À Conversa com Milene Sofia - Especial The Voice Portugal
Milene Sofia tem 19 anos e é de Bucelas.
Começou, ainda em criança, a dar os primeiros passos no mundo da música, ao participar num Festival da Canção Infantil, no Algarve.
Apesar de não ter formação musical, algo que gostaria, toca piano e guitarra.
Vimo-la participar nas provas cegas, no programa The Voice Portugal, com uma interpretação poderosa e cheia de garra, da música “Highway To Hell”, dos AC/DC, o que nos poderia levar a crer que era este o género musical a que estava habituada.
No entanto, surpreendeu-nos a todos quando revelou que costumava cantar fado!
Pode parecer incrível mas a Milene já cantou na Casa de Fados Luso e na Casa de Fados Faia e participou, por duas vezes, no Grande Prémio do Fado.
Tirou o curso de Línguas e Humanidades e, como tal, quer ser uma excelente jornalista mas, a par com este sonho, vem também o de singrar no mundo da música.
Foi com esse objectivo que se propôs mais este desafio de concorrer ao The Voice Portugal.
Para além de tudo isto, Milene faz também diversos trabalhos na indústria da moda, representando a marca Novotrapo, uma marca que, segundo a própria, a faz sorrir!
É ela a minha convidada de hoje, a quem agradeço desde já por ter aceitado o convite, e por ter deixado as perguntas de jornalista para outra pessoa!
Milene, como é que surgiu o gosto pelo fado?
O gosto pelo fado surgiu muito por acaso. Por brincadeira. Tinha 13 anos. Ouvi "O Fado Mora Em Lisboa" uma e duas vezes e, sem dar conta, já o sabia de cor. A partir daí fui procurando mais fados, fui explorando... Apaixonei-me pelo Fado e por tudo aquilo que me ia fazendo sentir. Muita gente achava o fado sinónimo de tristeza, como a música "da desgraca". E eu quis provar o contrário, porque sabia que não era triste. Não podia ser triste, porque afinal de contas fazia-me feliz. Felizmente essa ideia de associar o Fado a tristeza já não existe, não tanto, pelo menos. E ganhei um amor pelo Fado como não ganhei por mais nada até hoje. Ainda há muito a explorar. Há sempre. Mas é o estilo que me faz mesmo cantar com tudo o que tenho. Se estiver nos meus dias (como a minha avó me diz), o fado sai-me mesmo pelos poros, dou-lhe o meu coração. Mas o Fado precisa de sentir sentido. É daquelas coisas que acho que não podem ser programadas. Já viu como me pergunta como comecei a gostar de Fado e eu acabo a dizer tudo o que acho sobre ele? É mesmo amor. Ahahah.
Sentes-te mais à vontade a cantar fado ou outros estilos musicais?
Depende. Considero-me uma cantora versátil. E gosto de tudo o que canto. O Fado tem a minha alma, assim como tem o Rock e o Pop Rock. Diria que talvez me sinta mais à vontade no Fado porque é algo português. Eu adoro a nossa língua. E gosto mais de cantar em português. Sei que entendo tudo o que canto e que o significado é maior para mim. A complexidade da nossa língua, os vários sentidos e significados, tudo isso me faz sentir mais viva. E desafia-me mais.
No programa The Voice, mostraste-nos uma Milene mais roqueira. E terão sido essas as actuações mais aplaudidas pelo público, talvez pela tua garra em palco. No entanto, quiseste também mostrar uma outra faceta, com a música “Read All About It” da Emeli Sandé. Achas que essa missão foi bem-sucedida?
Não foi tão bem-sucedida quanto gostaria. Estava bastante nervosa. Era uma fase bastante complicada e aquela música diz-me muito. Acho que me deixei envolver demasiado, com toda a pressão, com toda a importância daquela letra. Porém, acho que consegui mostrar bem que não sou só rockeira, o sentimento estava lá, a suavidade também. E apesar de não ter corrido tão bem... Sinto que as pessoas ficaram a conhecer o meu coração. Nesse sentido sim, missão cumprida.
Ser jornalista é um dos teus sonhos. Se pudesses entrevistar uma figura pública, quem escolherias?
Ai, que pergunta complicada! Fora do nosso país, talvez o John Legend. Adoro-o. Considero-o não só um artista fantástico, como alguém bastante humano. Admiro-o por isso. Acho que se o entrevistasse, desatava a chorar. Ele dá mesmo sentido às palavras, não só quando canta. Tenho a certeza que iria ser um bom trabalho de ambas as partes. Em Portugal... Talvez o Luis Borges. Tem uma personalidade que me atrai. Vai contra todos os julgamentos que lhe possam fazer, vai contra a descriminação. É muito humano também. E aprecio quem luta por viver a sua vida conforme sonha. Porque é assim que tem de ser!
Como é que vês actualmente o jornalismo em Portugal? Ainda se faz bom jornalismo no nosso país?
