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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Uma espécie de votos para 2025

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Estamos a chegar ao final de mais um ano.

Mais um, que passou num piscar de olhos.

O tempo cada vez corre mais rápido, ainda que, em cada dia vivido, pareça que o tempo se arrasta devagarinho.

 

Assim, como habitualmente, num balanço deste ano, que agora termina, aqui ficam alguns votos para o ano que está prestes a chegar:

 

  • Encarar a vida como um guião, que pode sempre ser revisto ou alterado
  • Evitar varrer o lixo para debaixo do tapete
  • Evitar tentar encher um copo que já está cheio
  • Não insistir, quando duas peças parecem não encaixar
  • Deixar de dar balas ao inimigo
  • Privilegiar a paz e o sossego
  • Não abusar dos filtros da vida – por vezes dão jeito, mas há que encará-la como realmente é
  • Perceber que, por vezes, determinadas coisas, são tudo o que precisamos
  • Perceber que tudo tem o seu tempo
  • Não perder a esperança, porque há sempre algo que nos surpreende
  • Evitar voltar atrás, tentando sempre caminhar em frente
  • Viver o momento

 

Feliz 2025!

A "ressaca" do Natal

(1 Foto, 1 Texto #65)

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Depois da correria, da azáfama, da euforia, e da noite de festa, eis que o dia amanhece tranquilo.

E, surpreendentemente, tendo em conta o frio dos últimos dias, quente!

Pelo menos, pela hora de almoço.

 

A "ressaca" do Natal faz-se sentir.

As pessoas acordam mais tarde.

E, muitas, deixam-se ficar em casa.

Afinal, ainda há um almoço. Mais comida e bebida. Mais celebração.

 

Mas há, também, que pôr a casa em ordem (mínima).

Há papéis de embrulho, caixas e caixinhas, sacos e saquinhos, fitas, laços e lixo para despejar.

Arrumar, nem que seja provisoriamente, os presentes recebidos.

 

E há a própria vida, que segue, porque é mais um dia.

Mas as ruas da vila estão desertas.

Só uma ou outra pessoa a passear o cão, mais por obrigação, do que vontade de sair.

Um ou outro corajoso, a fazer exercício. Quem sabe para compensar os excessos da noite.

 

Os cafés estão fechados e, por isso, o convívio faz-se em casa.

Embora meia dúzia de "gatos pingados" tenha vindo à rua fumar.

E trocar dois dedos de conversa.

Talvez para fugir, por instantes, do ambiente familiar.

 

Até o sol parece ter pouca vontade de se fazer sentir, deixando as nuvens levarem a melhor durante a tarde.

Uma tarde meio cinzenta, parada, calma, insossa.

À excepção das cabrinhas, que por ali andam a ver o que se pode comer. 

E dos coelhos bravos que, àquela hora, estão animados, e prontos para a correria.

 

Na objectiva, o retrato de um dia prestes a despedir-se.

Um último raio de sol.

Uma vila solitária e recolhida.

Gente que, naquele dia, fica dentro de portas, a recuperar para o dia seguinte.

A "ressaca" da "ressaca do Natal"!

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1 Texto 

Um Conto de Natal felino

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Era véspera de Natal.

E, como todas as crianças, Julieta vibrava com esta época que, para ela, era especial.

Ainda acreditava no Pai Natal, na magia, no mistério.

Naquela manhã, no entanto, Julieta estava pensativa.

Talvez por estar a crescer. Ou a encarar as coisas com outros olhos.

E resolveu perguntar à sua mãe o que significava, para ela, o Natal.

A mãe respondeu-lhe que, no final daquele dia, lhe satisfaria a curiosidade, e lhe explicaria a resposta à sua pergunta.

Julieta, não muito satisfeita, questionou porque teria de esperar tanto tempo para a mãe lhe dar uma resposta tão simples.

Mas a mãe disse-lhe que, depois, veria por si mesma, o porquê da espera.

E assim passou, Julieta, o dia, ansiosa, curiosa, expectante sobre o que a sua mãe teria querido dizer com aquilo.

Por entre os preparativos para o jantar, ajeitar as prendas ao redor da árvore, e enviar e responder às típicas mensagens natalícias, de parentes, amigos e conhecidos. Por entre músicas e filmes alusivos à quadra, brincadeira e azáfama, chegou a tão aguardade noite.

E, com ela, o momento pelo qual Julieta tinha esperado.

A mãe chamou-a, para espreitar pela janela, e observar a cena que acontecia lá fora, no jardim: uma mãe gata, e o seu filhote, ambos sem dono, abandonados à sua sorte, na rua, tinham vindo fazer a sua ceia de Natal.

Julieta, encantada, exclamou: "Olha, mãe, é a vampirinha que costuma vir aqui todos os dias! E trouxe companhia!"

