Existem pessoas que são avessas a despedidas. E as evitam a todo o custo.
E outras que fazem questão de as viver, que ampliam o seu significado, e as tornam ainda mais difíceis.
Eu tenho sentimentos ambivalentes em relação às despedidas.
Por um lado, quero-as.
Considero-as necessárias, importantes.
Faz-me sentir que, dessa forma, nada fica por fazer, ou dizer.
É uma espécie de conclusão de um ciclo.
Um andar para a frente, e seguir o curso natural das coisas.
O deixar ir, partir, o apoiar e dizer que estamos lá, apesar de tudo.
Mas, por outro lado, deixam-me a sofrer antecipamente.
Deixam-me melancólica, saudosista.
A pensar no que passou, e já não volta, ou poderá não voltar.
É uma felicidade, ensombrada por uma tristeza, de certa forma, egoísta.
É um adeus, disfarçado de um "até breve" quando, muitas vezes, sabemos que nunca haverá essa brevidade.
É uma mistura de risos, com lágrimas.
De coragem, com fraqueza.
De suspensão, ou corte definitivo, com renovação, e recomeço.
É uma espécie de tormenta, que acreditamos que nos traz paz. Ou uma paz momentânea, que sabemos que se irá transformar em tormenta.
É uma espécie de "estou mal", mas vou ficar bem". Ou de "estou bem, mas logo me vou sentir mal".
Comovo-me sempre.
Com as minhas despedidas, e as dos outros.
Com as reais, e as fictícias.
Com as despedidas de pessoas, de animais, de momentos, de locais, até de livros ou séries que gosto!
Poderia evitar tudo isso.
Mas não quero.
As despedidas fazem parte da vida e, se é para vivê-la na sua plenitude, então que se experimente tudo o que ela traz consigo.
Incluindo, as despedidas.
Porque, para mim, abdicar delas, far-me-ia sentir ainda pior, do que viver o tubilhão de emoções com que elas me brindam.