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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

"O Pacto", de Sharon Bolton

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Adolescentes fazem coisas de adolescentes.

Muitas vezes, coisas parvas, sem sentido. 

Algumas vezes, perigosas.

Adolescentes são, não raras vezes, inconsequentes.

E se, na maioria das situações, são inofensivos, ou são os únicos prejudicados com as suas acções, outras há que fogem do seu controlo, e acarretam consequências graves, que podem mudar a vida de todos.

 

Félix, Talitha, Amber, Daniel, Xavier e Megan são um grupo de amigos, adolescentes, a viver o seu último verão, sob o stress de saber os resultados dos exames, e antes da ida de cada um deles para a universidade.

Os seus dias incluem noitadas, álcool e tudo o mais a que os adolescentes têm direito.

E, ultimamente, algum perigo.

Sem medir as consequências, decidem, à vez, conduzir o carro da mãe de Félix na estrada, a alta velocidade, em contramão.

Na vez de Daniel, três pessoas morrem num acidente provocado por essa estupidez: uma mãe e duas filhas.

Nenhum deles presta auxílio. Nenhum deles pede ajuda. Nenhum deles quer ficar com a culpa.

 

Ou melhor, há um membro do grupo que, a determinado momento, se oferece para se declarar culpada perante as autoridades, sem envolver nenhum dos restantes, com duas condições: nunca se esquecerem dela e ficarem, cada um deles, a dever-lhe um favor, que ela decidirá, e poderá cobrar quando quiser, após sair em liberdade.

Todos assinam uma confissão, o acordo, e tudo é fotografado, servindo de garantia a Megan, caso algum deles pense em quebrar o acordo.

Megan é presa.

Cada um dos cinco segue com a sua vida.

E vinte anos se passam.

 

Agora, Megan saiu em liberdade, e quer reatar as antigas amizades, e cobrar os seus favores. 

Mas nenhum deles está disposto a fazê-lo, porque isso significa que, ou dão cabo da sua vida de uma maneira, ou de outra.

Certo é que Megan tem contas a ajustar. 

E, de repente, os amigos começam a desaparecer, ou a aparecer mortos.

Será que Megan mudou de ideias, e está a fazer justiça de outra forma?

 

É difícil escolher um lado, porque Megan sacrificou-se, abdicou de 20 anos da sua vida, sofreu na prisão, e todos lhe viraram costas. Mesmo agora, ninguém quer saber dela, e dificilmente voltará a ter uma vida normal. Ela não ia ao volante nessa noite. Ela não é uma assassina. Mas esse rótulo ninguém lho tira. 

Enquanto isso, cada um dos seus cinco amigos concretizou os seus sonhos, seguiu a sua vida, e estão bem.

Por outro lado, há favores que, simplesmente, são desumanos, egoístas. Não que alguns deles não mereçam, mas...

 

A verdade é que a história sofre uma reviravolta, os favores não chegam a ser cobrados, mas algo de estranho está a acontecer.

Daniel desaparece.

Megan desaparece.

Xavier aparece morto. Tal como Talitha.

E as vítimas não ficarão por aí.

 

A autora conseguiu levar a bom porto a sua missão, e incutir a desconfiança relativamente aos membros do grupo, a ponto de nos levar a pensar que, se calhar, não são assim tão inocentes como parecem, e podem estar a eliminar os seus companheiros, culpando Megan pelas mortes.  

"O Pacto" mostra como todas as acções têm consequências e que, mais cedo ou mais tarde, teremos que arcar com elas.

Mostra também como as pessoas, não só na fase da adolescência, mas também enquanto adultas, estão, tantas vezes, tão centradas em si próprias que não se dão conta ou, se o fazem, não se questionam sobre tal, de que algo se passa com os seus amigos.

Se é que, realmente, são amigos...

E se são, até que ponto, verdadeiramente, os conhecem?

Até que ponto se pode confiar neles, ou eles em si?

 

A resposta surge no fim, com uma surpresa inesperada a mudar tudo aquilo em que acreditávamos até aí!

 

 

 

"O Assalto do Passado", de Sandra Brown

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Mais um livro de uma das minhas autoras favoritas que, logo ao início, não me cativou, como habitualmente.

Felizmente, ultrapassadas as primeiras páginas, o enredo começou a compôr-se, e a história a ganhar ritmo começando, então, a vir ao de cima o melhor da Sandra Brown, num livro em que há mais segredos por revelar, que aqueles que pensamos que já conhecemos.

