Dia Mundial da Criança
(o futuro das crianças ou as crianças do futuro)
“Todos nós temos uma criança dentro de nós”, dizem.
Acredito que sim.
Que tenhamos um pouco daquela criança que um dia fomos, e que venha ao de cima de vez em quando.
Quando queremos brincar, descomprimir, rir.
Quando sonhamos acordados, ainda que os nossos sonhos pareçam impossíveis ou mirabolantes.
Quando estamos perto das verdadeiras crianças, sejam elas filhos, sobrinhos, conhecidos ou, simplesmente, estranhos que nos aparecem pela frente.
Ou, por exemplo, quando fazemos birra, tal como quando éramos pequenos.
Dizem que são os melhores anos. Aqueles que deixam mais saudades. Aqueles em que as obrigações ficam para os adultos.
Há quem nunca deixe de ser criança. Quem não cresça. Quem não evolua. Quem não saiba ser adulto. Quem viva numa eterna infância.
E, depois, há crianças a quem não foi permitido sê-lo. Que, há muito, foram obrigadas a crescer e tornar-se adultas.
Dizem que as crianças são inocentes. Puras. Que não sabem mentir.
E, no entanto, vemos tantas crianças maldosas. Que já vêm com a manha toda, sem sabermos onde a aprenderam.
Vemos tantas crianças que já viram tanto. Que já passaram por tanto. Que já sofreram tanto, e que ficam marcadas para sempre.
Dizem que uma criança feliz será um adulto feliz.
Ou que uma criança problemática será um adulto problemático.
Não me parece.
A nossa infância marca-nos, de uma forma ou de outra, mas não nos define, daí em diante.
Tanto podemos ser uma cópia fiel, ou aproximada, em versão adulta, daquela que fomos em criança, como alguém totalmente diferente, para melhor ou para pior.
Dizem que as crianças são o futuro. E que nelas está depositada a esperança de um mundo melhor, o futuro da humanidade.
As crianças de agora, serão os adultos de amanhã.
Tal como nós, adultos de agora, fomos as crianças do passado.
Cada um com o seu contributo. Cada um com a sua missão.
Juntos, ou separados.
Hoje é o Dia Mundial da Criança!
Das que o são, e dos que as guardam dentro de si.
Das que o podem ser. E das que deixaram de ser.
Das que têm a sorte de o poder ser. E das que tiveram a pouca sorte de ser obrigadas a crescer.
Das que ainda vivem. E das que já partiram.
De todas!