Falso moralismo
Irritam-me, profundamente, aquelas pessoas que criticam, nos outros, aquilo que elas próprias fazem.
Como quem procura, desesperadamente, nos outros, algo que possam usar contra eles mas, no fundo, o que encontram, é apenas o seu próprio exemplo reflectido.
Como um espelho.
Como um boomerang que atiram aos outros, mas que volta sempre para si mesmas.
Irritam-me aquelas pessoas que, em vez de assumirem os seus erros, tentam fazer-se passar por vítimas, colocando a culpa de tudo nos outros, exonerando-se totalmente da mesma.
Como se não tivessem, muitas vezes, sido as causadoras das situações.
Ou não tivessem contribuído para tal.
Como se fossem absolutamente inocentes.
Irritam-me aquelas pessoas que, no que a si mesmas, e àquilo que fazem, diz respeito, tentam desvalorizar a relevância que, ao mesmo tempo, e na mesma proporção, e idênticas circunstâncias e situações, fazem questão de sobrevalorizar nos outros.
Como quem usa, no seu dia a dia, e na sua vida, a regra "dois pesos e duas medidas", conforme se trata de si, ou dos outros. E, ao mesmo tempo, e contraditoriamente, insistem, em circunstâncias e situações distintas, em querer comparar o incomparável.
No fundo, irrita-me o falso moralismo das pessoas que, se pensassem um bocadinho antes de abrir a boca, perceberiam que o melhor a fazer era estarem caladinhas.
Porque, já diz o ditado: "Quem tem telhados de vidro não atira pedras ao do vizinho."