A revelação final foi mesmo surpreendente, a cereja no topo do bolo!

 

Tudo começa quando Arden, a filha mais nova de um dos envolvidos no assalto, volta à terra da família, onde tudo aconteceu, reavivando aquilo que estava quase esquecido, pondo em perigo a vida de várias pessoas, incluindo a sua. 

Permanece por esclarecer o que aconteceu ao dinheiro roubado, que desapareceu, e ao pai de Arden que, para todos os efeitos, fugiu com o dinheiro, sem nunca mais ninguém o ver.

 

Ledge, um dos participantes do assalto, apaixona-se por Arden, e faz de tudo para a proteger de quem a quer ver fora do caminho sem, no entanto, lhe contar quem é, quando ela começa a investigar os crimes ocorridos há 20 anos.

Ao mesmo tempo, também ele tem que se proteger a si, e aos que lhe são próximos, do homem que, desde sempre, lhe tenta estragar a vida - Rusty - a autoridade da região, que tem todos os habitantes na mão, e faz o quer quer, saindo sempre impune.

 

"O Assalto do Passado" deixou marcas e mudou a vida daquelas pessoas, sem nunca ter ficado totalmente esclarecido.

Agora, está de volta ao presente, para preencher os espaços em branco, e trazer à tona a verdade.

E qual ela se souber, o que daí resultará, e quem escapará aos estilhaços que ela irá provocar?

 

 

Sinopse:

"A meio da noite, quatro homens realizam um assalto que lhes rende meio milhão de dólares. Ao raiar do dia, porém, tudo se desmorona.
Um deles está no hospital.
Outro está na prisão.
Outro perde a vida.
E o último… desaparece.

Vinte anos depois, Arden Maxwell, a filha do homem que desapareceu sem deixar rasto, está cansada de viver ensombrada pelo passado e pela memória de um pai que todos acreditam ter fugido cobardemente com o dinheiro. De regresso à terra da família ao fim de tanto tempo, ela está longe de saber, claro, que os cúmplices do pai estão de olho nela.

Mas alguém não está a dizer tudo o que sabe sobre o dinheiro, o assassinato e a traição. A verdade tem sempre uma maneira de vir ao de cima, e há quem esteja disposto a matar para descobrir o que realmente aconteceu.

Perigo, vingança, desejo e ganância. Pleno de tensão, o novo romance de Sandra Brown é impossível de pousar!"

"Não Me Perguntes", de Jeff Abbott

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Este é um daqueles livros cuja leitura tinha vindo a adiar, porque Jeff Abbott é um dos meus autores de eleição, as expectativas são sempre altas e, depois de ler os seus livros, sinto sempre a falta de mais um.

Para quem conhece o estilo do autor, "Não Me Perguntes" parece, desde o início, fugir a tudo o que ele já nos mostrou.

Senti que, se não soubesse de quem era o livro, nunca o associaria ao Jeff Abbott.

 

Muitos segredos.

Dramas familiares. 

Adolescentes.

Adopções de crianças.

Vizinhos amigos, um bairro pacato, o amor de uma mãe (e de um pai) pelos filhos e pela sua família.

 

Mas, em Lakehaven, nada é o que parece.

E as pessoas não são o que aparentam ser.

 

Uma mulher, Danielle, que todos admiravam, é encontrada morta num banco de jardim, pelo próprio filho.

A partir daí, a vida dos Pollitt vira de pernas para o ar, porque há algo que Danielle sabia sobre eles, e que poderia destruir-lhes tudo aquilo por que lutaram.

Mas será que algum deles, realmente, a matou?

 

Enquanto paira no ar a suspeita sobre Kyle ou Iris, a sua filha, Julia, vê-se envolvida num esquema de tráfico de medicamentos, e o seu filho, Grant, descobre que os seus pais sempre lhe mentiram relativamente à sua adopção.

Uma adopção desde o início problemática, com muitas pessoas a fazer de tudo para que não acontecesse, e que envolveu uma morte.

 

Portanto, como fã da escrita e dos livros de Jeff Abbott, apesar do título, só me vinham à mente perguntas como: "Onde está o agente secreto que resolve tudo? Onde estão as conspirações? Em que parte entram a CIA, a espionagem, e afins?"

 

Pois, para mostrar que, contra todas as evidências, este continua a ser um livro do mesmo autor, eis que chegam, então, nas páginas finais.

 

Gostei do livro. Gostei da história.

Mas não senti o mesmo entusiamos pela leitura, que nos anteriores.

