Culpa, de Jeff Abbott
Não é à toa que sou fã de Jeff Abbott, e ele mostrou, mais uma vez, que é merecedor dessa lealdade e preferência.
E que é possível, haja talento e imaginação, inovar e escrever algo totalmente diferente daquilo a que me tem vindo a habituar, e continuar a manter a fasquia alta, superando as expectativas.
Jeff Abbot é, por norma, sinónimo de espiões, perseguições, adrenalina, acção, muito mistério.
Mesmo que mudem as personagens, e a história seja outra, estes ingredientes não faltam.
Mas, por vezes, presenteia os leitores com algo um pouco diferente, ainda que mantendo o estilo.
Aconteceu com Beijo Fatal, que li há precisamente um ano (ele há coincidências), e voltou a acontecer agora, com Culpa!
Viver com a culpa de algo que fizemos já é mau. Viver com a culpa de algo que sabemos que não fizemos, mas de que somos acusados, é péssimo. Mas, viver com a culpa de algo de que não sabemos se somos ou não culpados, embora todos nos apontem o dedo, porque, simplesmente, perdemos a memória e não njos lembramos de nada, deve ser terrível.
Como o autor faz ver, a determinado ponto do livro, quando uma pessoa sofre de amnésia e não se lembra de nada da sua vida, todos aqueles que lhe são próximos, e mesmo todos aqueles que nos querem mal, podem reescrever a nossa história à sua maneira, e como mais lhes convém, brincando com a nossa vida como se fossemos marionetas nas suas mãos. Contando mentiras, fingindo algo que não são, ocultando segredos...
Jane e David eram amigos, vizinhos e colegas de escola.
Um dia, tiveram um acidente de carro. Ele morre. Ela sobrevive. Mas acordou sem memória. Não se recorda dos últimos três anos da sua vida, nem do acidente.
No local onde tudo ocorreu, um bilhete de suicídio escrito por ela. E duas vidas destruídas. Uma pela morte. A outra pela rejeição, pela hostilidade e pela culpa de ter arrastado para a morte o seu amigo.
Todos lhe viram as costas, e quem está ao seu lado parece não o fazer pelos motivos certos.
No dia em que faz dois anos que tudo aconteceu, surge uma mensagem que se mostra fundamental, ainda que o objectivo não fosse esse, para a descoberta de toda a verdade.
Alguém parece saber o que, de facto, se passou naquela noite. Alguém que pode ilibar Jane e, ao mesmo tempo, apontar para outro culpado: "Todos vão pagá-las!".
As vítimas desta vingança sucedem-se, desde os paramédicos que auxiliaram Jane, aos amigos que viram os seus nomes presentes nos relatórios policiais.
Jane acha que pode ser Perri, mãe de David. E esta acha que só pode ser Jane, ou a sua mãe, a autora dos posts e mensagens, sob o nome de Liv Danger.
Os amigos de Jane parecem todos esconder algo dela.
A sua mãe parece querer interná-la à força.
Mas Jane não se irá deixar intimidar, e dará início à sua própria investigação, para chegar à dura verdade sobre o que verdadeiramente aconteceu, se o acidente foi mesmo uma tentativa sua de suicídio, ou se foi provocado por alguém que poderá estar mais próximo dela do que imagina.
E se a resposta a arrastar para a morte? À morte a que conseguiu escapar há dois anos atrás?
Depois da saga da personagem Sam Capra, tinha algum receio de não me entusiasmar por um novo livro diferente do autor, mas ele conseguiu calar-me, surpreender-me, e ficar ansiosa pelo próximo!