Dar o exemplo
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Pedro Soá foi um dos concorrentes que mais deu (e ainda dá) que falar, deste Big Brother 2020, pela postura que manteve dentro da casa, e atitudes que levaram à sua expulsão do reality show.
Cá fora, arrepende-se desse comportamento. Diz que, se voltasse a entrar, agiria de outra forma.
Ao lado da namorada, parecem formal um casal como outro qualquer. Ela diz que ele nunca foi agressivo consigo. Talvez... Sinceramente, tenho dúvidas. Mas isso é lá com eles.
Disse Pedro Soá “Eu sou uma pessoa muito controlada, porque eu uso a argumentação, é o meu ponto forte.”
Talvez seja por isso que ele afirma, ao ver as imagens, que parecia estar a observar outra pessoa que não ele.
Porque, a julgar por todas as atitudes, comportamentos e palavras, controlo foi algo que não existiu da parte dele, a não ser o "controlo" que detinha sobre alguns dos seus colegas. E argumentação? Bom, quando ela é inexistente, parte-se para a agressividade, para a violência, para os gritos...
Existem muitos Pedros Soás por este mundo fora.
Pessoas que são divertidas, simpáticas, amigas, companheiras, educadas, normais. Mas que, de um momento para o outro, sob stress ou pressão, ou quando as coisas não correm como querem, ou quem queriam não age como esperariam, na impossibilidade de manterem uma conversa ou mostrar o seu ponto de vista, exaltam-se, enervam-se, transformam-se em pessoas das quais, quem está ao lado, tem medo, Surge um lado mais agressivo, ainda que na maioria das vezes só verbalmente, mas que pode facilmente chegar à agressividade física.
"Nunca seria capaz de agredir a Teresa", garantiu Pedro.
Talvez...
Esse é o argumento ouvido na maioria das vezes "ah e tal, eu estava assim mas nunca chegaria a esse ponto", "ah e tal, eu estava enervado mas nunca agrediria ninguém".
Até podia nem ser essa a intenção. Mas, no calor do momento, e cegas, essas pessoas nunca poderão garantir que uma agressão física nunca iria acontecer. Porque nem eles sabem.
E para quem está do outro lado, fica sempre a dúvida: "Desta vez, não aconteceu. Mas, e para a próxima?"
Não são raras as vezes em que essas pessoas acham que não fizeram nada de mais. E que até resultou. Que se fizeram respeitar dessa forma.
Para mim, isso não é respeito. É medo.
Intimidar é muito diferente de fazer-se respeitar.
Porque o respeito não se ganha com gritos, com agressividade, com violência. Pelo contrário.
Ganha-se pelo exemplo. Pelas atitudes correctas, que devem prevalecer. Pela firmeza. Pela calma.
Como vários colegas afirmaram, Pedro Soá intimidava.
Mas aposto que nenhum deles irá algum dia respeitá-lo.
Neste momento que estamos a viver, mais do que nunca, é urgente privilegiar a informação, e não a desinformação, e manter a sanidade mental.
Assim, deixo aqui alguns conselhos (que valem o que valem) para quem quiser levar e adotar:
Os pais são o principal exemplo para os filhos. A sua referência.
Muitas vezes, os seus ídolos, as pessoas que mais admiram.
Como tal, é normal que, até pela educação que lhes é dada, por esses pais, os filhos tenham vários comportamentos e atitudes semelhantes aos pais.
E isso acaba por incluir as mesmas qualidades, e os mesmos defeitos que, quando colocados frente a frente, chocam.
Sobretudo quando essas características são influenciadas por gerações diferentes, e pela sociedade em que cada uma dessas gerações se insere.
Todos sabemos que, muitas vezes, as discussões entre pais e filhos surgem mais pelas semelhanças entre ambos, do que pelas diferenças.
Se pais e filhos são determinados, vão querer levar a sua avante, achando que a sua forma é a melhor. Se pais e filhos são teimosos, cada um vai puxar para o seu lado a razão. E por aí fora.
No outro dia, num filme que vi, mãe e filha tinham ideais muito semelhantes mas, ainda assim, elas chocavam uma com a outra.
Porquê?
Porque aquilo que, na geração da mãe, era tido como coragem e determinação, numa época em que esses comportamentos não eram muito aceitáveis, hoje, apenas representa algo banal, aceitável e, como tal, ineficaz, sendo necessário enveredar por outro tipo de acções, que causem impacto e levem à mudança, na geração actual.
A mãe ainda não se tinha apercebido que, de certa forma, a filha queria seguir o mesmo caminho da mãe, mas com as ferramentas que existem agora à sua disposição, e que são mais úteis que as da mãe.
Por outro lado, a filha encarava cada refutação, cada questão, cada confrontação da mãe, como um ataque, como manifestação de superioridade, revoltando-se, e sentindo-se inferiorizada ou desvalorizada.
