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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

A espiral

(1 Foto, 1 Texto #61)

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Caminhos que vamos percorrendo, em torno de um um determinado objectivo.

Voltas que vamos dando, em torno da vida.

Ora aproximando-nos.

Ora afastando-nos.

 

Uma linha que está sempre aberta. E que, muitas vezes, não nos leva a lado nenhum.

Que apenas nos faz andar em círculos, focados num ponto central, sem conseguirmos olhar para mais nada, à nossa volta.

Um ponto central que nos vai atraindo. Sugando. Puxando para si. 

Pronto a nos engolir.

 

Ou, pelo contrário, um ponto que nos guia.

Que nos faz manter o foco.

Que nos mantém no trilho certo, até ao destino.

Que nos lembra que podemos sempre fazer o percurso no sentido inverso ao que, inicialmente, iniciámos.

 

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1 Texto 

Histórias Soltas #29: Dualidades...

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Não sabia bem se era uma pessoa, naturalmente, complicada, ou se alguém que complicava as coisas sem necessidade.

Sabia que não gostava do incerto, de não saber com o que contar.

Não acreditava no destino e, talvez por isso, lhe custasse ainda mais acreditar que, algures no tempo, sem que estivesse à espera, coisas boas viessem a acontecer.

 

Era uma pessoa que gostava de tudo planeado, de saber tudo com antecipação.

Não era propriamente simpatizante de surpresas.

Por isso, aquele compasso de espera, sem saber bem o que esperar, era inquietante.

Sentia uma certa ansiedade.

Uma necessidade de antever o futuro.

A urgência de que tudo acontecesse rapidamente quando, o que mais precisava, sem o saber, era daquele tempo que, agora, lhe tinha sido dado.

 

Ou até sabia.

Sabia que tinha de passar por isso.

Que se tornaria uma outra pessoa.

Que aprenderia com esta nova experiência.

Mas queria fazê-lo sabendo que, lá à frente, haveria algo guardado para si.

 

Como se a vida desse garantias de alguma coisa a alguém.

Que atrevimento esperar que, consigo, fosse diferente!

Quanta petulância, achar que era uma peça diferente das outras, naquele jogo.

 

Enquanto isso, ia levando dia após dia, alimentando-se de histórias fictícias que, ainda que nunca permitissem saborear, deixavam o odor no ar, apaziguando o desejo de, também um dia, voltar a provar.

Mas, para quê?

Se sabia perfeitamente que, mais cedo ou mais tarde, as coisas voltariam a deixar de ter o mesmo sabor da primeira vez?

Para quê querer viver, novamente, algo que sabe que não é para si?

Para quê cair, novamente, no mesmo erro? E arrastar alguém para esses mesmos erros?

 

E, no entanto, continuava a querer!

Enquanto uma voz lhe dizia que não se metesse nisso, uma outra implorava para que ignorasse a primeira.

Até quando viveria nesta dualidade?

Porque é que, para algumas pessoas, parece ser tão fácil? Tão básico? Tão certo?

Mas não, totalmente, para si?

Porque é que, tantas vezes, era uma pessoa que sentia vontade de se enrolar sobre si própria, e assim ficar, como um animal que hiberna, para se poupar, conservando e armazenando energia no inverno, para depois sair da toca na primavera e, outras tantas, parecia não querer nada disso?  

 

Ainda assim, sentia-se uma pessoa grata.

Grata por lhe ser permitido viver, quando via tanta gente, à sua volta, perder essa luta, das mais variadas formas.

Grata por ainda poder experienciar essa confusão de sentimentos, tão típica do ser humano quando, a tantas outras pessoas, lhes foi vetada.

Grata por poder ter uma palavra a dizer, no rumo da sua vida, ainda que não faça a mínima ideia de para onde se dirigir.

Porque, apesar da incerteza, havia uma certeza que ninguém lhe poderia tirar: ainda tinha uma vida a ser vivida!

 

"A Imperatriz" - segunda temporada

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A nova temporada começa com todas as expectativas centradas na segunda gravidez de Isabel que, esperam, dê à luz o tão desejado herdeiro do trono.

No entanto, acaba por nascer uma segunda menina, e o parto complicado acaba por colocar a vida de Isabel em risco. 

E, ainda que que salve, não será aconselhável voltar a engravidar, pelo que haverá aqui um primeiro conflito entre vida pessoal, e deveres reais.

Por um lado, a pressão para engravidar quantas vezes forem necessárias, até conseguir o dito herdeiro. Por outro, o receio do que possa acontecer. E o querer ser mais do que uma mera parideira, com tudo o que está a acontecer no Império.

 

Isabel passará ainda por uma provação mais dura, que colocará em causa a sua vida, o seu casamento, e tudo aquilo pelo qual lutou.

Perdida, sem rumo, sem conseguir seguir em frente, Isabel refugia-se junto da sua família.

Enquanto Francisco sofre, sozinho, entre a iminência de uma guerra que não deseja, e as suas batalhas pessoais.

