À Conversa com Marlene Alves Catanzaro
Marlene Alves Catanzaro nasceu em 1964 na cidade de São Paulo, e descende de portugueses por parte do avô paterno.
É Pedagoga formada pelas Faculdades Oswaldo Cruz; especialista em Orientação Educacional e Pós-Graduada em Orientação Profissional e Psicopedagogia.
A literatura sempre esteve presente em sua vida, assim como o amor pelos animais.
Em "A História de um Gato", a autora junta estas duas grandes paixões com o propósito de demonstrar que tudo é possível quando há amor e dedicação.
Parte do valor obtido com a venda deste livro é destinada a contribuir com aqueles que, num gesto de amor e dedicação, cuidam de animais sem lar ou feridos.
É ela a convidada de hoje da rubrica “À Conversa Com”, a quem desde já agradeço por ter aceitado o convite!
Marlene, a literatura e os animais são duas das suas grandes paixões. Quando, e como, é que as descobriu?
Ambas na infância. Não me recordo da minha vida sem um animal por perto. Foram gatos, cães, papagaio, pintinhos, tartaruga... Percebi o quanto amava os animais pela compaixão que sentia ao ver-lhes o sofrimento, e que me fazia sofrer por não poder, sendo criança, amenizar-lhes a dor.
A paixão pela literatura surge também na tenra idade, quando lia vorazmente todas as histórias que me chegavam às mãos; a que mais marcou minha infância foi “A Ilha Perdida”, da escritora brasileira Maria José Dupré.
“História de Um Gato” foi a junção destas duas paixões. O que a levou a escrever este livro?
O aspecto principal foi o desejo de poder ampliar a ajuda aos animais abandonados e doentes. Para tanto, destino um percentual do que recebo pelos os direitos autorais para Associações de proteção animal e protetores voluntários.
A doação de exemplares também colabora com os gastos em medicamentos, cirurgias, vacinas, ração...
Assim como em diversas cidades brasileiras, Campinas, onde moramos, sofre com a ausência do poder público para desenvolver políticas que tratem a questão da saúde do animal. Há muito abandono em diversos bairros e esta é uma triste realidade que gostaria de ver diminuída com o projeto “A História de Um Gato”.
Pode-se dizer que a Marlene tem uma relação especial com os gatos, ou a sua paixão estende-se também a outros animais?
(risos) Adoro animais, sem distinção. Durante longos anos morei em apartamento e, por isso, optei por ter somente gatos, que, pelos hábitos que possuem, facilitam os cuidados. Atualmente moramos em casa com grande quintal e a fase é de cachorros... (risos). São seis, sendo cinco retirados de situação de abandono das ruas aqui do bairro.
A Marlene tem descendência portuguesa. Já alguma vez visitou o nosso país? O que gostou mais?
Sim. Era um sonho ir a Portugal. Em 2010 viajamos para a Inglaterra e o avião fez conexão na cidade do Porto. Somente ter sobrevoado o país deixou-me muito feliz. Ver o casario, o Tejo...
Em 2012, finalmente, ficamos alguns dias em Lisboa, conheci a Torre de Belém, o Castelo São Jorge, o Oceanário, o pastel de Belém (risos)... Vi de perto os encantos dessa bela e inesquecível cidade.
No mês passado, voltamos para o lançamento do livro “A História de Um Gato”. O evento foi em Lisboa, na Feira Nacional do Livro, e em Évora.
Nesta última viagem conhecemos quase todo o país, bebendo dos seus encantos. Foi maravilhoso.
O que mais gosto é da hospitalidade e generosidade do povo português. Nos perdemos muito (risos) dirigindo pelas boas estradas portuguesas, mas sempre fomos muito bem ajudados por pessoas simpáticas e corteses. Chego a dizer que foi muita sorte nos termos perdido tanto, pois tivemos oportunidade de conhecer e de manter contato com gentes de coração boníssimo.
Para além de contar uma bonita história de amor e dedicação aos animais, nomeadamente, a um gato muito especial, este livro tem também uma missão solidária. O que considera que faz mais falta – pessoas que se voluntariem para ajudar animais, ou meios para que as mesmas o possam fazer?
Creio que faltam meios para que as mesmas o possam fazer. Faltam hospitais e clínicas públicos, apoio do Estado, divulgação de campanhas de castração etc. Ao mesmo tempo, vejo muita gente envolvida utilizando recursos próprios, às vezes sem ter muita condição para isso. Pessoas que doam horas de trabalho nos finais de semana, que recolhem animais abandonados, atropelados e depois precisam recorrer a amigos e conhecidos para ratear os valores gastos. Atualmente temos a internet como grande canal de divulgação e valiosa aliada para este trabalho de voluntariado.
O gato desta história esteve abandonado à sua sorte, ferido, sem que a maioria das pessoas que por ele passavam se decidisse a ajudar. Acha que ainda existe muita indiferença em relação aos animais encontrados na rua? Na sua opinião, o que mais temem as pessoas, ao ver um animal em sofrimento, e que as leva a passar ao lado como se nada fosse?
Sim, existe bastante indiferença, infelizmente. Muitas pessoas não sentem compaixão pela fome, dor, frio, medo e solidão por que passam os animais de rua. Costumo dizer que, se cada pessoa se dispusesse a cuidar verdadeiramente de, pelo menos um animal, não teríamos o quadro triste que a realidade nos mostra.
Ao lado da indiferença, creio que seja o fato de as pessoas não poderem ou não quererem ter gastos e trabalho com um animal em sofrimento.
Pela sua experiência com animais, que ensinamentos considera que todos devíamos aprender com eles?
A gratidão é o maior deles.
Depois do sucesso desta história, vamos poder contar com um novo livro da Marlene dedicado aos animais?
A história do Senninha vem emocionando centenas de pessoas, das mais variadas idades. Recebo relatos diversos sobre o quanto esta história sensibiliza. É uma mensagem de carinho, de superação e que me leva a querer novamente imergir neste universo apaixonate. Contudo, no momento a prioridade é aprofundar parcerias com Associações de Amparo Animal, tanto do Brasil quanto de Portugal, e também preparar-me para a participação na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no próximo dia 30 de agosto.
É importante e oportuno destacar a parceria com a Editora Chiado, que abriu para o meu livro as portas do mercado português e países de Língua Portuguesa, com um trabalho de edição que muito me entusiasmou pela beleza e competência.
Todos têm histórias para contar, a diferença está em que o escritor compartilha com as outras pessoas as histórias que tem na mente e no coração.
Muito obrigada pela disponibilidade!
*Esta conversa teve o apoio da Chiado Editora.