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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

O atendimento público (e ao público) está cada vez pior

 

Com as devidas excepções, porque existem poucas (mas boas) pessoas que ainda se preocupam em tentar ajudar da melhor forma que puderem e conseguem ser, ao mesmo tempo, simpáticas e atenciosas, o atendimento ao público está cada vez pior.

Há funcionários que não têm tempo nem paciência para ouvir a "história" toda que as pessoas querem explicar.

Há os que cortam a explicação a meio e tiram as suas próprias conclusões sobre o que as pessoas pretendem, quando na verdade não é nada disso que desejam.

Há funcionários arrogantes, mal humorados e com a mania que sabem tudo.

Há funcionários que, à medida que envelhecem, se vão tornando cada vez mais picuinhas, mesquinhos, exigentes e implicantes. E os que se tornam cada vez mais lentos, a pedir licença a um pé para mexer o outro.

Há funcionários que, conforme os anos vão passando, ser tornam cada vez menos tolerantes, prestativos, atenciosos. E os que querem ter cada vez menos trabalho porque não é essa a sua obrigação, e porque nós é que temos que levar a "papinha toda feita".

Há funcionários que não fazem a mínima ideia do que estão a falar, que dão informações erradas, que informam às prestações, que nos fazem perder tempo.

E há aqueles que gostam de brincar ao "jogo do empurra", e de atirar as culpas pelo mau atendimento aos colegas de outros serviços.

A nós, resta munirmo-nos de paciência, e safarmo-nos como pudermos, porque precisamos deles para tratar dos nossos assuntos. Quanto a eles, talvez se devam munir de vários livros de reclamações porque se começarmos todos a reclamar, dificil será parar! 

 

Falta de consideração

 

 

Há alguns anos, foi criado um novo itinerário dentro da vila, e atribuído um pequeno autocarro para o percorrer.

Aparentemente, a ideia era transportar aqueles que não tivessem outra forma de se deslocar, para determinados locais na vila, como o Intermarché, o centro de saúde, o Parque Desportivo e outros, com diversos pontos de paragem pelo caminho. 

Como qualquer transporte público, também este tem que ser pago, e bem pago. Um bilhete custa mais de 1 euro, independentemente do percurso que se faça.

E, como qualquer transporte público, está sujeito a atrasos e outros contratempos bem comuns.

A diferença é que, ao contrário dos outros veículos da mesma empresa de transporte, que fazem outros intinerários, este é um caso permanente de queixas por quem lá anda. Com toda a razão!

Não são raras as vezes em que o autocarro avaria, sem que seja prontamente substituído. Mas se o é, não tarda a que o substituto vá pelo mesmo caminho. Ou seja, é sempre imprevisível saber se haverá autocarro ou não. Por outro lado, em termos de condições, deixa muito a desejar. Cheguei a ir num deles, e entrar água da chuva lá dentro.

Quanto aos atrasos, principalmente no primeiro horário, são constantes. O que, de certa forma, não sei se estará relacionado com quem o conduz. A verdade é que, durante as férias, sempre que vinha para o trabalho, o autocarro passava por mim no horário que deveria passar. Mas bastou começar as aulas, e mudar o motorista, para vir sempre com 10 ou 15 minutos de atraso.

Resultado: o meu pai carregou o passe para a minha filha ir para a escola de autocarro, uma vez que este ano entra mais tarde, e ela tem que ir mais cedo a pé, porque o autocarro nunca vem a horas. Dinheiro gasto para nada.

O que mais me irrita é que parece que este autocarro é um favor que a empresa faz às pessoas e, como tal, deviam era dar-se por satisfeitos em vez de reclamar. Até porque não tem adiantado muito reclamar. 

Mas não é nenhum favor. As pessoas pagam por este serviço, e é suposto este serviço ser tão bem prestado como os restantes.

Se não lhes compensa ou não lhes dá lucro, acabem com ele. Mas se o têm, ao menos façam-no bem. E mostrem alguma consideração pelas pessoas que vos pagam!

 

Adaptação - Parte II

 

Se para ele não é fácil, para ela também não.

Ao fim de umas semanas de vida a dois, alguns dos medos e receios que tanto a faziam hesitar, começam agora a confirmar-se.

O romance da primeira semana, em que ambos estavam de férias, deu lugar à vida rotineira de casa para o trabalho, e do trabalho para casa.

A calma foi substituída pela correria, a disponibilidade pelo cansaço.

Aquilo que antes acontecia espontaneamente, parece agora soar a obrigação.

E a sensação de que o passado, mais cedo ou mais tarde, se vai repetir começa a ganhar força.

Talvez ela seja uma mulher de outro planeta, estranha, invulgar, diferente...Talvez nenhum homem seja capaz de compreender e aceitar a forma como ela encara a vida e as relações, mas é a sua maneira de ser.

Não pede muito.

Não quer estar com uma pessoa pelas vantagens que isso lhe possa trazer. A única coisa que considera lógica é uma ajuda para as despesas comuns. O resto, fica por conta de cada um gerir e gastar onde bem entende, como já faziam antes.

