Na corda bamba
A sensação que tenho, nestes últimos tempos, é de que estou a andar sobre uma corda bamba.
Não faço, sequer, a mínima ideia se, ou por quanto tempo, vou conseguir percorrê-la em equilíbrio.
Porque, quando comecei, devagarinho, pé ante pé, até estava confiante de que, talvez, quem sabe, fosse uma missão possível de levar a cabo, e com sucesso.
Mas bastou meia dúzia de passos para perceber que não.
Para me relembrar que, aceitar este desafio, implicava passar o tempo todo em sobressalto.
Sabendo que, a qualquer instante, poderia cair para um lado, ou para o outro.
Sem qualquer segurança.
Que, se, ou quando, isso acontecesse, me iria magoar.
E que, com sorte, o empurrão fatal poderia vir daqueles que tinham prometido nunca me deixar cair.
Não foi por inocência.
Não foi por ignorância.
Não foi para provar o que quer que fosse, a quem quer que fosse.
Não foi, sequer, por mera competição. Para levar a melhor.
Estava bem ciente daquilo a que ia, e do que poderia aí vir.
Mas, claro, quando estamos no meio da cena, a perspectiva muda, relativamente àquela que imaginávamos, antes de entrarmos nela.
Porque, aí, sentimos de perto a ameaça.
Vemos a dimensão da queda que nos espera.
E as mazelas que ela acarretará.
A única forma que tenho, de continuar o percurso, é alhear-me do que me rodeia.
Não permitir que as distrações me desestabilizem. E me desequilibrem.
Ignorar o ruído de fundo. Ignorar o óbvio. Abstair-me do perigo que corro.
O que, neste momento, está a ser difícil.
Ou, então, dar-me por vencida.
Afinal, gosto de saber com o que conto.
Ter os pés bem assentes em terra firme.
Prefiro a segurança, à instabilidade.
Posso até tropeçar, e cair na mesma.
Mas o tombo não será tão grande.