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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Séries que terminam sem final

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Se há coisa que me irrita é andar a seguir uma determinada série, por vezes, por mais do que uma temporada, e chegar ao fim como se a série tivesse apenas feito uma pausa temporaria e, por isso, sem final, para depois nunca mais voltar.

Sabemos que o que dita a continuação ou cancelamento de uma série são as audiências e, quando elas baixam, não há quem a salve, mas cabe a quem produz as séries fazer as coisas de forma a que, caso não haja renovação, faça sentido a história acabar ali mas, ao mesmo tempo, deixando algo que faça sentido e que nos deixe curiosos, para o caso de virem novas temporadas.

 

É que até podemos ter uma imaginação muito fértil, e criar nós mesmos o final de acordo com o que gostavamos que acontecesse, mas fica sempre aquela sensação de que gostaríamos de ver como os autores nos surpreenderiam, e de que forma terminariam eles a sua série.

Assim, parece que andámos a perder tempo em vão, e deixa-nos de pé atrás quanto a seguir novas séries. 

Será o plágio algo inevitável?

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A propósito das acusações de plágio que, volta e meia, surgem, pergunto-me:

Havendo cada vez mais artistas no mundo, e cada vez mais músicas, será que a criatividade e imaginação de cada autor/ compositor, é assim tão infinita e inesgotável, que consiga inovar a cada novo tema, ou será o "plágio", a determinada altura, algo inevitável, ainda que nem sempre de forma consciente ou propositadamente?

E quem diz na música, diz na escrita, ou em qualquer outro campo ou situação da vida.

 

Já me aconteceu, por exemplo, ter escrito uma frase e, um tempo depois, ver que tinha sido utilizada uma expressão idêntica à minha. No entanto, tenho a certeza que ninguém copiou ninguém, foi mesmo uma sintonia de pensamentos para o mesmo assunto, reflectida na escrita.

 

As coincidências existem! A inspiração também. 

No entanto, há situações em que as semelhanças são tão evidentes, que se torna difícil acreditar que não houve plágio intencional. 

Pode não se conseguir ter talento suficiente para criar algo totalmente novo, de raiz mas, com determinação e imaginação, há sempre forma de dar um toque pessoal que diferencie aquilo que fazemos, daquilo que outros fizeram.

 

Talvez não seja possível evitar, a determinada altura, o plágio mas, nesses casos, deve prevalecer a verdade, a honestidade, assumir os actos e proceder em conformidade, de preferência com autorização dos verdadeiros autores, ou com referência às fontes ou origens.

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O novo centro de saúde da vila está agoirado

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E as culpadas somos nós, eu e a minha filha, que todos os dias por ali passamos e assistimos à sua construção de raiz e, à falta de melhor entretimento para os 10 minutos de caminhada, nos pomos a analisar a obra, de uma perspectiva muito sinistra, quase argumento para filme de terror!

 

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A primeira coisa que salta à vista é o "precipício da morte". A determinada altura, o terreno onde se vai situar o centro de saúde sofre um corte abrupto em altitude, sendo que imediatamente em baixo existem árvores e um riacho que por ali corre. Há sempre a hipótese de enforcamento ou afogamento, ou a simples queda de um primeiro andar.

 

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A essa vala, que faz lembrar as trincheiras da guerra onde os soldados se abrigavam para se proteger e, ao mesmo tempo, facilitar o ataque ao inimigo, tal como nos recordou as valas comuns, onde os cadáveres eram enterrados em massa, chamámos de "vala dos mortos".

 

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Depois, há a "varanda do suicídio", nome dado pela minha filha a uma zona que mais parecia uma varanda do que a entrada para o centro.

 

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Do lado de fora, junto uma parte da construção, vimos uma enorme saca branca, atada, a que apelidámos de "saco dos mortos".

 

O próprio centro de saúde ficará a pouca distância do cemitério local.

 

Ainda não conseguimos visualizar o edifício, tal como aparece na fotografia. Não se consegue distinguir onde será a entrada, e como irão os carros para lá, com tão pouco espaço de terreno, até à dita vala. Também a rotunda não sabemos se ficará em pleno riacho, ou do lado inverso.

Mas conseguimos visualizar os utentes a serem assombrados por espiritos malignos, que os levarão a cometer loucuras!

E, a determinado ponto, de tanto que já agoirámos o centro de saúde, até ficamos com receio de lá entrar, não vá o diabo tecê-las!

