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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Amigos, amigos, relações à parte!

 

Esta é uma questão que ainda hoje divide muitas opiniões.

E um dos motivos pelos quais uma relação pode terminar.

 

Quando entramos numa relação amorosa, onde passam a encaixar os amigos na nossa vida?

É simples! Os amigos ficam onde sempre estiveram - no lugar correspondente aos amigos! Não temos que desistir dos nossos amigos só porque estamos numa relação. 

Temos, sim, que ajustar as nossas prioridades. Imaginemos uma caixa com espaço para 5 objectos iguais que sejam importantes para nós. À medida que vamos ocupando a caixa, vai sobrando menos espaço. E se algum objecto é maior que o espaço que deveria ocupar, mas mesmo assim o queremos lá, em vez de 5 objectos teremos que colocar menos. Mas estão lá os que realmente importam.

Assim é, também, na nossa vida. Quando entramos numa relação, assumimos um compromisso. Passamos a formar uma família que, por norma, vai ocupar um espaço maior na caixa. Logo, o espaço que anteriomente era ocupado somente pelos amigos, vai reduzir. Cabem lá todos, mas em proporções diferentes.

Claro que nem sempre é assim. Há os que, simplesmente, retiram os amigos para colocar a relação. Há os que dividem o espaço ao meio. E há os que querem que os amigos continuem a ocupar o espaço priveligiado e que a relação se encolha no que sobrar.

Tal como haverá sempre amigos descomprometidos que levam uma determinada vida, e convidam os que estão comprometidos para lhes seguirem o exemplo, como se a relação não fosse um impedimento válido.

Cabe-nos a nós, tendo em conta aquilo que a relação representa e o peso que tem na nossa vida, escolher as nossas prioridades. Afinal, será essa escolha que irá ditar a sobrevivência de uma relação, ou o seu fim.

 

Are we still here?

 

Quando pensamos que já tudo nos aconteceu, a vida encarrega-se de nos lembrar que muito mais poderá ainda acontecer!

Semana da Páscoa - semana santa, como lhe chamam. Já passou. E, para nós, foi tudo menos isso.

Logo na quinta-feira, o primeiro ovo oferecido ao meu namorado, com sabor amargo - não lhe vão renovar o contrato de trabalho! A notícia caiu como uma bomba. Quando tudo se estava a encaminhar, quando elogiavam o seu trabalho, quando o queriam em vários serviços, mesmo sabendo o excelente profissional que é, e como esteve lá, sempre que dele precisaram, tudo se desmoronou. Não têm nada a apontar, é verdade, é simplesmente a crise a fazer mais vítimas. De repente, vê-se a vida toda andar para trás, projectos de vida e planos a serem adiados...

Muito bem - levou um "murro no estômago". Cambaleou um pouco, mas é preciso mais do que isso para o derrubar. Mesmo contra a maré, há que remar para chegar a um novo porto.

Na sexta-feira, foi a minha vez de receber amêndoas "envenenadas", sob a forma de mexilhão. Maldito! Soube-me tão bem, mas fez-me tão mal!

O resultado não se fez esperar - logo nessa tarde, parecia uma mulher grávida! Tudo me agoniava, tudo me enjoava, não conseguia sequer pensar em comer! O meu namorado dizia que o frango cheirava bem, eu só queria sair da cozinha para fora porque não aguentava o cheiro!

E assim experimentei uma intoxicação alimentar que durou até domingo de manhã!

Domingo de Páscoa - a minha filha foi passar o dia com o pai, os meus pais foram almoçar fora, e eu tinha que fazer a limpeza à casa. Sim, podia ter adiado. Mas no próximo fim-de-semana teria que a fazer...O meu namorado foi embora perto da hora de almoço e eu pus mãos à obra.

Mas nem o aspirador quis colaborar comigo - mal o liguei, pifou! Deitava fumo por todo o lado!

À tarde, de passagem para ir buscar um amigo, o meu namorado fez a surpresa de me ir visitar! E, aí, foi mais difícil a despedida...

É que com tudo isto que tem acontecido, nós, como casal de namorados, temos ficado em segundo ou terceiro plano. Sim, temos estado juntos e apoiamo-nos um ao outro. Mas, por vezes, penso que estou a dar o apoio errado. Parece mais uma espécie de apoio jurídico, apoio financeiro, apoio contabilístico, e não aquele apoio de namorada, de companheira...E, naquele momento, voltámos a estar em primeiro plano, ainda que por escassos minutos...e fez-me perceber que, por baixo dos escombros, ainda cá estamos!

 

  

Passageiros...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Desde pequena que me habituei a andar de autocarro e, por incrível que pareça, é uma das coisas que gosto de fazer.

Não naqueles autocarros a abarrotar de pessoas, que mais parecem sardinhas em lata, e que quase não nos deixam espaço para respirar. Isso seria um autêntico pesadelo!

Refiro-me aos autocarros que me costumam levar até à praia, ou até Lisboa. São viagens que se fazem normalmente, de forma tranquila. Sentados no nosso lugar, podemos ir apreciando a paisagem pela janela, aproveitar para dormir, conversar ao telemóvel ou ir, simplesmente, observando os passageiros que vão entrando e saindo.

Durante cerca de um ano, quase todos os fins de semana eu apanhava o autocarro para Lisboa, e em todos esses dias havia passageiros que, tal como eu, tinham essa rotina!

Entre eles, recordo-me de um casal que entrava na Malveira. Primeiro, entrava ele, e sentava-se. Ela entrava depois, pagava os bilhetes, e sentava-se ao seu lado, e pelo que me parecia, encostava a cabeça ao seu ombro, e assim permanecia durante toda a viagem. Eram duas pessoas fisicamente muito diferentes: ele - alto e magro, sempre com uma cara séria e pouco dado a manifestações de carinho, ela - baixa e um pouco mais avantajada, sempre transparecendo a imagem de uma mulher muito carinhosa e com muito amor para dar. Embora as aparências enganem, ela parecia-me mais velha que ele. E fiquei sempre com a sensação que aquele era um casal que não combinava muito bem.

Mas era apenas uma opinião de observadora. Afinal, há tantos casais improváveis que combinam na perfeição, e outros que parecem feitos um para o outro e acabam por não vingar.

Tal como eu e o meu namorado, também eles apanhavam o metro. E ao final da tarde, de volta ao terminal do Campo Grande, lá estavam eles, tal como eu, a apanhar o autocarro de regresso.

Um ano se passou até que, no último sábado, voltei a apanhar o autocarro para casa, e verifico que também esse casal, ao fim de tanto tempo, ainda mantinha esse hábito. Na verdade, só reparei nisso quando já estava sentada no meu lugar e olhei para os assentos da frente e, de facto, só o vi a ele. Mas, como ela é pequena, imaginei que estivesse, como era costume, aninhada no seu companheiro. E pensei: mesmo passado tanto tempo, ainda há coisas que se mantêm!

Qual não é a minha surpresa quando o vejo sair do autocarro sozinho. Não pude evitar o pensamento seguinte: onde estaria a sua companheira de viagem?

Parece que, afinal, nem tudo se mantém com o passar dos anos...