Carnaval
Envolto em grande polémica chegou, por fim, o dia de Carnaval!
O dia em que ninguém leva a mal e, por isso mesmo, fico na dúvida se será o dia em que aproveitamos para fazer aquelas brincadeiras que no resto do ano não nos atrevemos, ou se será uma mera desculpa para justificar qualquer tipo de actos que, ocorridos fora desta época, seriam condenáveis.
Na sexta-feira, quando fui levar a minha filha à escola, passei como sempre, por três escolas (2º e 3º ciclo do ensino básico, jardim de infância e secundário). Vimos vários estudantes com o seu traje normal, mas também diversas crianças mascaradas para o desfile que se iria realizar nessa manhã! Alegria e euforia, e fatos engraçados, deslumbrantes, originais e surpreendentes! Mais nada! Mas, seria preciso mais alguma coisa?
Quando eu era pequenina, era assim que eu vivia o Carnaval. Depois, comecei a detestá-lo. Porquê? Porque no meu tempo de escola, Carnaval era sinónimo de balões de água, de ovos, de espuma de barbear e tudo o mais que se lembrassem de utilizar para brincadeiras de mau gosto, nas quais me via envolvida mesmo não tendo aceitado participar nelas.
Enquanto estudei, todos os anos encarei esta época como um tormento. Sempre em alerta, dentro da própria escola, ou enquanto fazia o meu percurso casa/escola e vice-versa, com medo que algum grupinho estivesse de plantão, à espera da minha passagem, para me brindar com o bombardeamento da praxe! Nas férias, nem me atrevia a sair de casa. E, mesmo assim, na quarta-feira de cinzas, ainda não tinha bem a certeza de ter realmente terminado o pesadelo!
De há uns anos para cá tenho constatado, positivamente, que essas brincadeiras parvas têm vindo a diminuir ou mesmo a deixar de existir. A prova é que este ano, como atrás referi, não se viu nada!
Seria bom que, mesmo entre os adultos, o espírito do Carnaval se traduzisse nos desfiles de mascarados, em bailes, em festa, em brincadeiras entre amigos, e deixassem de incomodar e, muitas vezes, fazer mal às outras pessoas só porque “é Carnaval, e ninguém leva a mal”.
Será normal furar pneus dos carros, rebentar caixas de correio ou atirar baldes de água para cima de idosos? Obviamente que não!
Porque nem o Carnaval justifica tais actos, provocados por meia dúzia de “gatos-pingados” que se julgam os maiores, e que não têm mais nada para fazer senão vandalizar o que lhes apetece, e quem lhes dá na real gana!
Talvez um dia venha novamente a gostar do Carnaval mas, por enquanto, continua a ser um daqueles dias que podiam riscar do calendário! Afinal, já nem tolerância de ponto há!