi internado, para além de ter voltado fisicamente fraco, veio ainda pior a nível mental.

Claro que tem os seus momentos de normalidade, conversa, sabe o que diz mas, depois, tem momentos em que não sei o que se passa na cabeça dele.

 

Depois, como sou a única que mora ali quase ao lado, sou eu (ou marido, ou filha) que vamos lá ver se ele come.

E não gosto desse papel porque parece que só vou lá para lhe "enfiar comida na boca".

Porque ele precisa mesmo de comer e, se não andarmos em cima, petisca mas não se alimenta em condições. Mas não quero ser a "fiscal" de serviço.

Antes tomava a medicação habitual para o coração e rins.

Agora, reclama sempre que lhe dou os medicamentos.

Tem momentos em que não percebo se ele acha que eu vivo com ele, porque se eu saio, pergunta-me onde vou ou, quando chego, o que andei a fazer.

 

Por isso, nós vamos rindo, vamos relativizando, mas custa ver a pessoa que ele foi, e como está a ficar.

Ainda tem aquela garra de se levantar da cama. De ir até ao quintal apanhar sol. De, por exemplo, querer fazer a barba.

Mas passa o tempo entre cozinha, quintal e cama. Muito mais tempo na cama. 

Desde que veio do hospital, nunca mais quis ver televisão.

Acredito que ele já nem saiba como ligá-la. Mas mesmo quando pergunto se quer que ligue, responde que não.

Tenho a ideia de que ele também já não sabe atender o telefone, nem ligar para ninguém.

O que também não ajuda. 

 

E é isto. Chega aos 82 anos, e acho que alterna ali entre a vontade de viver mais uns tempos (ou não tinha pedido para ir ao hospital), e o deixar-se levar pelo cansaço.

Entre os momentos lúcidos, em que acreditamos que está a melhorar e que, com tempo, vai voltar ao estado anterior, e os momentos em que parece que essas melhoras não se estão a verificar, e que é uma questão de tempo, até se deixar ir.

 

Mas isto sou eu, que sou pessimista...

 

 

 

1 Foto, 1 Texto #35

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Mãos...

Mãos que louvam

Mãos que seguram

Mãos que aceitam

Mãos que se erguem

Mãos que oferecem

 

Braços...

Braços que se estendem

Braços que amparam

Braços que prendem

Braços que puxam

 

Tentáculos que nos aprisionam,

e dos quais não conseguimos escapar

 

Ânsia

Sofreguidão

Urgência

Impaciência

Desespero

 

Sangue que corre pelas veias

E nos lembra que estamos vivos

 

Neurónios, que nos comandam o cérebro e o corpo

Numa transmissão interminável de informações 

 

Tanto que poderia dizer sobre esta imagem
Mas deixo a interpretação dela para cada um de vós

 

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1Texto 

Das legislativas do passado domingo...

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Acredito que uma boa parte da população vota por simpatia com determinado partido ou representante, ou por hábito antigo.

Quantas vezes não ouvimos, sobretudo os mais idosos, dizer que votam em "x" partido porque sempre votaram. Porque os pais votavam. Ou porque gostam muito de "x" líder, porque é muito simpático.

 

Acredito que muitas pessoas votam por saturação com o mesmo de sempre, com esperança numa mudança. 

E que outras tantas o façam apenas numa atitude de desafio, de ser do contra.

 

Acredito que apenas uma pequena parte da população conhece os programas de cada partido, sabe distinguir as promessas exequíveis das promessas vãs, as medidas praticáveis das utópicas, e vota de acordo com aquilo que, dentro do que há, poderá ser o menos mal.

 

Pessoalmente, prefiro um partido que mostra as coisas como elas são, de forma prática, ainda que o cenário oferecido não seja cor de rosa, do que aquele que me diz tudo aquilo que eu gosto de ouvir. Que, no fundo, as pessoas querem ouvir.

 

No entanto, independentemente do motivo que leva alguém a votar, pelo menos, já levou a pessoa a exercer o seu direito.

Vejo sempre tantas críticas à abstenção mas, depois, se as pessoas vão às urnas, e votam, chovem as críticas porque votaram em determinado partido. Ou seja, quase querem que as pessoas levantem o rabinho do sofá e vão votar, mas apenas nos partidos que os outros acham bons.

 

Sou da opinião que, se a pessoa estiver convicta de que está a votar no que lhe parece melhor (ainda que na prática não o seja) deve fazê-lo, sem julgamentos, nem recriminações.

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