Quando, na verdade, a mãe apenas o fazia para que ela pudesse mostrar a sua opinião, debater, expôr as suas ideias e formas de ver o mesmo problema, tal como, anteriormente, a sua própria mãe tinha feito com ela.
É nessa partilha, nesse debate, que se quer saudável, que surge aquilo que nos enche o coração: o orgulho recíproco!
É nesses momentos que percebemos que os nossos filhos cresceram numa outra época, e devem dar uso às ferramentas que têm ao dispor, bem melhores que as nossas, que já estão obsoletas.
E, quando os vemos em acção, não conseguimos esconder o orgulho que sentimos por ver como cresceram, e como fazem bom uso daquilo que lhes transmitimos, mas lhe dão, ao mesmo tempo, o seu próprio cunho.
Por outro lado, os filhos não esquecem aquilo que os pais são, o que defendem, aquilo pelo qual lutam e, se por vezes, lhes tentam mostrar um outro lado, uma outra visão, não é porque estejam do contra, ou porque não gostem daquilo que somos ou fazemos, mas porque têm orgulho nesses pais, e querem que eles continuem a ser aquilo que sempre foram, e lhes transmitiram.
Seria uma tarde como outra qualquer.
Eu a trabalhar, e a minha filha nas aulas.
Quis o destino, o acaso, ou o que quer que tenha sido, que a minha filha não tivesse tido a aula. E que tivesse ido com as colegas até àquele local.
Viram um cão por ali, e acharam-lhe graça. O cão ia a andar, quando um carro lhe bateu.
Ouviram o estrondo e, logo em seguida, o cão a ganir.
Ficou deitado no passeio, sem se mexer.
A pessoa que o atropelou não fugiu. Ficou por lá. Embora mais preocupada em não se molhar por causa da chuva, e a desculpar-se que não era de cá, que tinha sido um acidente e que, como tal, não se podia responsabilizar. "Ah e tal, eu vi-o mas achei que ele ia conseguir passar antes de eu chegar." Estava também preocupada com a possibilidade de a mandarem fazer o teste do balão..
Não sei se foi a senhora que ligou para a GNR mas, enquanto esta não chegava, ainda aproveitou para ir ao café.
A minha filha ligou-me logo, a perguntar se podíamos ligar a alguém, que fosse recolher o cão e ajudá-lo. Conhecendo as autoridades e entidades, por experiências anteriores, duvidei que fizessem algo. Por isso, pedi-lhe para ela tirar foto, e partilharmos no facebook.
Ela assim fez. E enviou-me.
Fez-me lembrar um cão que tinha visto num anúncio, nessa manhã, a pedir ajuda para o encontrar, porque tinha fugido de casa, aqui na vila.
Publiquei a foto e a informação num grupo de ajuda animal daqui da zona. Com a pressa de que alguém pudesse reconhecer, nem referi que o cão estava vivo.
Na verdade, também não sabia tudo ao pormenor, porque a urgência da situação passou por cima desses detalhes.
Foi uma sorte, poucos minutos depois, alguém me dizer que o cão tinha dono, chamava-se Buddy, e andavam à procura dele.
Facultaram-me o contacto, e o link do tal anúncio. No anúncio não falava em chip, apenas numa coleira verde que a minha filha me confirmou que o cão tinha.
Liguei de imediato para o dono.
Em seguida, liga-me a minha filha, a dizer que já lá estava a GNR. Com receio que levassem o cão, antes do dono chegar, a minha filha acabou por passar o telemóvel à agente, a quem dei o nome e contacto do dono.
Soube mais tarde que a agente ligou para o dono.
O dono deve ter chegado pouco tempo depois, e o cão foi levado para o Hospital Veterinário, onde ficou internado. Ontem, estava estável, segundo me informou, mais tarde, o dono.
Agora, resta aguardar que tudo corra bem e o Buddy recupere do acidente. Para já, pode-se dizer que o dono recuperou o seu cão.
Não se sabe se como se teria desenrolado tudo isto, noutras circunstâncias.
Teria alguém partilhado o acidente? Teria sido possível encontrar o dono? Teria alguém levado o cão ao veterinário? O que faria a GNR com o cão?
Talvez até tivesse tido igualmente um final feliz. Ou talvez não...
O que sei é que um acaso, alguma sensibilidade, e o poder incontestável de uma partilha no facebook, a par com aqueles que também por lá andam, uniram-se em prol do Buddy.
Independentemente de tudo, valeu pela atitude.
Dizem que os filhos, por norma, tendem a seguir o exemplo dos pais, para o bem e para o mal.
E foi isso mesmo que se viu, neste caso, para o bem de um animal.
Há coisas que não se aprendem na escola, e esta, é uma delas. E tem muito mais valor uma acção como esta, que uma qualquer nota menos boa num teste.