A Luz Que Brilha, de Danielle Steel
Danielle Steel, quem é?
Eu só a conhecia como escritora de romances. Alguns dos quais já li. Muitas vezes semelhantes uns aos outros, e sem nada a acrescentar.
Não é, por certo, uma das autoras que entre na minha lista dos favoritos. E pouco mais sabia sobre ela.
Este livro, tenho-o há anos em casa. Veio de oferta, na compra de outro e, até há uma semana atrás, ainda tinha o plástico com que chegou às minhas mãos.
Apetecia-me ler, e era o único livro à mão, e à vista, que ainda continuava por ler, por isso, lá peguei nele.
O primeiro "choque" foi perceber que Danielle é mãe de muitos filhos, quase uma equipa de futebol, e com pouca diferença de idades entre eles: Beatrix (sim, é mesmo com "x"), Nick, Vanessa, Zara, Samantha, Victoria e Maximillian. E ainda mais dois, emprestados, filhos do seu ex-marido John - Todd e Trevor.
O segundo, foi perceber que, mesmo uma autora de romances com finais felizes, teve vários relacionamentos (cinco) que não resultaram.
O terceiro, e talvez o mais importante, foi perceber como Danielle é, no fundo, uma mulher como qualquer uma de nós e, ainda assim, uma mulher e mãe de coragem, numa luta real e ingrata, a enfrentar os obstáculos com que muitas pessoas, nessas situações, também se deparam, sem poder fazer muito mais, mas sem querer desistir.
Nick Traina, o seu segundo filho, desde sempre sofreu de psicose maníaco-depressiva, mas foram precisos muitos anos, muitos problemas, muitos internamentos, muitos médicos, muita medicação, muitas angústias e incertezas, até obter o tão ansiado diagnóstico, a partir do qual saberiam melhor com o que lidavam, e como poderiam agir dali em diante.
Para cuidar do filho, ajudar a minimizar os efeitos e as consequências do problema que o afectava, e tentar proporcionar-lhe uma vida o mais normal possível, Danielle acabou por negligenciar muitas vezes os restantes filhos, já que aquele lhe exigia todo o seu tempo e atenção.
Após internamentos, programas especiais, escolas específicas, assistentes particulares e outras soluções que resultavam a curto prazo, mas logo se mostravam inúteis ou prejudiciais, Nick acabou por ir viver com a amiga da mãe, que sempre o ajudou - Julie - outra mulher de coragem, que também colocou, muitas vezes, Nick, à frente da sua vida e família.
Danielle teve, assim, que lidar com uma legião de filhos, com várias relações fracassadas, com a sua carreira enquanto escritora e fama que daí adveio, com a sua vida exposta em jornais e revistas nem sempre de forma positiva, e com a doença do filho, sem perder a sua sanidade mental, o foco, e a esperança de que Nick superasse a doença.
E se Nick foi uma criança complicada e, mais tarde, um adolescente problemático, também é verdade que era um jovem encantador, que conquistava quem com ele privasse, e conseguiu até ter alguma estabilidade, e carreira musical, como membro fundador das bandas Link 80 e Knowledge (sim, as bandas existiram mesmo).
Só que a doença contra a qual lutava mostrou-se mais forte e, após tentar o suicídio algumas vezes, acabou mesmo por pôr termo à vida, com apenas 19 anos.
Este livro é sobre a história de Nick, daquilo por que passou, do que enfrentou, do que o dominou, e do que o levou deste mundo.
É a história de uma mãe que sabia que algo se passava com o seu filho, mas nunca teve a noção da dimensão do que o problema significava.
E que nunca pensou que, um dia, essa diferença significasse uma sentença de morte.
Danielle Steel lançou o livro em 1998, um ano após a morte do filho, e as receitas do livro foram usadas para fundar a Nick Traina Foundation, que Danielle administra, para financiar organizações dedicadas ao tratamento de doenças mentais.
Álbuns com os Link 80
17 Reasons (1997)
Killing Katie (1997)
Com os Knowledge:
A Gift Before I Go (1998)