À Conversa com Diana Couto
Já aqui publiquei a minha opinião sobre o livro desta autora.
Hoje, deixo-vos com a entrevista a esta jovem escritora, natural e residente em Grijó, Vila Nova de Gaia, que decidiu embarcar, com um empurrãozinho, nesta aventura da escrita, e de ter um livro seu publicado.
Deixo-vos com a Diana Couto!
Quem é a Diana Couto?
Uma eterna apaixonada pelas palavras e pelas sensações que estas nos transmitem, pelas inúmeras possibilidades, pelos sorrisos, pelas lágrimas e pelas contrações abdominais de tanto rir.
Alguém que tinha tantos sonhos e agora realizou um: fazer, nem que fosse só um “alguém”, sentir o mesmo que ela sentia quando lia as palavras de outros autores.
Uma rapariga demasiado dividida entre a sua paixão pela escrita e as relações humanas e a paixão pela ciência.
O resto, nem quem me conhece sabe.
Como é que a escrita surgiu na tua vida?
A escrita apoderou-se de mim desde bastante cedo. Quando era pequena, lia bastante. Passava horas e horas a folhear livros e queria, acima de tudo, conseguir fazer alguém embrenhar-se tanto em algo meu como eu me embrenhava nos trabalhos dos outros.
Queria levar a alguém, nem que só a uma pessoa, as mensagens que me tinham transmitido em cada livro que lera. Então comecei a escrever.
A escrita nunca foi um objetivo a nível profissional. Suponho que tenha sido uma espécie de refúgio que me apareceu sempre na altura certa. Algo que não me abandonou nunca, embora eu a tenha abandonado algumas vezes.
Em que é que te inspiraste para escrever este primeiro livro “O Crime da Porta ao Lado”?
As ideias fluíram muito a partir de algumas séries e livros que fui vendo e lendo ao longo dos anos, mas claro que há sempre alguma obra que nos marca mais e nos influencia bastante o estilo de escrita. Sempre gostei daquelas palavras “caras” que deixam o leitor a pensar “mas que diabos quer isto dizer?”, de escrita que me desafiasse a leitura e tentei por um pouco disso neste livro, embora tenha tentado escrevê-lo de forma simples para não se tornar demasiado complicado nem demasiado pretensioso.
A maioria das partes mais tensas, em que ocorre a ação que realmente prende o leitor ao livro e o faz não o querer largar tão cedo, surgiu no banho (risos), mas a inspiração em si, sobre o que escrever e não como o escrever, veio das notícias que me apareciam, por vezes, no email ou nos noticiários.
Violações, raptos, pedofilia, homicídios…Tornaram-se palavras muito (demasiado) usadas no nosso quotidiano e isso é tão triste que dá vontade de falar sobre isso de maneira diferente.
O livro foi lançado em Setembro. Que feedback tens tido por parte dos leitores?
As pessoas têm sido completamente incríveis comigo! Não recebi nenhuma crítica negativa, até ao momento, à exceção da pequenez do livro e da rapidez com que se lê. Tive leitores que me pediram o segundo. Vamos ver… (risos)
Lançar este livro é a concretização de um sonho?
Sem dúvida. Posso dizer que, antes, era uma menina com um sonho algo improvável e que, agora, sou a mesma menina, mas com o sonho realizado.
Hoje em dia, editar um livro é algo que está ao alcance de um maior número de pessoas, ainda que essa edição, na maioria das vezes, implique custos. Consideras esse facto uma vantagem ou uma desvantagem?
Depende de vários fatores.
Um bom livro vai ser sempre um bom livro, seja publicado com menos ou com mais custos. Ainda assim, a verdade é que nem todos os escritores têm possibilidade de acartar com os custos. Os meus pais deram-me essa hipótese, mas tenho plena consciência de que, caso tivesse de ser eu a cobrir todos os custos da edição d’ O crime da porta ao lado, provavelmente ele não estaria editado neste momento.
A grande vantagem disso, é que se tornou mais fácil para um escritor “sair da gaveta” e lançar-se ao mundo com o seu trabalho.
Costumamos ouvir dizer que, quando um livro é realmente bom e com grandes hipóteses de sucesso, as editoras investem no mesmo por sua conta, sabendo que vão recuperar o investimento. Concordas?
Talvez sim, talvez não. Li livros incríveis que não foram aceites por montes de editoras que, hoje em dia, choram baba e ranho pelo sucesso que os mesmos mostraram ter. Um livro pode ser realmente bom para uns e para outros não. Não há nada de errado nisso. Só não se torna uma certeza que um bom livro tenha um investimento de uma editora.
Na tua opinião, consideras que os autores portugueses ainda não têm grande apoio a nível de edição, divulgação e promoção, bem como reconhecimento pelo seu trabalho?
Acho que nós próprios não investimos muito nos autores portugueses.
Falo principalmente em meu nome. A maioria dos livros que tenho em casa são de autores estrangeiros o que se torna bastante triste sabendo que o que é nacional também é bom e que há autores portugueses com uma enorme qualidade.
Infelizmente, parece que o estrangeiro nos continua a interessar tanto como interessavam as colónias nos tempos antigos.
És uma estudante de Ciências. A escrita é apenas algo a que te pretendes dedicar no teu tempo livre?
Nos últimos dois anos, a escrita tornou-se na minha melhor maneira de me refugiar do que se passava “lá fora”. Fugia completamente das responsabilidades que o secundário nos traz, desde a escolha daquilo que queremos a fazer da vida até às notas que temos de conseguir ter para chegarmos ao objetivo.
Embora a escrita se tenha mostrado quase a minha melhor amiga, não acho que consiga fazer dela profissão nos tempos que correm. Talvez um dia…
Que objectivos gostarias de concretizar no futuro?
Dizem que, antes de morrer, toda a gente deve plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. Eu espero que não seja só uma árvore, só um livro ou só um filho! (risos)
Não pensei muito no futuro. Neste momento, estou mais focada no que quero alcançar no presente que é, maioritariamente, a certeza do que quero fazer mais tarde. Não estou a fazer sentido nenhum, mas assim fica com uma pequena noção da confusão que vai na cabeça de uma estudante regular do ensino secundário atualmente.
Muito obrigada, Diana!
*Esta conversa teve o apoio da Chiado Editora, que estabeleceu a ponte entre a autora e este cantinho.