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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

This is how I feel...

 

O início de ano lectivo é sempre, para mim, uma mistura de emoções. 

Embora não seja eu a estudante, sofro mais de stress pré e pós começo de aulas que a minha filha.

Mas, nos outros anos, quando volto a entrar na rotina, vejo que tudo corre bem, e que os meus receios eram infundados, volta a tranquilidade que dura até ao final das próximas férias de verão.

Pois este ano ainda não consegui encontrar essa tranquilidade. Os receios não me abandonaram. Não entrei na rotina, porque ainda não há uma. Em casa o ambiente está estranho, até a nossa gata anda estranha.

Com horários diferentes todos os dias, e a vir almoçar a casa, é difícil conseguir acompanhamento para ela a todas as horas, mas tenho tentado.

Sinto-me mais segura se ela for acompanhada do que sozinha. De manhã, tenho sido eu a levá-la à escola, e ao almoço, quando dá, vou buscá-la. E tenho a certeza que ela se sente melhor assim também.

Estou a fazer por ela aquilo que gostava que tivessem feito comigo quando estive na mesma situação. Não que os meus pais não quisessem o melhor para mim, mas naquela altura era normal irmos sozinhos e desenrascar-mo-nos. E não havia a insegurança e as modernices que há hoje.

Sei que estaria mais à vontade se ela almoçasse na escola, já para não falar que ela na escola come tudo e em casa arma-se em esquisita, e é uma preocupação estar sempre a pensar e fazer refeições diferentes e que lhe agradem, mas ainda não há cacifos e não faz sentido levar os livros e material para um dia inteiro, e andar com tudo a reboque durante horas.

Mas ir buscá-la e levá-la nos primeiros horários da manhã e na minha hora de almoço, implica passar menos tempo em casa, e o que passo, é a correr. E a nossa Tica já se apercebeu disso. Anda melancólica, isola-se, prefere passar os dias e as noites em cima da caixa no corredor e espera que alguém se lembre de brincar um bocadinho com ela. E, mesmo assim, não brinca tanto.

Já a minha filha, diz que estes primeiros dias correram bem. Mas tem andado sem apetite. O lanche da manhã, tem comido à tarde, o lanche da tarde passa a jantar, ou então janta só, sem ter lanchado.

E nos primeiros dias, cheguei eu a casa ansiosa para que ela me contasse as novidades, para lhe dar o meu apoio, incentivá-la e dar-lhe mimos, mas só conseguiu que me chateasse com ela. Depois, lá acalma e faz o que lhe digo, e aí corre tudo bem.

À noite, antes de me deitar, tenho ficado por uns instantes no quarto dela, até ela estar quase a adormecer. Sabe-lhe bem a ela, e a mim!

Por outro lado, sinto-me impotente e frustrada quando vejo que, na mudança para o 5º ano, lhe "tiraram" as melhores amigas. Sei que ela tem que se habituar a isso, e que agora pode fazer novas amizades com as actuais colegas mas, até lá, oiço coisas que não me agradam, como ter ficado as duas horas em que não teve matemática e compareceu apenas com uma professora de substituição, a olhar para o horário e a fazer tempo, porque as colegas da turma do 4º ano que ficaram nesta turma já tinham formado um grupo (excluindo-a), os rapazes estavam a fazer outras brincadeiras que não lhe interessavam, e os outros não podiam fazer muito barulho.

Como mãe, custa-me. Faz-me lembrar a mim própria, que passava quase o tempo todo isolada, ou só com uma amiga ou outra, quando elas se lembravam de mim, ou quando eu andava com elas para não estar sozinha. 

E como vou incentivar a minha filha a criar amizades e a não se isolar quando eu, que deveria ser o exemplo, não o fiz e ainda hoje nem sempre sou capaz de o fazer? 

Ao menos o pai dela não tem que se preocupar com nada disto, está mais longe, só está com ela pouco mais que um dia por semana, não vai a reuniões, não foi à apresentação, e acho que tanto lhe faz se a filha tem um 3 um 4 ou uma negativa. Ela fica com a parte boa, eu com o trabalho duro.

Ainda assim, apesar de todas estas emoções, preocupações e angústias, sinto-me feliz, porque estou presente em cada etapa da vida dela, e porque tento dar o meu melhor para a ajudar a ser feliz!

 

 

Se me amas...

...não chores!

 

 

Um pedido nobre, mas muito dificil de satisfazer...

