A concha imaginária que nos protege
Ao longo da nossa vida, passamos por períodos em que nos sentimos mais alegres, mais positivos, mais confiantes, mais ousados, mais determinados, de bem com a vida.
E, sem darmos conta, saímos da nossa concha e damo-nos ao mundo, e aos que nos rodeiam sem reservas.
Sentimo-nos bem, livres, realizados, felizes, imunes a qualquer factor externo que nos possa, de alguma forma, afectar.
E existem outros em que, sem percebermos, mudamos.
A alegria passa a melancolia, o positivismo a negativismo, a confiança a insegurança, a determinação a receio.
Deixamos de ser aquela pessoa que demos a conhecer, para sermos alguém que antes não existia.
Sem querer, voltamos para dentro da nossa concha, onde nos podemos fechar e sentir protegidos, mesmo de perigos que não existem.
Para quem nos observa de fora, pode parecer que estivemos a fingir algo que não éramos, que passámos uma imagem de nós que não corresponde à realidade de quem somos.
Mas não é verdade.
A nossa essência mantém-se. Algumas vezes a nu, outras, com armadura, o que torna mais difícil reconhecê-la.