 

 

Sinopse: 
 

"Em Lakehaven, um próspero e pacato bairro de Austin, Texas, o corpo de Danielle Roberts é descoberto num banco de jardim pelo próprio filho, Ned. Estimada naquela comunidade, Danielle era uma advogada especialista em processos de adoção internacional, que ajudara a levar as alegrias da parentalidade a muitas famílias locais. A violência do crime choca profundamente Lakehaven.
No entanto, talvez ninguém esteja tão devastado como os Pollitts, que viviam a duas casas de Danielle e que a viam quase como um membro da família. O homicídio e a investigação policial subsequente desencadearão um turbilhão de suspeitas e intrigas. «Farei o que for preciso para o salvar», promete Julia Pollitt, referindo-se a Ned. «Os teus pais sempre te mentiram» é dito num e-mail anónimo para o filho adotivo dos Pollitts, Grant. «Ninguém poderá saber a verdade agora», pensa o pai, Kyle. «Não me perguntem o que faria para proteger a minha família», afirma convictamente a mãe, Iris.
Os Pollitts sempre acreditaram que estariam lá uns para os outros. Porém, quando começam as suspeitas no seio da família, a força dos laços que os unem será duramente testada, resultando num thriller fascinante sobre as consequências fatais de determinadas perguntas."

"A Rapariga Que Ficou Para Trás", de Charlie Donlea

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O que faz uma pessoa ler muitos livros é, às tantas, não saber o que leu, e o que ainda não leu, e confundir as histórias.

Já tinha lido um livro com uma história parecida com a deste livro e, por várias vezes, pensei que fosse um único.

Mas não me estava a lembrar de nada do que aqui acontecia, nem das personagens.

Acabei por perceber que eram livros e histórias diferentes.

 

Em "A Rapariga Que Ficou Para Trás", o autor conseguiu trocar-me as voltas todas.

Cumpriu o seu objectivo, e desviou-me sempre para os suspeitos a que ele queria que o leitor chegasse. 

O final foi uma bela surpresa porque, verdade seja dita, quem iria pensar que o verdadeiro culpado era aquele de quem nunca suspeitaríamos? Aquele que nos deveria proteger?

 

Nicole e Megan desaparecem na mesma noite.

Megan consegue escapar.

De Nicole, ninguém sabe.

À medida que a história avança, confesso, é fácil simpatizar com Megan, e antipatizar com Nicole.

E pensar que, o que quer que lhe tenha acontecido, ela fez por isso.

Claro que, no fundo, ninguém merece passar por aquela provação. Nem mesmo Nicole. Não quando ela tentou corrigir o erro.

 

Livia, a irmã de Nicole, patologista forense, acreditando que a irmã está morta, vive à espera que o seu cadáver apareça, para que ela possa analisá-lo, e obter todas as respostas sobre o que lhe aconteceu.

Com a ajuda de Megan, elas vão reconstituir o desaparecimento, perceber quem esteve envolvido, e quem anda a raptar mulheres para as usar, torturar e, depois, as matar.

Conseguirão elas, no meio de todas essas descobertas, encontrar Nicole?

E se sim, com vida, ou sem vida? 

 

Este é um livro que aborda a forma como diferentes pessoas lidam com um mesmo acontecimento traumático, e como essas formas, ajudando a si, podem sufocar os que as rodeiam.

Também aborda a forma como os media tratam esses acontecimentos, do ponto de vista das vendas, do sucesso, daquilo que interessa ao público, do final feliz e da superação, e não da história real, daquilo que ficou por resolver, daquilo que não se conseguiu evitar.

 

"Duas raparigas são raptadas.
Uma delas, Megan, consegue escapar.
Um ano depois, escreve um livro que se torna um sucesso. Há só um pormenor, bastante inconveniente: Nicole continua desaparecida.

Alunas da mesma escola, no último ano do ensino secundário, Nicole e Megan vivem em Emerson Bay, uma pequena cidade da Carolina do Norte. Numa noite de verão, há uma festa à beira do lago e ambas desaparecem, sem deixar rasto, apesar de a polícia fazer buscas e mais buscas. Mas eis que, sem ninguém esperar, Megan reaparece, passadas duas semanas, depois de conseguir escapar de um esconderijo no meio da mata.

Um ano mais tarde, Megan escreve um livro, que conta a sua história de cativeiro e se torna um bestseller imediato, fazendo dela uma heroína nacional. Mas, entretanto, Nicole continua desaparecida.