Neste momento, confesso que até me abstraio de ler notícias, tanto em papel como em forma digital. Não sinto que esteja a ser feito um bom trabalho. Falta qualquer coisa. Talvez amor pelo que se faz. Não gosto de notícias só para "encher" colunas ou "hipnotizar" os leitores. É algo que me revolta. Especialmente pelos erros que muitas vezes surgem. Com isto refiro-me não só aos erros ortográficos como aos de informação.
Pretendes conciliar o jornalismo com uma carreira artística ou optar por uma destas opções? Pode-se dizer que ser jornalista é o teu “plano B”?
Não sei bem. Se der para conciliar, sim, mas não acho que seja possível. Sim, ser jornalista é o meu "plano B". A música é o que quero para a minha vida. Sem hesitar.
Enquanto concorrente do The Voice Portugal, qual foi o teu melhor e o teu pior momento no programa?
O meu melhor momento... Não sei. Talvez a 1ª gala. Foi mesmo o que queria fazer. E estava doente. No dia anterior tinha estado com febre e estava mesmo com medo, porque me não sabia se conseguia cantar. No dia da gala dei tudo, pensei que era um "agora ou nunca", e mesmo não tendo passado à 2ª gala, saí de coração cheio. Sabia que não era uma música muito conhecida, não era nada comercial. O público não ia responder tão bem... Mas eu gosto de correr riscos, gosto de fazer o que acho que tem de ser feito. Mas saí feliz porque era mesmo a Milene. Era a energia, o power. Era mesmo o que mais gosto, o meu objectivo de palco. Senti mesmo boas energias. Era eu. E que melhor coisa posso dar ao público, senão eu mesma? O pior... Talvez o do Tira-Teimas. Foi muito difícil, como referi numa das perguntas anteriores.
Como é trabalhar com o Mickael Carreira, que escolheste para teu mentor?
Foi muito bom. Gostei bastante de ter o Mickael Carreira como mentor. Não conhecia muito do seu trabalho e muito menos a sua pessoa. No dia das Provas Cegas quis escolher com o coração. E foi isso que fiz. Acredito que a minha estrelinha (o meu avô), me indicou o melhor caminho. E de facto o Mickael é um grande artista, com muita visão, com muita sabedoria, sempre preocupado em ver-nos bem. Revelou-se muito humano, muito boa pessoa. Foi um gosto trabalhar com ele e agradeço por ter confiado em mim e no meu trabalho.
Sabemos que tiveste alguns problemas relativamente à tua imagem, à forma como te vias, e que isso te levou a uma situação mais grave. Se tivesses que deixar um conselho para evitar que alguém venha a passar por situações semelhantes, qual seria?
É verdade, foi uma fase que destruiu parte de mim. Felizmente já consegui reconstruir essa parte. É muito difícil não gostarmos de nós, não nos sentirmos bem na nossa pele. Ainda para mais quando não temos outra. Eu revelei essa má fase, precisamente para poder ajudar quem eventualmente passa pelo mesmo. Confesso que pensei e repensei, não me queria expor, não dessa maneira, mas depois, quando me dei a conhecer, percebi que tinha de mostrar o que me tornou na Milene que sou hoje. Não me arrependo disso. Tive de ganhar estômago para todos os comentários, para todas as conversas feitas à minha volta. Mas sei que ajudei muitas pessoas, recebi muitas mensagens de pessoas que precisavam de diálogo, e falei e ajudei como consegui. Porque sei o quão é difícil passar por isto e não ter alguém que nos perceba mesmo. Os conselhos que posso dar são dois e são simples: Amem-se muito. A vocês mesmos. Façam exercícios pessoais, como eu fiz. Por exemplo, cinco minutos diários em frente ao espelho a apreciar cada detalhe nosso. Por muito que custe, que magoe, vale a pena. Os primeiros dias foram complicados, porque eu detestava olhar para mim mesma, mas depois passei a adorar. Aprendi a valorizar-me. O segundo conselho, que não é bem um conselho, mas sim um pedido: não deixem que ninguém vos destrua. Não deixem ninguém ditar o que são, não deixem que ninguém vos faça perder o amor por vocês próprios. Porque o amor dos outros nem sempre compensa ou vale mais que o nosso. Tenham as pessoas certas na vossa vida. Pessoas que vos façam felizes. E saiam à rua, espalhem sorrisos e gargalhadas, porque alegria atrai alegria. E as boas energias cultivam-se! Aprendam a gostar de vocês e a serem felizes, para que nada vos derrube. E se um dia tiverem maus pensamentos, não os ignorem. Falem sobre eles com alguém, expulsem-nos, para que não vivam mais na vossa cabeça. E nós somos capazes de tudo, lembrem-se.
Quais são os teus planos para o futuro?
Sinceramente? Pode parecer muito ridículo é clichê, mas, acima de tudo, tenho o plano de ser feliz. De pôr o coração em tudo o que digo ou faço. Porque de resto, acredito que tudo virá consoante as minhas atitudes. Quero muito ter trabalho tanto na música como na moda e quero estar em constante desafio. Sei que assim sou feliz. E espero que estes planos possam ser cumpridos.
Muito obrigada, Milene! Desejo-te muita sorte e que todos os teus sonhos se concretizem!
Obrigada! ️
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Imagens Milene Sofia e media.rtp.pt