 

Alguém com talento para interpretar sonhos?

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Me poderá explicar estes sonhos que tenho com frequência?

Não sei se, em alguma outra encarnação, já houve mar em Mafra (duvido muito), ou se estou a ter visões do futuro, mas já perdi a conta às vezes que sonhei que tinha o mar aqui quase à porta de casa.

E não pensem que é algo de bom. Não é aquela felicidade de sair de casa e ter a praia à porta, disponível para um passeio, uns banhos de sol ou um mergulho.

Nem sequer areia há.

O mar está sempre bravo, só vejo ondas e espuma, a virem par cima de nós. Isto, nos sonhos mais leves.

Nos pesadelos, é mesmo tsunamis que afectam a zona. Num deles, sei que estava em casa dos meus pais, e a força da água partiu os vidros todos.

No último, estava no caminho que faço para casa, e a onda tinha quase chegado ao pé de mim. Esta zona fica mais alta, o que significa que a parte onde moro tinha sido atingida. Tinha perdido tudo, a casa estava prestes a desmoronar.

 

Será que, daqui a centenas de anos, o mar chegará, efectivamente, a Mafra?

Ou são apenas sonhos sem qualquer significado, fruto de uma imaginação muito fértil, na hora de dormir?!

À Conversa com Cátia Araújo

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Já aqui vos falei do livro infantil "Elias e o Medalhão Perdido".

Hoje, deixo-vos com a entrevista à autora do mesmo - Cátia Araújo!

 

 

 

 

 

Quem é a Cátia Araújo?

A Cátia é apenas uma miúda crescida, que sentiu a necessidade de partilhar com os outros o mundo de fantasia que a habita.

 

 

Como é que surgiu a sua paixão pela escrita?

Sempre senti um enorme apelo para expressar o que sentia, por vezes das formas mais inusitadas, como quando era pequena e fazia birras fenomenais! Lá fui crescendo, e substituindo as birras pelo desenho. Adorava ver as formas e os traços crescerem numa folha de papel branquinha, enquanto o resto do mundo desaparecia à minha volta. Mas, de facto, nunca tive muito jeito para desenhar e como a minha necessidade de expressão era tão grande, acabei por enveredar pela escrita, como forma de desabafo. O Elias surgiu numa fase da minha vida em que precisava de me alhear da realidade e de tornar tudo à minha volta mais leve e mágico.

 

 

A forma como viveu a sua infância, desenvolveu esse gosto pela escrita, e pela fantasia?

Ainda sou da geração em que não existiam muitos brinquedos e tínhamos de usar o que havia, criando a partir daí uma realidade alternativa. O facto de ter brincado muito na rua com outras crianças terá ajudado a acentuar este lado mais fantasista pois tudo servia para criarmos uma história, objetos ou personagens diferentes. Na rua onde a minha avó vivia muitas vezes existiam castelos para escalarmos ou jornadas perigosas para superarmos, dragões escondidos atrás de árvores ou poções mágicas para fazer com plantas.

Quando era criança contavam-me histórias e eu também lia muito, o que me permitia viajar para outros locais e viver aventuras magníficas. Acho que isso ajudou a integrar esta vertente que, mais tarde, veio a ser desbloqueada e partilhada.

 

 

De que forma vê os avós do seu tempo, e os avós da atualidade, na forma como convivem com os netos e lhes passam valores e saberes, estimulando a imaginação?

Acho que são gerações bastante distintas, mas sempre pautadas pelo amor e aconchego. Penso que, quando era criança, os avós tinham maior disponibilidade para criarem e estarem com os netos e, portanto, essa transmissão de conhecimentos, de valores, era muito fácil e fluída.

Os saberes, as tradições, as histórias e os mitos, já vinham de gerações anteriores e eram transmitidos, sobretudo, de modo oral e quando (apenas) se ouve, sem imagem associada, isso estimula a imaginação e dá espaço e terreno para criar algo novo.

Atualmente acho que as características e a falta de tempo das sociedades modernas, em que andamos todos a correr e os avós trabalham até mais tarde, não estimulam tanto essa veia criativa. Não é preciso imaginar, criar, desenvolver… é mais fácil meter um miúdo a jogar playstation do que lhe contar uma história.

Mas por outro lado os avós da atual geração têm acesso a uma série de recursos que nas gerações anteriores não existia, ou não estava tão explorada, existindo uma transmissão de informação mais rápida.

