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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Óculos ou Lentes de Contacto - qual a melhor opção?

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Há uns 15 anos atrás, não percebia como é que as pessoas conseguiam andar com lentes de contacto. Hoje, agradeço quem teve a feliz ideia de as inventar! E de as inovar ao longo de todos estes anos.

Não há nada melhor para utilizar no dia a dia (para quem as possa usar e se dê bem com elas) do que as lentes de contacto.

Para mim, quando me foi dito que tinha miopia e astigmatismo, usar óculos no dia a dia estava fora de questão. Por uma questão estética. As lentes de contacto foram a solução ideal.

Ou quase sempre, porque nem tudo é um mar de rosas. Eu utilizo lentes de contacto, e óculos, e posso afirmar que ambos têm vantagens e desvantagens, mas complementam-se entre si.

 

Vejamos, então, as lentes de contacto:

- há que ter em conta se, para o tipo de problema que a pessoa tem, deve ou não utilizar

- há que ter em conta se a pessoa se adapta bem à sua utilização ou não

- podem vir a ser uma solução mais dispendiosa, tendo em conta que, além das próprias lentes, são necessários os produtos de limpeza

- só se devem utilizar durante 8 a 10 horas, no máximo

- exigem mais cuidados e maior higiene

- podem ser utilizadas em qualquer actividade (na praia ou em desportos, por exemplo) sem termos que as tirar

- não alteram a aparência, e são ideais para quem não gosta de, esteticamente, se ver de óculos

- proporcionam uma melhor correcção da vista

 

os óculos:

- são ótimos para utilizar quando os olhos estão mais sensíveis, irritados, ou depois de um dia a usar lentes de contacto

- são muito práticos, não exigem tantos cuidados de manuseamento e higiene

- podem ser mais económicos

- podem danificar-se com mais facilidade

- não oferecem riscos à visão ocular, mas podem distorcer a visão periférica

- podem ser inestéticos, ou a pessoa não gostar da sua aparência com eles

 

Eu gosto de utilizar as lentes de contacto durante o dia ou quando saio, e à noite ou quando estou em casa, os óculos. Mas também já utilizei os óculos em outras ocasiões porque não conseguia mesmo colocar as lentes de contacto.

Só cada pessoa pode saber qual é a melhor opção para o seu caso, para o seu tempo e para a sua carteira. 

 

 

 

Natalidade - nas nossas mãos?

 

Ser mãe...é algo indescritível! Algo que não se explica, mas que se sente.

Ser mãe faz-nos crescer, faz-nos rever a nossa forma de ver, e viver a vida. Faz-nos criar novas prioridades, torna-nos fortes, protectoras, verdadeiras "leoas" no que se refere ao bem-estar das nossas crias.

É um ser tão pequeno e indefeso que depende de nós! Há uma ligação muito forte desde o momento em que se começa a gerar até ao fim da vida.

Ser mãe traz-nos alegrias infinitas, proporciona-nos momentos únicos...

E eu tive o privilégio de experimentar tudo isso! 

Hoje, quando vejo outras mulheres grávidas, quando a minha filha pede uma irmã, quando o meu namorado me fala em filhos, não posso deixar de pensar que gostava de ser mãe novamente.

Mas, ser mãe, acarreta muitas responsabilidades, muita entrega, muita dedicação e muitas abdicações. Ser mãe é um trabalho contínuo, sem folgas nem períodos de descanso. Ser mãe, por mais que tentem mostrar o contrário, é dispendioso em termos financeiros.

Hoje, quando olho para a minha filha, não posso igualmente deixar de pensar que tão depressa não quero ser mãe.

São sentimentos contraditórios, é verdade.

Mas ninguém quer fazer de um filho mais um número para estatística. Ninguém quer ter um filho se não tiver condições físicas e psicológicas para o fazer. Ninguém quer trazer ao mundo uma criança para ficar entregue aos cuidados de amas, avós e afins, e vê-la uma hora por dia. Ninguém vai arriscar uma gravidez, se souber que esse bebé que aí vem corre o risco de passar necessidades e dificuldades.

Cada vez mais, a natalidade é uma opção nossa. E já nem é só uma questão financeira. Embora o nosso governo não contribua em nada para ver a natalidade aumentar em Portugal, o que, de facto, limita grande parte das mulheres/ casais que querem ter filhos, essa não é a única causa da baixa natalidade no país.

Mesmo havendo condições financeiras, há muitos outros factores a ter em consideração - a vida profissional, a disponibilidade de tempo, o instinto maternal/ paternal, a vontade de assumir essa enorme responsabilidade que é a maternidade/ paternidade.  

Há quem diga que custa mais educar um filho, que criá-lo! Eu penso que os dois lados da balança estão equilibrados. Dependem um do outro, tal como um bebé depende dos seus pais. 

Por isso mesmo, é uma decisão que está, acima de tudo, nas nossas mãos!

Aborto - Uma Opção Válida?

 

Juntamente com outras tantas mulheres, ela aguardava sentada, numa cadeira, em pleno corredor, a sua vez de ser chamada.

Aquela espera parecia-lhe uma eternidade e, por momentos, teve vontade de desistir, de sair dali e nunca mais voltar.

