A ganância das pessoas
Perto de onde vivo existe um recinto público com ameixoeiras.
Neste momento, elas estão carregadas de ameixas, embora a maior parte ainda não muito amarelas.
As que estão do lado mais virado para o sol, amadurecem mais depressa mas, ao mesmo tempo, estão menos acessíveis, seja porque os seus ramos estão mais altos, seja porque caem para o lado de fora da grande muralha, a que não se consegue chegar.
As que estão do lado de dentro, apanham menos sol e, por isso, ainda estão meio esverdeadas.
No entanto, à semelhança de outros anos, raramente as vemos amarelas porque as pessoas apanham-nas antes.
Chegam a levar escadotes, e sacos para encher, até não restar nenhuma.
Este ano, por enquanto, isso não tem acontecido muito.
Eu própria, que passo lá diariamente, por uma ou duas vezes fui lá apanhar meia dúzia, para provar.
Se todos levarmos um pouco, dá para muita gente, e é uma forma de não se estragarem, caídas no chão.
Mas há quem não pense assim.
A ganância das pessoas é incrível.
Numa das tardes em que estava a regressar a casa, estavam duas mulheres a carregar uma caixa de madeira cheia de ameixas, a maior parte verdes, para o carro.
Quando estavam a despejar as ameixas para a mala do carro, espalharam uma boa parte delas pela estrada fora.
Uma das mulheres dizia "ai minhas ricas ameixas, até as do meu quintal já andam aí estrada fora".
Ou seja, uma delas até tinha, supostamente, ameixoeiras no seu quintal, mas ainda veio apanhar mais a outro lado!