 

 

A Cátia afirma que tem “a ambição de poder inspirar crianças, jovens e adultos a sonharem e (re)viverem aventuras fantásticas”. As suas histórias são a forma que encontrou de o fazer?

Honestamente espero que sejam um meio de chegar às pessoas que deixaram de sonhar, e que guardaram num cofre bem fechado a sua criança interior, porque acham que “é parvo” ou “infantil” ou “têm outras responsabilidades”.

Somos e seremos sempre crianças, a questão é se a deixamos viver em pleno ou não. Há quanto tempo não fazemos caretas com amigos, ou saltamos numa poça de água? Há quanto tempo não pregamos uma partida ou nos imaginamos super-heróis?

Por isso este livro não tem só como destinatário as crianças, mas também os pais delas, porque está escrito de uma forma divertida, com uma pitada de ironia e sarcasmo que apenas os mais velhos irão compreender e com a qual se irão identificar. Estabelece-se, assim, uma ponte para este imaginário infantil e a vida diária que qualquer adulto tem.

 

 

 

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Em que se inspirou para escrever “Elias e o Medalhão Perdido”?

Sempre adorei mundos mágicos, florestas e seres fantásticos, por isso o Elias acabou por surgir de forma muito natural uma vez que já faz parte do meu universo desde criança. O facto de ser uma adepta confessa da Serra de Sintra e de todo o misticismo que a envolve, com aquela aura especial e única, terá também ajudado nos contornos e contexto espacial da história. As personagens, as suas características e as expressões que lhes estão associadas foram sendo criadas a partir do meu quotidiano, do que ia ouvindo na rua, nos pequenos detalhes que ia observando nos transportes públicos, nas dinâmicas familiares e com amigos, o que acabou por humanizar muito as personagens: umas são distraídas, outras vaidosas, outras arrogantes e por aí fora. Facilmente qualquer pessoa se revê neste livro.

 

 

Este livro é o primeiro de várias aventuras que o Gnomo Elias ainda irá viver?

Este será o primeiro de várias aventuras que o Elias irá viver juntamente com os seus amigos. Aliás, o segundo livro já está em andamento.

 

 

Escrever livros infantis é a linha que quer seguir na escrita, ou ambiciona chegar a outro tipo de público – juvenil ou mesmo adulto?

Neste momento pretendo expandir o universo do Elias, com novas aventuras, locais e personagens. Sinto que o Elias chegou até mim por algum motivo e compete-me dar-lhe voz e expressão. Enquanto assim for faz-me sentido continuar nesta linha, mas no momento em que nos deixe de fazer sentido continuarmos juntos, poderemos seguir caminhos diferentes.

 

 

A Cátia é licenciada em Ciências da Educação. Na sua opinião, é uma área que complementa, de alguma forma, a escrita, e vice-versa?

Acho que ajuda sobretudo a ter uma visão mais ampla, mais alargada, a sair “do quadrado” e a ver a realidade com outros olhos.

 

 

Considera que, a nível da educação, a criatividade e a imaginação das crianças tendem a ser estimuladas ou reprimidas?

Ainda temos uma educação muito restritiva e castradora, onde as crianças são pouco estimuladas para criarem e desenvolverem novas formas de expressão.

Tudo tem de seguir uma determinada ordem e formato, é tudo muito baseado na repetição e memorização de conteúdos e não tanto na exploração ou no imaginário infantil.

Aos poucos começa a sentir-se uma maior abertura nesta vertente, com novas formas de atuar e pensar, mas ainda temos um longo caminho para percorrer.

 

 

Que feedback tem recebido por parte dos leitores, relativamente a este livro que lançou em janeiro deste ano?

Até agora o feedback tem sido bastante bom! As pessoas gostam da história que tem uma tónica divertida e das personagens, onde acabam por se rever de alguma forma.

 

 

Para quando uma próxima obra?

Este primeiro volume ainda terá de chegar a mais crianças e a mais pais, de modo a que o Elias e os amigos se possam dar ainda mais a conhecer! De qualquer forma o segundo volume já está em andamento!

 

 

Que mensagem gostaria de deixar às crianças deste mundo?

Que não tenham pressa de crescer! Que todos os dias façam festinhas a dragões ou uma nova poção com o que encontrarem, de preferência com a ajuda dos vossos pais!

 

 

Muito obrigada, Cátia!

 

 

*Esta conversa teve o apoio da Chiado Editora, que estabeleceu a ponte entre a autora e este cantinho.