Era um ambiente pesado, de semblantes carregados. Ninguém falava com ninguém. Quanto tempo mais ficariam ali?

Nunca ela imaginara que algum dia se encontraria numa situação daquelas, mas agora era uma realidade, e só ela poderia alterar o desfecho desta história.

Tinha uma filha, com cerca de três anos, fruto de um relacionamento que culminou em casamento e cuja vinda, muito embora não tivesse sido planeada mas também não prevenida, trouxe muita felicidade aos pais!

Errar é humano, e erros qualquer ser humano comete. Este tinha sido um desses “erros”, se assim se pode chamar, mas que era muito bem vindo – afinal, era só o antecipar do futuro que ambos desejavam.

Mas agora era diferente. Tinham estado separados durante três meses, o divórcio esteve prestes a ser assinado. Contudo, o que quer que fosse que ainda sentiam um pelo outro falou mais alto, e tentaram uma nova oportunidade.

Só que, numa altura em que predominava a instabilidade emocional e a instabilidade financeira, a última coisa que precisavam era de cometer novamente o mesmo erro! No entanto, foi o que fizeram! Como ela tinha sido burra – sim, porque só pode ser essa a explicação para tal loucura. Estava grávida, e não tinha vontade nenhuma de ser mãe, de trazer outra criança ao mundo para passar o mesmo que a filha tinha passado. Além disso, ela não tinha condições. Nem tão pouco o marido lhas podia dar.

Não foi necessário pensar muito para pôr em cima da mesa a opção do aborto que, por ironia do destino, tinha sido legalizado nesse mesmo ano! Na verdade, apesar de nunca ter pensado alguma vez na vida fazer um, a verdade é que sempre tinha sido a favor do aborto e da sua legalização.

Contra a vontade do pai do bebé, mas apoiada pelos seus pais, e decidida a resolver o quanto antes a questão, até porque não tinha muito tempo até ao limite de semanas permitido, avançou com o processo.

Primeiro, uma consulta com a médica de família, que a encaminhou para um hospital público que, por sua vez, a encaminhou para uma clínica privada. Fez por sua conta uma ecografia, que lhe seria pedida mais tarde. E aguardou que lhe marcassem o dia para comparecer na clínica.

Só que não foi exactamente como ela tinha pensado. A primeira informação que lhe deram, quase fê-la dar meia volta e esquecer o motivo que a tinha levado ali. Não se faziam abortos com comprimidos, apenas por cirurgia, que consistia em “aspirar” o bebé, numa fracção de segundos, sem dor e sempre assistida por profissionais. E ela nunca tinha pensado nessa hipótese. Sempre teve em mente que lhe iam dar uns comprimidos e que o resto aconteceria em casa. Uma cirurgia…isso não era de todo o que tinha imaginado. Assustava-a.

Mas o seu pai estava com ela, e nem mesmo quando, por acaso, ouviu outra mulher já de saída comentar que sentia um vazio muito grande, e observar o estado físico e psicológico em que se encontrava, ele a deixou desistir.

E, assim, estava ela agora sentada com outras mulheres em situações similares, cada uma com o seu motivo, umas mais novas, outras mais velhas, mas todas com um objectivo comum.

Era, de facto, surpreendente a quantidade de mulheres que naquelas horas ali compareceram.

Chamadas por grupos, tinham que passar por diversas fases – uma primeira conversa com o médico, análises, ecografia, consulta de psicologia, e voltar novamente ao médico, que marcaria então o dia, a todas as que mantivessem a sua decisão.

Quando finalmente saiu da clínica, respirou de alívio – alívio por sair daquele ambiente onde esteve fechada tantas horas, e porque estava cada vez mais perto do final.

Dia 14 de Novembro compareceu novamente na clínica acompanhada, desta vez, pelo marido que, mesmo condenando aquela decisão e, provavelmente, contrariado, acedeu a levá-la e trazê-la de volta de carro, em vez de ela ir de transportes públicos.

Novamente à espera, chamaram-na para o vestiário com mais duas ou três mulheres. Já preparadas, levaram-nas para o bloco operatório onde lhes foi aplicada a anestesia. Ela tinha optado pela anestesia geral – assim não daria por nada. E quando acordasse, já estava!

E assim foi. Uns minutos depois, acordou já numa outra sala, de recobro, como se nada tivesse acontecido. Mais um tempo em observação, uma nova consulta de psicologia, um saquinho com antibiótico e anti-inflamatório, e tinha acabado o pesadelo.

Sim, foi essa a sensação que ela teve – novamente, alívio! Como se lhe tivessem tirado um peso das costas. Como se tivesse, desta forma, remediado o erro que tinha cometido.

Era a única solução possível naquela altura, disso não tinha a menor dúvida. Tinha feito o melhor para todos.

Não sei como se sentem as mulheres depois de abortarem – acredito que muitas entrem em depressão, que fiquem tristes, que se sintam culpadas, arrependidas…

Mas ela não – nunca se arrependeu, nunca se sentiu culpada, nunca se deixou abater, e seguiu a sua vida!

Hoje, engravidar não está fora dos seus planos, mas só se a sua vida e as condições o permitirem, porque errar uma terceira vez seria pura burrice, e aborto é uma opção que não se colocaria novamente.