À Conversa com Bernardo Pinto Coelho
Bernardo Pinto Coelho nasceu a 29 de Novembro de 1972, e considera-se um “filho de Cascais”, onde viveu grande parte da sua vida.
Praticante de todo o tipo de desportos e apaixonado, sobretudo, por futebol, Bernardo decidiu, no entanto, licenciar-se em Gestão, numa Universidade na Califórnia – San Diego State University.
Trabalhou em diversas áreas, mas o que mais prazer lhe deu foi gerir a sua empresa de organização de eventos de futebol, direcionada a particulares e empresas.
Outra das suas paixões é a música, que chegou a vivenciar como DJ e a dança!
Bernardo considera-se uma pessoa simples, que gosta de pessoas simples. Um amante da natureza, que adora rir e fazer sorrir, e mostrar a “criança” que há dentro de si.
Aos 37 anos foi-lhe diagnosticada Esclerose Lateral Amiotrófica. Desde então, passou a dar ainda mais valor ao amor, à família, à amizade e à saúde.
Afirma mesmo que uma das lições que aprendeu com esta doença foi que as melhores coisas da vida são de borla. E considera que amor-próprio, estar bem consigo mesmo, e ser amado pelas pessoas certas é tudo o que precisa para ser feliz!
Bernardo é o autor do livro “O que eu aprendi com E.L.A.”, um livro que fala da Esclerose Lateral Amiotrófica, da sua experiência pessoal e da forma como aprendeu a lidar com esta doença.
Bernardo, agradeço desde já a sua participação na rubrica “À Conversa com…”.
Marta: Para além do desporto, a música e a dança são algumas das suas outras paixões. E a escrita, como surgiu?
Bernardo: A escrita surgiu porque a Editora Leya contactou-me logo depois de eu ter prometido em Fátima (sozinho) que iria escrever um livro depois da minha cura, mas depois decidi que iria escrevê-lo antes do tal milagre que eu desejo.
Marta: No seu livro “O que eu aprendi com E.L.A.” fala da sua experiência pessoal, e da forma como encarou e lida com a doença. Acha que o seu livro pode servir de inspiração, tanto para outras pessoas que estão ou podem vir a passar por uma situação semelhante, como para os familiares?
Bernardo: O objectivo do meu livro é ajudar todo o tipo de pessoas que estão a passar por problemas graves (com ou sem doenças – a minha é neuro-degenerativa sem cura), para acreditarem e não desistirem.
Marta: O seu pai, o médico Manuel Pinto Coelho, tem sido uma ajuda fundamental ao longo de todo este processo?
Bernardo: Completamente. Deus tem bons olhos. Está a ajudar imensas pessoas. Acabou de escrever um livro que já vai na 2a Edição – “chegar novo a velho” – pois por causa de mim, adquiriu conhecimentos extraordinários, pois o normal seria eu já estar morto. Mas a decisão é minha. Com a atitude certa, conseguimos vencer todos os obstáculos!
Marta: Nem sempre as pessoas que nos rodeiam sabem como lidar com alguém com uma doença deste género. Considera que esse facto é, por vezes, mais difícil de encarar do que a própria doença e os sintomas a ela associados?
Bernardo: Trata-se de uma doença incapacitante onde a fraqueza vai gradualmente aumentando no corpo, onde ninguém entende a frustração e solidão. Mas eu acredito na minha cura. Daí eu ter criado esta frase: “O impossível é possível, se acreditares e nunca desistires”. Acabei de vir da Acupunctura onde levei com 60 agulhas no meu corpo com muito sofrimento. Tem de se ter espírito de guerreiro e uma capacidade de sofrimento especial, sem falsas modéstias.
Marta: O que é que mudou na sua vida, desde que lhe foi diagnosticada E.L.A.?
Bernardo: Percebi que Semelhante atrai Semelhante. O segredo da Felicidade está em: aceitar o que nos acontece; sermos gratos; pensarmos de forma positiva; lutarmos com persistência; termos amor-próprio; nunca desistir. Papa João Paulo II: “Um Santo é um Pecador que não desiste”.
Marta: Sente que, apesar de tudo, é hoje uma pessoa mais forte?
Bernardo: Muito mais forte e mais feliz porque valorizo mais a vida.
Marta: Que conselho deixaria a que nos estiver a ler?
Bernardo: Quando estás triste ou revoltado com a vida, ela dá-te o mesmo retorno. Quando sorris para a vida, ela dá-te o mesmo retorno (estratégia da 2a pergunta acima) porque Semelhante atrai Semelhante.
Marta: Vamos poder esperar um segundo livro do Bernardo, sobre este tema ou outro relacionado com aquilo que mais gosta de fazer?
Bernardo: Não sei se vou escrever. Depois tomo a decisão. Já pensei num título: “as pessoas mentem-se a si próprias” ou “o que interessa é o coração”.
E assim termina a primeira conversa deste cantinho, com o convidado Bernardo Pinto Coelho, a quem agradeço toda a disponibilidade que mostrou para que esta conversa se tornasse possível. Espero que tenham gostado desta estreia!