À Conversa com Paulo Cordeiro
Paulo Cordeiro apresenta o Vol. 1 do projeto Sementinha Musical, que tem como objetivo motivar as crianças à comunicação e à socialização, com a ajuda daqueles que mais gostam delas, brincando com a música.
Canções como: Tic Tac, Cai Cai Balão, O Comboio, O Brinquedo e muitas outras vão encher de alegria as atividades de todas as crianças.
Para saber mais sobre este projecto e o seu mentor, aqui fica a entrevista a Paulo Cordeiro:
Quem é o Paulo Cordeiro?
O Paulo Cordeiro é um rapaz que nasceu numa pequena aldeia do concelho de Alcobaça.
Aos 13 anos começa a aprender música na Sociedade Vestiarense, inicia os seus estudos com um instrumento um pouco invulgar no panorama musical, chamado Bombardino (eufónio).
Mais tarde começa os seus estudos no trombone de vara, instrumento de eleição, até aos dias de hoje. Faz a formação superior, via ensino da música (trombone) e começa a dar as suas primeiras aulas de trombone no Conservatório do Baixo Alentejo (Beja).
Em paralelo e para equilibrar o seu orçamento mensal, inicia o ensino da música a idades precoces.
Deparando-se com alguns obstáculos de obtenção de material didático, começa por construir o seu próprio material para as suas aulas, fazendo adaptações, arranjos musicais e originais para os mais pequenos.
Segue a paixão de compor canções infantis interativas, para crianças à medida da sua necessidade.
Em que momento surgiu a sua paixão pela música?
Desde muito pequeno, o Paulo Cordeiro gostava de aprender a tocar um instrumento musical, mas não tinha possibilidades económicas para o fazer.
O Paulo é, para além de músico, professor. De que forma é que a música e o ensino se podem complementar?
Na minha opinião, o músico precisa de tocar, mas nem sempre é possível fazer vida a tempo inteiro, só como instrumentista e precisa de ensinar para completar o seu equilíbrio financeiro e familiar. No meu caso, não será só por questões financeiras, mas também a paixão pelo ensino.
Pode-se dizer que o trombone é o seu instrumento de eleição?
Sim, é o meu instrumento de eleição. Sendo um instrumento pouco usual, gosto mostrar aos alunos e aos mais “preconceituosos”, que este instrumento tem muitas potencialidades que muitas das vezes não sobressaem à primeira vista e para isso tento usar outras estratégias, usando como por exemplo, uma loop station com o trombone, na execução de temas que marcaram gerações, como por exemplo "Viva la vida", dos Coldplay, "Girls Like You", de Maroon 5, "Havana", de Camila Cabello, "Say you won’t go", de James Artur, entre outros.
Como é que nasceu o projeto “Sementinha Musical”?
O projeto “Sementinha Musical” nasce no momento que inicio as aulas a crianças com idades precoces. Ao iniciar estas aulas, sinto que não sei passar a mensagem musical aos alunos.
Tento arranjar estratégias novas, como por exemplo, jogos musicais, arranjos de temas conhecidos, adaptações musicais, etc.
A procura exaustiva de material novo, leva-me a perceber que existe uma grande lacuna de material didático, para estas idades, pelo menos no nosso país.
Existiam cd’s infantis, mas recorrendo na sua maioria das vezes às canções tradicionais, já muito usadas. Com todo o respeito que tenho pelas mesmas, pensei que seria útil para mim, fazer o meu próprio repertório, usando novas músicas e instrumentais e assim, podendo também partilhar com os professores, os pais, avós ou qualquer outra pessoa que tivesse com a criança.
Qual é o principal objetivo do “Sementinha Musical ”?
É partilhar as músicas e a minha paixão por construir novas estratégias de ensino, que complemente o ensino escolar no crescimento de todas as crianças.
Este projeto destina-se a bebés e crianças até aos 5 anos. Existem diferenças significativas na forma como os mais novos absorvem a música que lhes chega, consoante as idades de cada um?
Sim, existe!
Eu posso usar a mesma música em idades diferentes, mas para isso devo usar também diferentes estratégias de ensino. As crianças têm formas diferentes de escutar, de criar e explorar os sons que as rodeiam, dependendo da sua vivência quotidiana e do seu nível de desenvolvimento.
Para além do “público-alvo” – bebés e crianças – este projeto didático dirige-se também aos pais e/ou educadores?
Sim!
Este é um projeto que só está completo, quando a criança está com um adulto. As músicas, são construídas, por forma, a que exista sempre interação entre a criança e o adulto.
Na sua opinião, o que faz falta às crianças, na aprendizagem, nos dias que correm, e o que têm hoje de benéfico, que antes faltava?
Na minha opinião, hoje em dia a criança tem falta de liberdade para criar autonomamente. É demasiadamente protegida, com muitas limitações, muitas vezes não existindo espaço para crescer, brincar e aprender ao seu próprio ritmo.
Por outro lado, existe mais informação, mas que muitas das vezes são os adultos a fazerem as escolhas pelas crianças e a não deixarem que estas, aprendam pela descoberta e pelo erro.
No passado, a grande dificuldade, era o acesso ao conhecimento, levando os próprios pais a construírem para os seus filhos os materiais didáticos, recorrendo ao que lhe era mais próximo.
Exemplo disso era, a aprendizagem de canções aprendidas oralmente por gerações e gerações, construção de cavalinhos com cabos de vassoura, carro de rolamentos, etc. A criança crescia de uma forma mais natural e mais autónoma.
“Sementinha Musical 1” foi editado a 5 de julho em formato digital. Qual é o próximo objetivo a cumprir?
O próximo objetivo é o de continuar a “semear” este projeto, levando-o, o mais longe que conseguir, partilhando e desfrutando do gosto de criar estratégias de ensino que vá complementar o crescimento e desenvolvimento da criança.
De que forma é que o público poderá acompanhar o Paulo Cordeiro?
Neste momento, o público poderá acompanhar o Paulo Cordeiro, nas sessões para bebés que vão acontecendo por este pais, oficinas musicais para escolas e colégios, nas redes sociais, nas plataformas digitais e também em concertos.
Neste momento leciona, trombone e música para bebés no Conservatório de Música de Sintra.
Muito obrigada!
Nota: Esta conversa teve o apoio da editora Farol Música, a qual cedeu também a imagem e o audio.