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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Acidentes provocados por ciclistas

 

As associações de ciclistas defendem que os estragos causados por um acidente entre um veículo a motor e uma bicicleta devem, independentemente de quem é culpado, ser pagos pela seguradora do motorizado, ainda que o seguro seja agravado.

Segundo José Caetano, presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo, a sinistralidade em Portugal é provocada pelos veículos motorizados, e não por bicicletas, e pedir aos ciclistas que tenham um seguro é uma questão que não se pode levantar em tempo de crise.

Ora, isto faz algum sentido? Para mim, é um perfeito absurdo!

Se todos estão autorizados a circular, todos deviam ser obrigados a ter seguro. A crise é igual para todos. Quanto à responsabilidade, deve recair sobre aquele que provocou o acidente. Se um ciclista se atravessa à minha frente, porque é que eu tenho que pagar por um erro dele?

E a verdade é que há muitos ciclistas que continuam a não utilizar o Código da Estrada correctamente, e têm que ser responsabilizados por aquilo que fazem. Dentro de cada sector, os direitos e deveres devem ser iguais para todos.

Por isso mesmo, concordo com o presidente da ACP, quanto à necessidade de matrícula e seguro para os velocípedes, bem como formação sobre regras para circular na via pública. Para o seu próprio bem, e para o dos outros.

 

Diferentes mas iguais - como é preciso tão pouco para fazer alguém feliz!

 

Quando decidimos ir à festa de aniversário organizada pela APERCIM - Associação para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas de Mafra, emforma de arraial, esperávamos dançar, gastar algum dinheiro em rifas e, assim, dar o nosso contributo para uma causa nobre.

Mas, com certeza, não previmos o que viria a acontecer nessa noite.

Uma coisa é sabermos que existem pessoas com diversos tipos de deficiência, seja ela mental ou motora, outra é observar-mo-las por breves instantes.

Outra ainda, é entrarmos no seu ambiente, misturarmo-nos com elas e lidarmos com as mesmas, de igual para igual.

E, por muito diferentes que possam ser, não deixam de ser iguais a todos nós. Têm a mesma necessidade de afecto, compreensão, carinho, atenção...Têm a mesma vontade de se divertir, alegrar e ser felizes. Foi isso mesmo que percebemos, de uma forma muito especial, na passada sexta-feira.

Um dos rapazes residentes na associação viu a Inês e ficou encantado com ela. De tal forma, que a monitora teve que voltar para trás para ele falar com a Inês. E a Inês, coitada, apanhada de surpresa e sem saber como lidar com isso, pareceu-me que ficou assustada. Não pela deficiência em si, mas porque não conseguia percebê-lo nem sabia muito bem como interagir com ele.

Mas, ainda assim, à sua maneira, fê-lo! Dançou com ele (embora com ele sentado na cadeira de rodas), tirou algumas fotos abraçada a ele e tornou aquela noite uma noite especial para aquele jovem! Ele só queria estar com a Inês, de mãos dadas, e até perguntou se ela podia ser namorada dele!

Não queria dançar com mais ninguém, nem ir embora quando a monitora lhe disse que estava na hora. Quando a Inês não conversava com ele ou quando foi dançar comigo, ficou triste. Mas quando ela voltou para estar com ele, os seus olhos brilhavam, e via-se que estava muito feliz.

E porque, não podia deixar de ser um exemplo para a minha filha, também eu dancei com um senhor que bem poderia ser meu pai, quando outras recusaram. Também ele ficou tão feliz que, no fim da dança, me deu um abraço e dois beijinhos. E fez o mesmo à Inês, que estava ao meu lado.

Foi uma noite especial para nós também, e uma experiência enriquecedora. Foram pequenos gestos, mas para aquelas pessoas, valeram muito.

O que só prova e confirma que é preciso muito pouco para fazer alguém feliz!

Sobre a polémica do eventual cheque-ensino

 

Já temos a iniciativa do cheque-dentista, para as crianças que frequentam o primeiro ciclo do ensino básico. E é com esse cheque que muitas famílias levam, pela primeira vez, os seus filhos ao dentista. Porque ir ao dentista, infelizmente, é considerado um luxo e pouco prioritário face a outras necessidades mais básicas e mais urgentes e, assim, há que aproveitar esta oportunidade, ainda que seja tripartida, e não abranja todo o tipo de situações.

 

Agora, imaginemos que temos que ir ao médico. À partida, quem não tem muito dinheiro opta por ir ao médico de família. Mas, e se nos disserem que temos liberdade de escolha e que, no caso de optarmos por um médico privado, teremos o benefício de um cheque-saúde (independentemente se o mesmo é entregue ao médico, à clínica onde presta serviço ou ao próprio doente)?

 

A vingar esta eventual proposta do cheque-ensino, estamos com isto a querer dizer que, a partir desse dia, somos livres para escolher que os nossos filhos estudarão numa escola pública ou numa privada e, no caso da segunda opção, teremos direito ao mencionado cheque.

 

Isto soa, num primeiro momento, a discriminação entre os serviços públicos e os privados, com clara beneficiação para os segundos, em detrimento dos primeiros.

Mas, a questão que se coloca é: em que se traduz, na prática, este cheque-ensino? Qual a sua verdadeira finalidade?

 

Para mim é muito simples. Qualquer profissional, seja de que área for, deve agir da mesma forma, qualquer que seja o serviço em que está a exercer a sua actividade. O que significa que um médico deve atender os seus pacientes da mesma forma, independentemente de estarem a ser atendidos por via de clínicas privadas ou pelo centro de saude. Significa que o ensino (e os professores), deveria ter a mesma qualidade tanto numa escola pública como privada. E que os apoios, a haverem, deveriam ser equitativos para ambos os serviços. Nesse caso, seria uma justa escolha.

 

Mas sabemos que o Estado deveria apoiar, prioritariamente, os serviços públicos que dele dependem. Ao invés de o fazer, está a cada dia a destrui-los. Já os serviços privados, que são criados por quem assim o pretende, sem qualquer intervenção do Estado, parecem estar a desempenhar o papel de substitutos e a angariar regalias, apoios e benefícios.

 

Hoje em dia, já não é qualquer pessoa que consegue pagar consultas em hospitais públicos, já não é qualquer pai que consegue ter o seu filho a estudar no ensino público mas é, ainda assim, o mais económico para a maioria dos portugueses.

Aos serviços privados, só vai quem tem dinheiro. E aqueles que o perdem, e perdem o seu estatuto e nível social, viram-se para os serviços públicos. Também é sabido, embora com cada vez mais excepções, que quem paga bem é mais bem servido.

 

Assim, se estes cheques significarem que uma determinada pessoa que não tem condições financeiras para tal, pode ir a um serviço privado, ser melhor atendida e não pagar nada, é óbvio que estão a incitar ao fim dos serviços públicos.

Se estes cheques significarem que, quem não tem dinheiro, não tem outra solução que não seja o serviço público mas quem o tem, para ponderar o privado, pode contar com ajuda, é um claro incentivo à discriminação.

Agora se significarem que haverá cheques-ensino equivalentes para todos, independentemente, do serviço que pretendam, aí sim seria uma medida louvável.

 

Não me parece que seja essa a intenção...E daí a polémica que está a gerar!