Abutres
Ninguém dá por eles, disfarçados que andam, ou escondidos, até perceberem que chegou a sua hora de atacar.
Sem dó, nem piedade.
Sem qualquer consideração, ou respeito.
Afinal, as suas necessidades são mais urgentes que qualquer espera, ainda que meramente simbólica.
E um corpo morto já não importa a mais ninguém. Mas, para eles, é puro alimento.
Então, é vê-los chegar, a ver se conseguem ter sorte.
É isso que tenho sentido nestes dias: que há "abutres" escondidos no meio de nós que, de repente, começaram a mostrar-se!
Sobretudo, para ver se ficam com a casa que o meu pai tinha arrendada e que, agora, ficará disponível.
Mas não só.
Surgiram também outros pedidos, ainda no próprio cemitério, com o meu pai acabado de enterrar. E de pessoas que, em vida, pouca atenção lhe deram.
Suspeito que ainda andarão a pairar por aqui, nos próximos tempos.
É ignorá-los.
Relevar a falta de tacto, e ter muita paciência.