A mãe, então, explicou-lhe que assim era, porque Julieta, ao deixar todos os dias, uma tacinha com comida, e outra com água, no jardim, para quem precisasse, tinha feito com que aquela gata soubesse que ali poderia alimentar-se. E que, talvez, fosse seguro.

Por isso, naquela noite, a mãe gata, quem sabe querendo proporcionar, também ela, um Natal diferente ao seu filhote, achou que poderia levá-lo ali, e comerem os dois, juntinhos.

Ainda que sempre de olho em tudo ao seu redor, zelando pela segurança de ambos.

E, assim, a mãe de Julieta explicou, então, à mesma que, para si, aquilo era o verdadeiro significado do Natal.

Natal é isto:

É aquilo que podemos fazer, todos os dias, para melhorar a vida de alguém, seja animal ou humano. Pequenos gestos. Empatia. Bondade.

Dar um pouco de alegria e esperança, a quem precisa.

Dar um pouco de nós, aos que nos rodeiam.

Não soube se Julieta percebeu a mensagem ou não porque, entretanto, foram jantar, abrir as prendas e, mais tarde, dormir, sem que Julieta fizesse mais perguntas.

Mas quis acreditar que, percebendo ou não, a sua filha já punha em prática esse espírito.

E isso era o mais importante!

 

 

Em resposta ao desafio natalício da Isabel

"La Palma", na Netflix

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Uma série de apenas 4 episódios, que aborda uma hipotética catástrofe natural, na ilha de La Palma.

Em plena época natalícia, e cheia de turistas, entre eles uma família norueguesa que tem, por hábito, ali passar a quadra todos os anos, há um perigo à espreita: um vulcão prestes a entrar em erupção, e um tsunami capaz de causar estragos inimagináveis.

 

A narrativa intercala entre o trabalho dos investigadores e o seu dever de alertar, quem de direito, para as suas descobertas e perigos que podem representar, o protocolo a adoptar pelas entidades competentes e o conflito de interesse entre trabalho e família, e os problemas normais das famílias, entre casais, irmãos, pais e filhos.

 

Por um lado, temos uma jovem investigadora que lança o alerta, e um chefe que não quer cometer o mesmo erro do passado, que quase o fez perder o trabalho, por causar o caos desnecessariamente, por uma ameaça que não se concretizou.

A questão que se coloca é: é preferível o caos, ainda que, no final, tudo corra bem, ou manter a calma e toda a população na ignorância, até ser tarde demais, e ninguém se salvar?

 

Por outro, trabalhando para uma entidade que tem conhecimento da iminente catástrofe, e sabendo que a sua família corre perigo, o que fazer?

O protocolo diz que, nestes casos, não se pode dar prioridade à família, devendo agir com total isenção de interesses.

Mas é difícil. E nem sempre possível, mesmo para as pessoas aparentemente mais frias.

 

Marie é a jovem investigadora que dá o alerta.

E, tanto para ela, como para o irmão, Erik, é ainda mais pessoal, porque são ambos sobreviventes de um anterior tsunami, que lhes levou os pais.

Por isso, embora tenham as suas desavenças, farão de tudo para não terem que reviver o passado, e salvarem-se um ao outro.

 

Quanto à família norueguesa, Jennifer e Fredrik são um casal que parece não estar nos seus melhores dias. Enquanto ela tem apostado em manter a sua saúde física e mental, Fredrik parece não seguir a mesma onda, mesmo com problemas de saúde, desleixando-se e, sem se dar conta, descurando a mulher.

Para além dos problemas conjugais, têm ainda que lidar com um filho autista, e uma filha adolescente à descoberta do amor, com todas as inseguranças inerentes à mesma, acrescidas do facto de perceber que é lésbica, e o que isso significa em termos de discriminação.

No meio da crise, das discussões, dos ciúmes, e das acusações de parte a parte, Jennifer e Fredrik percebem que tudo isso é tão insignificante, quando estão prestes a perder a vida, e a perder-se uns aos outros.

Tudo pode ser resolvido, menos a morte.

 

E o tempo está a contar.

Perante o aviso, agora do conhecimento público, e com a falta de meios para sair da ilha e procurar um refúgio seguro, tal como no Titanic, em que os salva-vidas não chegavam nem para metade dos passageiros, também aqui, nem todos terão a mesma sorte.

Haja dinheiro, e conhecimentos, mas também coração, coragem e fé.

Porque a lava está a descer a alta velocidade, e a onda gigante já vem a caminho, para arrasar com tudo.

E não só em La Palma.

 

Uma das cenas mais surpreendentes da série, é o momento em que os investigadores Haukur e Álvaro se dirigem ao topo da montanha, em pleno coração do vulcão, para ali morrer, em grande, junto àquilo que toda a vida estudaram.

Vale a pena ver!

 

 

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