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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

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"A Rapariga da Cabana", na Netflix

Depois da Cabana (2023) - Netflix | Flixable

 

"A Rapariga da Cabana" é uma série alemã, de apenas 6 episódios, baseada no livro de Romy Hausmann.

 

Uma mulher consegue fugir do cativeiro em que foi mantida, e está agora no hospital, após ter sido atropelada durante a fuga.

Com ela, está Hanna, uma menina de 12 anos que se julga ser sua filha.

Este acontecimento vem reabrir um caso por resolver há 13 anos, quando Lena Beck desapareceu misteriosamente, sem nunca ter sido encontrada.

No entanto, a mulher do hospital, que diz chamar-se Lena, não é a verdadeira Lena. E, apesar de Hanna a chamar de mãe, a verdade é que ela não o é.

Então, quem é aquela mulher? 

 

E quem é, realmente, Hanna?

Uma menina que nunca viu a luz do dia, mas com uma inteligência de fazer inveja a muita gente, e conhecimentos que ninguém imaginaria, na idade dela.

Uma menina que parece uma máquina, programada para funcionar de determinada forma, sem erros, o que faz com a maior facilidade.

Uma menina capaz de mostrar algum sentimento, de criar laços mas, ao mesmo tempo, uma menina que, apesar de tão nova, já parece revelar alguns traços de psicopatia.

Fará parte da sua natureza, ou será resultado de uma tal lavagem cerebral, levada a cabo pelo raptor ao longo de toda a sua vida, que agora é difícil de apagar?

 

Quem vê Jonathan, irmão de Hanna, e a própria Hanna, a forma como agem, e a personalidade de cada um deles, poderá pensar que o primeiro é o elo mais fraco, o mais vulnerável, o mais frágil. Afinal, tanto o pai como a irmã o viam assim.

Mas talvez seja, por isso, que é também o mais sensível, o que mais desperta empatia, e o que melhor se adaptará à vida fora da cabana, por não estar tão formatado. Por nunca ter sido o "preferido" e, talvez por isso, não haver altas expectativas para ele.

 

A determinado momento, percebemos que Lena é uma referência. Um ritual a cumprir para manter a família unida. Uma mulher para o raptor. Uma mãe para os miúdos.

Percebemos que a primeira Lena, a verdadeira, a mãe de Hanna e Jonathan foi sendo, ao longo dos tempos, substituída por outras mulheres, outras "Lena", que se assemelhassem o mais possível à original. Que seguissem as regras, para não serem castigadas. Ou mortas...

 

Não se sabendo o que aconteceu a Lena Beck, aquela mulher é a primeira a escapar do monstro.

Resta saber até que ponto ela, realmente, escapou dele, fisica e psicologicamente.

E, até que ponto, enquanto o raptor tenta juntar a "família" numa nova "casa", estará Hanna aliada a ele, ou contra ele?

Ou sem ter sequer essa noção, agindo numa intersecção entre os dois planos...

 

Para já, vai para a personagem Hanna, e para a actriz que lhe deu vida, todos os aplausos pelo excelente trabalho!