De críticos e juízes, todos temos um pouco...
E, por norma, a tendência é, quase sempre, condenar.
Mesmo sem saber. Sem ter conhecimento dos factos. Sem ouvir as duas partes.
Criticar. Demonstrar que nunca faríamos tal coisa. Que nunca agiríamos assim.
Mas, por vezes, não existe o certo ou o errado. O bem ou o mal. O correcto ou o incorrecto.
Por vezes, não existe culpa. Não existem culpados.
Nem todas as situações têm que ser objecto de julgamento. Nem todas são, sequer, passíveis de julgamento.
São apenas diferentes formas de estar, de viver, de pensar, de agir.
Por vezes, são apenas infortúnios. Coisas que não se poderiam controlar, ou evitar.
Ainda no outro dia, a propósito do acidente que vitimou a Sara Carreira, vi dezenas de comentários a dizer que teria sido por excesso de velocidade, que não deveriam estar a fazer uma condução segura, que já não era a primeira vez que iam a mais de 200km/ hora na autoestrada, que nem sequer deveriam andar na estrada àquela hora, e por aí fora.
Pois bem, numa manhã de um dia de verão, com sol, visibilidade perfeita, estrada em boas condições, e a uma velocidade normal, íamos nós a caminho de um dia de praia, em plena autoestrada, quando um camião achou por bem vir contra nós. Bateu-nos a primeira vez, obrigando-nos a desviar. Da segunda vez, embatemos no raid, que nos fez perder o controlo do carro, tendo o mesmo capotado e ido parar às faixas do meio.
Por sorte, nenhum outro carro nos bateu, enquanto lá estávamos dentro.
Por sorte, nenhum outro carro nos atropelou, quando saímos do carro, sem qualquer noção se estávamos a sair para o lado dos carros, ou para o lado do raid.
Por sorte, o carro não se incendiou.
Por sorte, mais nenhum carro esteve envolvido no acidente.
Portanto, até mesmo com uma condução segura estamos sujeitos a que aconteçam acidentes, e é apenas uma questão de sorte, ou azar, a forma como deles saímos.
Como é óbvio, se quem estiver na estrada tiver o azar de apanhar um piso escorregadio, lençóis de água, pouca visibilidade, uma estrada já de si perigosa, ou qualquer outra condicionante que possa agravar a situação, pior ainda.
Ainda na sexta-feira a mãe de umas colegas da minha filha, teve um acidente que, felizmente, só provocou ferimentos ligeiros.
Ninguém está livre. Pode calhar a qualquer um.
Como diz o ditado "Nunca digas nunca".
Por isso, o que tiver que ser apurado, julgado, responsabilizado, há-de sê-lo, mais cedo ou mais tarde, por quem de direito.
E o que não tem que ser, porque havemos de querer nós, que o seja à força?