Livia, irmã mais velha de Nicole e patologista forense, crê que ela está morta e tem esperança de que o corpo apareça, de modo que possa ser ela uma das pessoas a desvendar o mistério e a conseguir justiça. No entanto, é de outro corpo que dá entrada na morgue que surge a primeira pista, o corpo de alguém que faz parte do passado de Nicole.

Entusiasmada com a possibilidade da pista, Livia conta a Megan, pede-lhe mais pormenores do cativeiro e começa a relacionar o caso com os de outras raparigas desaparecidas. E é então que percebemos que Megan sabe mais do que contou no seu livro. Começa a ter flashes arrepiantes, a possibilidade de algo muito mais terrível começa a ganhar forma e… elas percebem que talvez o pior pesadelo se esteja a tornar real."

"Ilha das Memórias", de Nora Roberts

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Numa noite como outra qualquer, num centro comercial como outro qualquer, o inesperado aconteceu: um massacre, levado a cabo por três adolescentes armados, que começaram a disparar sem parar matando, um a um, todos os que ali tinham ido, por um qualquer motivo, sem sonhar com o destino que os esperava.

 

Mas nem tudo correu bem.

Alguém chamou a polícia.

Alguém ajudou a salvar vidas.

 

Pessoas escaparam.

Pessoas que, de uma forma ou de outra, sobreviveram para contar a história.

Pessoas que, de uma forma ou de outra, se destacaram.

Ganharam protagonismo. Superaram o trauma. E seguiram com a sua vida.

 

Enquanto isso, os causadores de tudo isso, morreram.

Um, abatido pela polícia. Os outros dois, honrando o pacto firmado, mataram-se um ao outro.

Seria de supor que o assunto, apesar das mazelas causadas, estaria encerrado.

 

Não está.

Cedo ficamos a saber quem, realmente, planeou o ataque, e quais são os seus planos para aqueles que, de alguma forma, se meteram no seu caminho, e sobreviveram.

Entre eles, Simone Knox, a primeira pessoa a ligar para a emergência.

Reed Quartermain, um jovem que se tornou polícia e vai fazer de tudo para deter a nova ameaça.

Essie McVee, a agente da polícia que assassinou o seu irmão.

E tantas outras pessoas... Tantos novos alvos a eliminar.

 

Há uma razão. Ou, talvez, várias. 

Quase sempre giram à volta do mesmo.

E nunca são justificação suficiente para tais actos.

Mas o cérebro por detrás deste novo massacre tem tudo delineado, justificado, e não vai parar.

Sem que alguém consiga travar, mas a começar a dar sinais de que começa a perder o controlo, a questão não é se vai voltar a matar, mas quando, onde, e quem será a próxima vítima.

 

Este é um livro que fala sobre superação.

Como superar o trauma de ser baleado, e ficar limitado. Ficar com marcas físicas, e psicológicas.

De ver pessoas a morrer, ou já mortas, à nossa frente, ao nosso lado, em cima de nós.

Como diferentes pessoas, lidam de formas tão diferentes mas, no fundo, sentem uma dor semelhante.

E, no meio de tudo isto, como amizades se constroem. Ou se firmam.

Como famílias se atacam, e se afastam. Ou permanecem unidas.

Como cada um se vai descobrindo a si próprio, e ao seu propósito na vida. 

Como se vai abrindo para as novas oportunidades, para um novo futuro.

Ou como vai ficando preso naquele mesmo dia, naquela mágoa, sem conseguir ultrapassar, e voltar a viver, ainda que vivo.

 

Porque a verdade é que muitas pessoas morreram.

Pais, filhos, amigos...

Há muito a lamentar, sem dúvida.

Mas tantas outras sobreviveram.

E cabe a essas fazer a vida, e o simples facto de estar vivas, valer a pena.

Por si, e por todos os que não tiveram a mesma chance.

E por quem acha que vai conseguir destrui-las, mais cedo ou mais tarde, e acabar o que ficou inacabado. 

 

O que menos gostei do livro, para além de se saber logo que vai ser o assassino de serviço, foi o facto de o dito cujo conseguir matar uma pessoa atrás da outra, e safar-se sempre, sem que consigam sequer chegar perto, gozando com a polícia e com todos à sua volta.

E depois, perante isso, o fim acaba por ser fácil e rápido demais.

 

Vale ainda a pena pelo Barney, o cão que sofreu de maus tratos e vai ser acolhido pelo chefe da polícia, aprendendo a voltar a confiar nos humanos, socializando, e tornando-se os melhores amigos.