Tradição injusta
Ainda há uma longa e dura batalha a travar, em defesa dos direitos humanos, num mundo em que ainda persistem tradições que atentam justamente, contra o direito à vida e à justiça.
Num mundo em que são as próprias vítimas a ser condenadas por crimes que contra ela, outros cometeram.
No Afeganistão, um grupo de polícias raptou, violou e torturou, durante cerca de cinco dias, uma jovem afegã, de 18 anos. Um dos homens identificados, terá sido enganado por um familiar da jovem, e foi esta a forma que encontrou de fazer justiça pelas próprias mãos.
Manda a tradição tribal afegã que, quando a mulher mantém relações fora do casamento (ainda que forçada), desonra a família e, portanto, deve tirar a própria vida para evitar que a humilhação afecte a família, limpando assim a honra da mesma. Caso não o faça, compete ao pai e aos irmãos fazê-lo.
Significará isto que, quem pratica o verdadeiro crime, fica impune, e a vítima paga pelos actos do criminoso? Que a justiça para quem sofreu o que sofreu, é ser condenada a pena de morte? Haverá alguém mais desonrado que a própria vítima? Uma vítima que nada tinha a ver com os acertos de contas entre terceiros e que, à custa disso, está agora a um passo da morte?
Felizmente, o clã de jovem violada ousou desafiar a tradição ao, pedir justiça para que a sua filha não tenha o triste destino que tantas outras, provavelmente, tiveram.
É, de facto, uma tradição muito injusta!