Sabe que é normal, sempre que o possa fazer, ajudar o companheiro quando estiver em dificuldades, como gostaria que a ajudassem, na mesma situação. Mas não concorda que isso seja uma obrigação adquirida só porque agora estão juntos. E que lhe seja cobrada ajuda, mesmo sabendo que ela não pode, ou que a acusem de todos os males daí resultantes. Ela não tem culpa que as coisas não tenham corrido como estava previsto.

Também não lhe cabe a ela afirmar se ele tem ou não condições para ali estar a viver. É algo que só ele pode saber. Talvez tenha sido precipitado, talvez não tenha contado com tantos contratempos, mas isso agora não importa.  

E se, agora que estão a trabalhar e com horários opostos, sobra pouco tempo para estarem juntos, ela não tem culpa.

Se têm disposições diferentes, nenhum deles tem culpa. Ou conseguem viver assim, ou não conseguem. Podem conversar, tentar aproveitar quando a vontade coincide, chegar a um consenso. Mas não é justo fazer, também disso, uma obrigação a cumprir, e reclamar quando não o é. 

É tudo o que ela não quer - estar numa relação em que, de repente, tudo o que antes acontecia naturalmente se transforma, pelo simples facto de morarem juntos, em deveres a cumprir. Em que a compreensão, amizade e companheirismo de antes, dão agora lugar a um livro de reclamações por deveres não cumpridos.

Talvez não seja mesmo deste mundo...Talvez esteja enganada...Talvez seja, simplesmente, uma questão de afinação de ponteiros, de limar de arestas, e não um mau presságio...

O tempo o dirá... 

       

 

 

 

Haja Paciência

 

 

Marcava o relógio 17h11m, quando me dirigi ao atendimento do SAP (Serviço de Atendimento Permanente), a fim de marcar uma consulta para a minha pessoa.

Tendo perfeita consciência de que uma mera dor de ouvidos, embora muito incomodativa, não era um caso urgente, não deixei por isso de tentar “adiantar o serviço”!

Era domingo, tinha tempo disponível, e poderia muito bem esperar para ser atendida, evitando assim perder tempo e faltar umas horas ao trabalho hoje, para ir à Unidade de Saúde Familiar a que pertenço.

E mesmo já calculando que, provavelmente, nenhuma das farmácias da vila estaria ontem disponível (porque infelizmente aqui no concelho, temos uma espécie de sorteio, e cada dia do fim de semana calha a farmácias diferentes, o que quer dizer que talvez num fim de semana por mês tenhamos sorte), pelo menos já saía de lá com uma receita pronta a “aviar” hoje às 09 horas!

Ora, já sabemos que quando vamos aos hospitais e serviços afins, convém irmos preparados para esperar, e guarnecidos com uma boa dose de paciência.

Posso dizer que já estou física e psicologicamente treinada para isso, não só pelas inúmeras vezes que o tenho que fazer no meu trabalho, como muitas outras em que me dirigi ao referido serviço.

Ontem talvez tenha batido o meu recorde de tempo de espera – mais de 3 horas!

Como é óbvio, algumas pessoas já cansadas e desesperadas, começaram a reclamar. É que aqui, não existe triagem, nem grandes prioridades.

À excepção daqueles que vêm, trazidos por ambulâncias (que têm prioridade sobre quaisquer outros) só entra, sem esperar pela sua vez, quem estiver perto de desfalecer, ou a sangrar, e mesmo assim, não é garantia de saída rápida. Muitas vezes entram, mas ficam deitados em macas, ou sentados, à espera que alguma enfermeira os venha tratar ou medicar. E depois disso, continuam a aguardar, por um intervalo entre consultas, para o médico o examinar.

Claro que, como em tudo na vida, mais vale “cair em graça do que ser engraçado”, e não se percebendo muito bem porquê, lá ouve dois ou três casos bem sucedidos, em que chegaram depois e foram atendidos primeiro.

Isso revolta quem ali aguarda, naquela minúscula sala apinhada de doentes, durante horas, ouvir o médico finalmente chamar o seu nome!

E como demora, sermos chamados! É que existem apenas duas salas para dois médicos, mas não sabemos o que se passa lá dentro, porque se é certo que se vêem os doentes a sair das mesmas, já para os seguintes entrarem chega-se a esperar quase 20 minutos! Mistério…

Por entre protestos, ânimos exaltados e reclamações (em grande parte dos acompanhantes e não propriamente dos doentes), foi-se passando o tempo, sem nada mais com que nos ocuparmos.    

Eram 20 horas. Continuava sentada na mesma cadeira, e começava a incomodar-me ver duas ou três pessoas que mal se aguentavam, não serem chamadas sequer por uma enfermeira.

Mas enfim, estava na hora do jantar, e da troca de médicos, o que atrasa sempre um bocadinho o serviço (como se não estivesse já suficientemente atrasado)!

Finalmente fui chamada! Entrei, despacharam-me em menos de 10 minutos e lá saí eu, já perto das 20h30m, com a tão desejada receita na mão!

Deixando no meu lugar outras tantas pessoas que, possivelmente, passariam lá boa parte da noite.