Mas se, na primeira temporada, Francisco parecia um mero "fantoche", aqui ele conseguirá, por fim, tomar uma atitude e fazer valer a sua própria vontade.

 

Destaque ainda para a abordagem castradora da homossexualidade na época, e para a educação rígida, com castigos e punições para "curar" e libertar do pecado, desde tenra idade.

E para o casamento do arquiduque Maximiliano com Maria Carlota da Bélgica. 

Exilado após a traição ao irmão e ao Império, Maximiliano não vê qualquer sentido na sua vida, até que o irmão o chama para uma missão.

Agora, sendo-lhe dada uma oportunidade de se redimir, e apaixonado, Maximiliano acredita que recuperará o apoio, e o amor, da sua família.

Mas, talvez, seja puro engano.

 

Nesta temporada conseguimos ver, também, um pouco de humanidade na arquiduquesa Sofia, mãe do imperador que, até então, estava camuflada.

Conseguimos ficar com uma ideia de que, por tudo o que passou ao longo da sua vida, Sofia teve que colocar uma carapaça de mulher fria, rígida e insensível, escondendo qualquer sentimento dos olhares de todos à sua volta.

É essa a imagem que tenta passar, a de uma mulher prática, calculista, ciente dos seus deveres, e do seu papel, enquanto mulher, na sociedade, colocando o Império acima de tudo. E é isso que espera das mulheres da família.

Apesar disso, por breves instantes, percebemos que pode ser uma mulher afectuosa.

Que se preocupa, à sua maneira, com a sua família.

E que também quebra.

Será essa, aliás, a imagem mais marcante da temporada.

 

Com 6 episódios, a segunda temporada deixa tudo em aberto.

Espero que não demorem outros dois anos a dar-nos a continuação da história.

 

 

 

 

Imagem: netflix

 

"O Feitiço", na Netflix

Spellbound | Netflix Media Center 

 

"O Feitiço" é uma dos poucos filmes de animação que aborda o tema da separação ou divórcio de um casal, e a forma como a relação entre um casal afecta toda a dinâmica familiar, nomeadamente, os filhos.

 

Nesta história, Ellian vê os seus pais transformados em monstros, após um feitiço que lhes foi lançado. Na verdade, foram os próprios a proporcionar esse feitiço, sem o saber. 

O casal, outrora apaixonado e cúmplice começou, com o passar do tempo, a não se entender. A discutir, por tudo, e por nada.

O amor, a compreensão e a amizade deram lugar à irritação, à intolerância, à raiva. 

E esses sentimentos negativos atraíram para si forças obscuras que os transformaram em monstros.

 

Agora, Ellian, sabendo que não pode, por muito mais tempo, aguentar esta situação, e mantê-la em segredo, tenta, de todas as formas, recuperar os seus pais, e a vida como era antes, com os três juntos.

Só que, quando os pais se apercebem do que originou toda a situação, compreendem que nada poderá voltar a ser como antes, o que fará com que, desta vez, seja Ellian a correr o risco de, também ela, se transformar num monstro.

 

Porque Ellian atingiu o seu limite.

Pensando que os pais nunca pensam em como ela se sente, que só se preocupam consigo mesmos.

Acreditando que os pais não a amam.

E que se sacrificou, e tentou de tudo, em vão.

Cabe aos pais mostrar-lhe que, independentemente de tudo, o amor que sentem por ela é o mais importante.

 

A lição do filme é a de que, ainda que um casal se separe, os filhos continuarão a ser amados por ambos.

Sim, a rotina e a dinâmica familiar mudam. Mas isso não tem que, obrigatoriamente, ser mau.

Se houver um esforço conjunto, criar-se-ão novas dinâmicas, e os filhos sairão resguardados e protegidos por ambos.

E, muitas vezes, é preferível uma separação, mantendo a humanidade, do que viver a vida toda juntos, como "monstros", ignorando que há pessoas, por quem são responsáveis, a sofrer as consequências dos actos dos pais.

 

Para mim, o ponto mais negativo deste filme é, sem dúvida, o excesso de música cantada pelas várias personagens.

Era desnecessária. 

Poderiam ter perdido menos tempo em cantorias, e passar mais depressa à acção em si.

A música principal, e mais bonita de todas - The Way It Was Before, de Lauren Spencer-Smith, seria suficiente para fazer o filme brilhar, e passar a mensagem.

 

 

Histórias Soltas #28: Cumplicidade

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Todos os dias, à mesma hora, os via por ali.

A brincar um com o outro, entre risadas, abraços e beijinhos.

E assim ficavam, alguns minutos, até à despedida.

 

Um último abraço.

Um último beijinho.

E um adeus.

Era o momento dela partir, e viver o seu dia.

 

Quando a perdia de vista, também ele seguia o seu caminho.

Também ele teria pela frente um longo dia.

Mas a promessa de que, no final da cada um desses dias, era certo o reencontro.

 

Não era muito comum, nos dias que corriam, ver cenas como aquela.

Mas eram bonitas de observar e presenciar, ainda que de passagem.

A cumplicidade existente entre aqueles dois seres...

 

... um pai, e uma filha!

 

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