No outro dia, ao visitar este blog, deparei-me com um texto sobre o trabalho sem esforço, feito por pessoas a que o autor apelidou de "pessoas bem resolvidas", que fazem o que gostam e como tal, não trabalham um único dia das suas vidas. Porque quando se gosta, não é trabalho, é prazer.
Neste último ponto, concordo. Quando se gosta do que se faz, tudo fica mais fácil, entregamo-nos com prazer e temos outra disposição.
Mas pessoas bem resolvidas não são só essas que têm a sorte de fazer aquilo que gostam, ainda que tenham lutado muito para isso.
Na verdade, já vi pessoas muito bem resolvidas, e que sabiam bem o que queriam, irem à luta e perderem. E terem que deixar essas lutas em standby porque não era o momento mais propício para isso, terem que se conformar, ainda que temporariamente, com aquele emprego ou trabalho que não gostam, e voltar ao "clube" dos queixosos e insatisfeitos.
E não me parece que isso seja ficar sentado à sombra da bananeira, mas apenas ser razoável, ponderado e cauteloso.
Claro que há pessoas que nada valorizam e se queixam por tudo e por nada. Penso que era, especificamente, a estas que o autor do texto se referia.
Mas também há aquelas que são obrigadas a aceitar as escassas oportunidades que surgem, porque é isso ou nada. Podem até lutar para conseguir outra coisa melhor, e conseguirem. Mas também podem não ter essa sorte.
E apesar de estarem agradecidas, por poder ter trabalho e uma fonte de rendimentos, não significa que tenham que estar satisfeitas e felizes com esse trabalho.
Pessoas bem resolvidas vão à luta quando se verificam condições propícias para isso. Mas também sabem estar quietas quando isso não acontece. Pessoas bem resolvidas também se queixam, mas nem por isso deixam de trabalhar, mesmo naquilo que não gostam, mesmo que as condições não sejam as melhores, mesmo que não seja o emprego dos seus sonhos! Isto sim, mostra de que matéria essas pessoas são feitas!
Porque nem sempre ser pessoa bem resolvida é sinónimo de irresponsabilidade, aventura ou sonho.