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Marta O meu canto

Guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, que ficam arrumados numa gaveta fechada... Abri essas gavetas, e o resultado é este blog!

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"Até Sempre, Meu Amor", de Lesley Pearse

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Ellie e Bonny não poderiam ser mais diferentes, em todos os sentidos.

Ainda assim, viriam a ter muito mais em comum, do que pensavam.

Quis o destino que as duas se viessem a conhecer, e a trabalhar juntas, na concretização dos respectivos sonhos.

E nasceu uma amizade improvável, que foi sobrevivendo ao passar dos anos.

Seria mesmo amizade, aquilo que as unia?

 

A mim pareceu-me que ambas se juntaram pela semelhança das circunstâncias em que se encontravam, pelo sonho comum, pelo apoio e força que iam buscar uma à outra.

Com Bonny, sem dúvida, a pedir muito mais de Ellie, do que o contrário, e a falhar muitas vezes, quando Ellie precisava.

Poder-se-ia dizer, até, que Bonny prejudicava mais Ellie, do que ajudava.

Ainda assim, nenhuma se conseguia afastar da outra, nem romper a ligação.

 

Bonny era a menina mimada, caprichosa, aventureira, habituada a fazer tudo o que queria, à sua maneira, a manipular as pessoas consoante os seus interesses, até mesmo a utilizá-las para seu benefício, enquanto assim o entendesse, descartando-as quando já não precisasse delas.

Ellie, era bondosa, amiga, ingénua, divertida, confiava e tentava ver sempre o melhor nas pessoas. Era leal, e tinha tendência a pensar mais nos outros, que em si própria.

À medida que os anos vão passando, elas percebem que, à excepção de meia dúzia de pessoas, só podem contar mesmo uma com a outra, para o bem e para o mal. E estiveram lá, até ao fim.

Talvez também isto seja amizade.

 

O passado foi doloroso e complicado para ambas, mais para Ellie mas, ainda assim, não as definindo para sempre, conseguiu transformá-las nas mulheres em que se viriam a tornar.

Se tivesse que definir esta história, baseada na Ellie, em duas palavras, seria superação e abdicação.

Superação por tudo o que de mau lhe aconteceu, por tudo o que perdeu, e abdicação, por tudo o que teve que abrir mão, pelo desejo de concretizar o seu sonho.

Já quanto a Bonny, seria, acima de tudo, irresponsabilidade e maturidade. Foi incrível ver como a menina que faria tudo para ser bailarina, e ter na mão quem ela quisesse, sem olhar a meios para atingir os seus fins, se transforma numa mulher que em nada faz lembrar quem ela outrora foi.

 

"Até Sempre, Meu Amor" poderia ser uma história sobre uma despedida amorosa, ou sobre a separação de duas amigas. Mas não. Embora, no fundo, estes factores também estejam presentes, o segredo é bem mais poderoso.

É uma despedida de alguém muito especial que, para o bem de todos, nunca deverá saber a verdade sobre as suas origens.

Talvez não seja possível compreender, aceitar ou, mesmo, perdoar. Talvez seja mais fácil julgar, condenar, abominar aquela decisão final. 

Mas "Até Sempre, Meu Amor" é, ainda assim, uma história de amor. De amor a uma mãe. De amor a uma tia. De amor ao sonho. De amor à sua amiga. De amor a uma filha. E, sobretudo, de amor a si mesma. 

 

Gostaria de ver esta história continuada, à semelhança do que a autora fez anteriormente, com outras como a de Belle.

Queria ver o crescimento de Camellia, a descoberta da verdade, e como ela reagiria a tudo. Queria ver a felicidade brindar a Ellie, para variar.

E, quem sabe, assistir a um pouco mais da nova Bonny, nas décadas seguintes.