O que é o luto? A roupa escura que se veste por respeito ao falecimento de alguém? Pode ser. Mas não se resume a tão pouco.
O luto é, sim, um conjunto de reacções a uma perda, seja ela de que natureza for, com diferentes formas de expressão em cada cultura, e com determinadas características.
No início, normalmente, ocorre a negação da perda. Segue-se o choque (muito embora, na minha opinião, possa acontecer o inverso - primeiro o choque, e depois a negação).
As pessoas entram num processo que pode incluir, entre outros sentimentos, estado de choque, raiva, impotência, hostilidade e solidão. É normal sentirem-se sozinhas e isoladas, até porque elas próprias se isolam e querem ficar sozinhas.
A fase seguinte caracteriza-se por uma profunda tristeza. Há uma tendência para relembrar a perda. Essas recordações, intercalando as agradáveis e desagradáveis, são muitas vezes acompanhadas de tristeza e choro, que vão diminuindo com o passar do tempo, à medida que as pessoas se vão reorganizando, ainda que com recaídas.
A última fase é a aceitação da perda.
Nem todas as pessoas vivem da mesma forma cada uma destas fases, cuja duração é igualmente variável em função do tipo de perda e da pessoa que a experiencia. Mas, por norma, todas passam por elas. E por mais que os outros lhes tentam dar ânimo, força, palavras de conforto ou qualquer outro tipo de ajuda, embora sejam gestos benvindos, nem sempre vão minorar os efeitos devastadores da perda, nem aquilo que as pessoas estão a sentir. Penso mesmo que, muitas vezes, o silêncio é de ouro. Quem acompanha estas pessoas pode sentir um certo desconforto, nervosismo ou constrangimento, evitando falar do assunto, porque não sabe o que dizer nem o que fazer.
Mas o mais importante, é mostrar interesse, sensibilidade e disponibilidade. Estar presente, de forma sentida e sincera.
Sim, porque existem algumas pessoas que só estão presentes em corpo. Que vão a funerais para pôr a conversa em dia com familiares e conhecidos, para ver quem leva o quê vestido, se foi de preto ou de branco...Que falam ao telemóvel e trocam mensagens em plena igreja...Que marcam presença só para "inglês ver"...Que se aproximam para tudo menos apoiar, ou apoiam com interesse...Que nem se aproximam, ou logo se afastam só porque não sabem o que dizer...E, definitavamente, não é esse tipo de ajuda que as pessoas precisam.