 

Que me lembre, a última vez que fui a um funeral de um familiar próximo, foi há 24 anos atrás, por morte do meu avô.

Na altura, tinha 10 anos, percebi o essencial mas, como a afinidade não era muita, foi um acontecimento que me passou um pouco "ao lado".

Daí em diante, devo ter ido a mais um ou dois, mas nada que me tenha afectado, ou porque apenas conhecia vagamente, ou porque nem sequer conhecia e fui simplesmente como acompanhante.

Depois, há aquelas pessoas que até conhecemos, algumas familiares de amigos nossos, e cujo conhecimento da sua morte nos chocam um pouco na hora, mas logo passa.

 

De repente, vejo-me confrontada com a partida da minha tia, madrinha de batismo e de casamento. Aquela pessoa com quem foi passada a maior parte dos meus natais e páscoas na infância, aquela pessoa que via quase todos os fins de semana em casa dos meus pais, aquela pessoa que chegou a andar com a minha filha pequenina ao colo enquanto servia os clientes no café, e que estava sempre a brincar com ela quando a via...Apesar de ser apenas tia por afinidade, tinha com ela uma relação muito mais forte do que com as minhas tias de sangue.

 

De repente, chego à casa mortuária e a primeira coisa que vejo é uma foto da minha tia, dos tempos em que nem suspeitava o que lhe iria acontecer.

Vejo a minha prima mais nova à porta, agarrar-se à minha mãe, a chorar a morte da sua...Ainda cheia de forças, acabada de chegar, tento confortá-la, pedindo-lhe que recorde a mulher forte que a sua mãe sempre foi, e que guarde essa imagem dela. Falo, entretanto, com a minha prima mais velha (aparentemente mais forte), e com o meu tio.

Aí, as forças começaram-me a faltar. O meu tio não estava, naquele momento, desesperado. Estava perdido...

A gota de água foi ter olhado para a urna, e ver a minha tia ali deitada...tão magrinha, tão envelhecida...e a minha prima agarrada à mãe...

Tive que me afastar para não desabar. Tanta coisa me veio à cabeça naquele momento. A última vez que vi a minha tia viva, a adivinhar já o que a família iria sofrer quando partisse. Pus-me no lugar daquelas filhas, imaginando-me na situação pela qual elas passaram. Pensei no meu tio, seu companheiro de todas as horas, há tantos anos, agora sem rumo. Depois de tantos anos de trabalho, depois de tudo o que construiram e conquistaram, quando podiam agora descansar e aproveitar, acontece isto.

E o meu tio, apesar de ter feito tudo o que podia (infelizmente não havia muito a fazer), ainda assim, acha que podia ter feito mais...Não podia...

 

Por tudo isto, mesmo sabendo que a minha tia iria querer que seguissemos com a nossa vida, que não sofressemos e não chorássemos, foi-nos impossível cumprir esse desejo. Porque quem ama, também chora...

 

 

 

 

 

 

Ainda não terminou

 

Hoje é dia de nova consulta médica.

O regresso à escola não foi bem-sucedido - em dia e meio que foi, na semana passada, as inflamações dos vasos sanguíneos agravaram-se e as dores nas pernas voltaram. Felizmente, o fim-de-semana ajudou a melhorar o quadro, mas segunda e ontem voltou à escola, pela ficha de avaliação, e para ver como evoluia a doença.

O que é certo é que 6 semanas já passaram, mas pesquisando um pouco mais sobre esta púrpura, existem quadros mais prolongados, que variam entre 3 a 12 semanas, podendo mesmo chegar aos 4 meses. As manchas acastanhadas, podem permanecer durante meses, até um ano.

Uma criança com púrpura, deverá fazer análises de 6 em 6 meses, e ser vigiada entre 5 a 10 anos após a doença, para controlo da parte renal.

Há recorrências em cerca de 20% dos casos de crianças com púrpura.

Neste tipo de doença, e respondendo à pergunta comum que todos fazem "se é uma inflamação, porque não lhe receitam um anti-inflamatório?", não o receitam porque, nestes casos, os anti-inflamatórios simplesmente não funcionam. Tal como não funcionaram os corticosteroides que ela ainda tomou durante 5 dias.

Mas, afinal, o que é que se pode fazer?

Nada?

Esperar?

Até quando vamos andar nisto?

Até quando vai ter que andar limitada?

Tantas perguntas para as quais a médica provavelmente não terá resposta...

E é uma sensação de impotência para quem nada pode fazer...