"A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista", na Netflix
Embora o título o possa sugerir, este não é um filme sobre matemática aplicada ao amor.
Na verdade, é mais sobre como, por mais cálculos que se façam, por mais que se tente converter ou reduzir tudo em meros números, percentagens e estatísticas, no que respeita a sentimentos e emoções, esse método, simplesmente, não funciona.
De qualquer forma, o romance entre os protagonistas não é o foco principal do filme, até porque pareceu tudo demasiado fácil, e conveniente, sendo que as poucas dificuldades, com que se depararam, quase não interferem na história.
Hadley e Oliver apanham o mesmo voo para Londres.
Por "obra do destino", conhecem-se e apaixonam-se.
No entanto, à chegada, separam-se. Cada um tem os seus compromissos e, apesar de não deixarem de pensar um no outro, não têm forma de saber onde estão, nem de se contacterem.
Hadley irá ao casamento do seu pai, com uma mulher que não conhece.
Desde o divórcio que pouco fala com o pai, com quem tinha uma óptima relação, e sente que ele não lutou por ela, pela mãe e pela família.
Aliás, Hadley não percebe porque é que as pessoas se casam uma segunda vez, prometendo as mesmas coisas que da primeira, se não pretendem cumprir nada daquilo, quebrando-as constantemente. Tão pouco percebe porque tem, o amor, que ser ostentado e exibido para toda a gente, com uma grande festa, uma grande cerimónia, quando o verdadeiro amor, na sua opinião, é tão mais simples.
Mas, talvez, esta seja a oportunidade para Hadley ver as coisas de uma outra forma e, quem sabe, dar uma nova oportunidade ao pai.
Uma coisa é certa: por mais que acreditemos que, ao ter cometido erros numa primeira relação, aprendemos, e já não os vamos repetir numa nova história, as coisas não funcionam bem assim. Porque a nova pessoa não é a primeira, logo, a relação também será diferente e, por isso mesmo, podemos não cometer aqueles erros, mas cometer outros. Ou seja, nunca haverá uma garantia de que a segunda relação (ou as que vierem a seguir) irão resultar.
Se, ainda assim, vale a pena tentar, é outra conversa, e caberá a cada um decidir.
Oliver veio a Londres para a homenagem fúnebre, em vida, da sua mãe.
A estudar estatísticas em Nova Iorque, Oliver veio participar em algo que todos nós deveríamos fazer, ou ter direito, quando realmente sentido.
Porque de nada adianta, depois da pessoa morrer, dedicar-lhe palavras bonitas que ela já não irá ouvir.
Tessa lutou, há vários anos, contra um cancro. Uma luta que parecia ter vencido. Mas a vida trocou-lhe as voltas e, agora, ele voltou e Tessa está condenada.
Oliver não consegue aceitar que a mãe tenha desistido da quimioterapia, que lhe daria mais alguns meses de vida. A típica atitude egoísta de quem não sabe o que a pessoa doente sofre, só desculpável porque é apenas a saudade a falar mais alto.
É isso mesmo que Tessa explica ao filho: de que não adiantaria viver mais uns meses, doente, debilitada, sem ser ela própria, quando, no fim, morrerá na mesma.
Ela prefere viver o tempo que lhe sobra à maneira dela, e isso inclui esta homenagem, sob o tema de Shakespeare, em que junta família, amigos e pessoas que lhe querem bem, para uma despedida divertida.
Quanto ao casalinho, Hadley e Oliver, como já tinha referido, foi tudo demasiado fácil, e essa foi a parte que menos me cativou.