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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

A "hora dourada"

(1 Foto, 1 Texto #70)

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Podemos encontrá-la em dois momentos do dia: logo após o nascer do sol, e imediatamente antes do pôr do sol.

É considerada, pelos fotógrafos, a melhor hora para se conseguir boas fotografias, as melhores imagens.

E porque não juntar, à "hora dourada", os tons dourados?!

 

 

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A "hora dourada" é, também, num outro contexto, usada para descrever a primeira hora do bebé após o nascimento, fora do útero materno, nos braços e colo da mãe.

Hoje, dia em que a minha mãe faria anos, se ainda cá estivesse, esta "hora dourada", e as flores que a ilustram, são também para ela.

 

Texto escrito para o Desafio 1 Foto, 1 Texto 

"A Lista do Sr. Malcolm"

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Um filme romântico de época, que põe à prova relações de amizade, e o amor entre os vários protagonistas.

Julia é uma mulher fútil e mimada, que fica furiosa com a rejeição do homem mais cobiçado da temporada - Sr. Malcolm - que, fica ela depois a saber, tem uma lista exigente sobre as características que procura na mulher que virá a escolher para esposa.

 

Já a sua amiga Seline é uma mulher sem grandes títulos ou posses financeiras, que vive no campo, mas muito culta e informada, para além da sua beleza natural, e muitos outros predicados que poderão preencher os requisitos impostos por Malcolm.

 

Assim, Júlia convida Seline para passar uma temporada na sua casa, e conquistar o Sr. Malcolm, para depois entregar, ela mesma, a sua lista de exigências para um homem. Esta seria a sua forma de se vingar da rejeição, fazendo-o provar do próprio veneno.

Só que Seline e Jeremy apaixonam-se de verdade.

 

Da mesma forma que Júlia começa a gostar de Henry.

Só que ela é tão egoísta e invejosa, e está tão ressabiada, que não só não assume o interesse, como também não permite que a sua melhor amiga seja feliz.

E quando percebe o disparate que fez, e o que está a pôr em risco, pode ser tarde demais para corrigir os erros.

 

É um filme mediano.

Vê-se bem mas não é arrebatador. 

Tempestades

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Olhando para o caos em que se está a transformar a minha vida, não sei se não prefiro embrenhar-me na tempestade lá fora, em vez de permanecer onde estou.

Talvez o meu estado de espírito se coadune mais com a chuva, com o vento, com o cinzento escuro do céu, do que com a falsa protecção de um tecto.

Talvez a manifestação da minha revolta, tristeza, desassossego, combinem mais com a da própria natureza, do que com o conforto, o aconchego e a segurança de uma bebida quente, de um abrigo. 

Talvez me sinta mais "em casa", lá fora, libertando o que guardo cá dentro, do que livre, cá dentro, enclausurando tudo dentro de mim, e destas quatro paredes.

 

 

Todos nós lá chegaremos, mas...

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... não é fácil.

Está a fazer três anos que o meu pai foi diagnosticado com insuficiência cardíaca, e insuficiência renal.

Desde então, já algumas vezes se foi abaixo, já algumas vezes tememos o pior, e outras tantas, deu a volta e mostrou vontade de por cá continuar.

Desde então, foram algumas as viagens, consultas e um segundo internamento a deixarem-no debilitado, mas de volta a casa, para recuperar.

Desistiu das consultas, rejeitou as eventuais cirurgias, e rejeitará, provavelmente, quando chegar a hora, a hemodiálise.

 

Nestes três anos, com os problemas de saúde a pregarem umas partidas, ficou mais dependente.

A cabeça também não está nos melhores dias. Embora ele tenha plena consciência da sua situação e dificuldades.

É difícil ter uma conversa normal com ele, faz muitas confusões, esquece-se do nome das coisas, temos quase que decifrar o que ele quer dizer.

Para falar com alguém ao telefone, tem que ter alguém para lhe "traduzir" o que, do outro lado, está a ser dito.

 

Ultimamente, queixa-se dos pulmões.

Nota-se a respiração acelerada.

O cansaço.

Uns dias dorme. Outros, nem por isso.

Mas não quer ir ao hospital. Não o censuro. Nem obrigo.

Ele conhece os seus limites e, sempre que se viu aflito, pediu para ir.

Mas a verdade é que, queiramos ou não, está o relógio a andar, em contagem decrescente.

 

Ontem, lembrou-se que tinha que cortar o cabelo.

Pediu ao meu tio para marcar hora no barbeiro.

Num dia de temporal.

Foi apanhar o autocarro da vila, duas horas antes. Não sei, sequer, se passou.

Não sei se não cai, se não escorrega por causa da chuva, se não se engana no barbeiro.

E ainda vai ter que esperar, na rua, que este abra.

 

Sei que vai apanhar frio.

Provavelmente, chuva.

Não sei como vai para casa. 

Pedi para, caso estivesse a chover, chamar um táxi.

Teimoso como é, ainda é capaz de ir a pé.

E, depois, é mais cansaço, e mais uma noite com dores, pelo esforço.

 

Eu sei que ele quer manter e dar uso à pouca autonomia que ainda tem.

Mas, por vezes, isso depois, se correr mal, traduz-se em mais dependência.

 

Não posso ligar para ele, porque ele nem saberá atender o telemóvel (já confunde as teclas) e, mesmo que o atenda, não me ouvirá, pelo que não serve de nada.

Enquanto isso estou eu, aqui, com o "coração nas mãos".

 

Oh senhora, não tem que compreender, só aceitar!

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Acabaram de me ligar, a impingir um seguro de saúde.

Início de conversa da praxe, começa logo mal quando não me pergunta se é oportuno ou não falar no momento.

Nunca é! Mas pronto.

 

Informo a operadora de que estou no meu local de trabalho, e não tenho disponibilidade.

"Ah e tal, mas o que lhe ia dizer é rápido."

Assenti então.

 

Bla bla bla... seguro... bla bla bla... (confesso que não estava a prestar a mínima atenção à leitura do guião), e eis que o telefone toca.

Interrompo-a, dizendo que não tinha mesmo tempo, que tinha que desligar mas que, de qualquer forma, de momento, não estava interessada.

"Ah e tal, mas este é o momento! Tem que prevenir, em vez de remediar."

Novamente, explico que não tenho interesse.

"Ah e tal, mas não consigo compreender. Já tem algum seguro de saúde, é isso?"

Já a começar a ventilar, respondo-lhe: "Oiça, não tem que compreender. Só tem de aceitar. Se lhe estou a dizer que não estou interessada, não estou interessada. Não tenho que lhe dar justificações."

 

Escusado será dizer que a despedida, por parte da operadora, foi bem menos simpática do que a saudação!

Eu sei que estão a fazer o trabalho deles mas não há paciência para tamanha insistência e inconveniência.

 

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